Os escravos Iria e Luiz

Era viúva em Quixeramobim, Joaquina Eufrazina de Almeida, esta, mantinha um caso amoroso com Thomaz Pinto Pereira, que sempre a visitava em horas impróprias da noite. Em certa ocasião, este esbofeteou a mulata Iria, escrava estimada pela viúva. Revoltada, Iria procura o preto Luiz, escravo que mantém grande amor por ela, mas esta sempre o rejeitou, sem jamais corresponder a um carinho seu, ela promete, que se ele matar Thomaz atenderá aos desejos dele.  Cheio de esperança e movido pelo amor que sentia pela maliciosa Iria, trata de armar um plano. Como já era sabido, Thomaz sempre visitava a viúva durante a madrugada, então, na noite do dia 6 de dezembro de 1836, Luiz arma uma emboscada e quando o outro segue para  a costumeira visita, é assassinado com 14 facadas, a mesma faca que a vítima havia lhe pedido para amolar. Durante o ataque, Thomaz ainda consegue gritar “Quem me mata é Luiz, escravo de João Pimenta”.

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CASAL DE ESCRAVOS PINTADOS POR RUGENDA

O inquérito foi instaurado,  e concluído em 19 de maio de 1937. No Mesmo mês, dia 27, foram a julgamento Iria e Luiz. A sessão foi presidida pelo Juiz Dr. Antonio José Machado, pelo promotor público Geraldo Correia Lima e pelo escrivão Raymundo Cândido Ferreira Chaves. Luiz foi condenado a pena de morte e Iria a prisão perpétua com trabalho nas cadeias de Pernambuco. Os réus recorreram ao júri da capital da província, que manteve o veredito.

No dia 17 de março de 1840, aos 28 anos, após se confessar e comungar, Luiz foi encaminhado para a execução, o condenado seguia algemado, sem chapéu, vestido com uma camisa branca e calça de riscado de listas vermelhas, ladeado pelo Padre Antonio Francisco Sampaio e o seminarista José Bento Barbosa, que conduzia na mão a imagem de Cristo. Na hora da execução, sendo necessário vendar os olhos de Luiz, o juiz municipal Alexandre Caminha, forneceu um lenço branco de uso pessoal. O enforcamento se deu as 9 horas da manhã.

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Patíbulo

A escrava alforriada Ignácia era cega e mãe de Luiz, na hora da execução encontrava-se na casa do farmacêutico José Teixeira Castro, que ficava bem na frente  ao patíbulo. Rompendo-se em lágrimas, tinha a pobre mãe, diversas síncopes, enquanto se realizava o suplício do filho, verificou-se também pranto entre os observadores do enforcamento.

Luiz foi enterrado na capela de Nossa Senhora do Rosário dos pretos, Construída e frequentada pelos escravos, naquela cidade.

Fonte: Revista do Instituto do Ceará – A pena de morte em Aracaty
jaqueline Aragão Cordeiro

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