Antonio Conselheiro

Antônio Vicente Mendes Maciel nasceu na Vila do Campo Maior, na cidade de Quixeramobim, no dia 13 de março de 1830  e faleceu em Canudos, no dia 22 de setembro de 1897, era mais conhecido na História do Brasil como Antônio Conselheiro.

Figura carismática, adquiriu uma dimensão messiânica ao liderar o arraial de Canudos, um pequeno vilarejo no sertão da Bahia, que atraiu milhares de sertanejos, entre camponeses, índios e escravos recém-libertos, e que foi destruído pelo Exército da República na chamada Guerra de Canudos em 1897. A imprensa dos primeiros anos da República e muitos historiadores, para justificar o genocídio, retrataram-no como um louco, fanático religioso e contra-revolucionário monarquista perigoso.

Em 1857, Antônio casa-se com Brasilina Laurentina de Lima, jovem filha de um tio do mesmo. No ano seguinte, o jovem casal muda-se para Sobral, onde Antônio Vicente passa a viver como professor do primário, dando aulas para os filhos dos comerciantes e fazendeiros da região, e mais tarde como advogado prático, defendendo os pobres e desvalidos em troca de pequena remuneração. Passa a mudar-se constantemente, em busca de melhores mercados para seus ofícios; primeiro vai para Campo Grande (atual Guaraciaba do Norte), depois Santa Quitéria e finalmente Ipu, então um pequeno povoado localizado bem na divisa entre os sertões pecuaristas e a fértil Serra da Ibiapaba.

Em 1861, flagra a sua mulher em traição conjugal com um sargento de polícia em sua residência na Vila do Ipu Grande. Envergonhado, humilhado e abatido, abandona o Ipu e vai procurar abrigo nos sertões do Cariri, já naquela época um pólo de atração para penitentes e flagelados, iniciando aí uma vida de peregrinações pelos sertões do nordeste.

Em 1876, já famoso como “homem santo” e peregrino, Antônio Conselheiro é preso nos sertões da Bahia, pois corre o boato de que ele teria matado mãe e esposa. É levado para o Ceará, onde se conclui que não há nenhum indício contra a sua pessoa: sua mãe havia morrido quando ele tinha seis anos. Antônio Conselheiro é posto em liberdade e retorna à Bahia.

Em 1893, cansado de tanto peregrinar pelos sertões e então sendo um “fora da lei”, Conselheiro decide se fixar à margem Norte do rio Vaza Barris, num pequeno arraial chamado Canudos. Nasce ali uma experiência extraordinária: em Bello Monte (como a rebatizou Antônio Conselheiro, apesar de encontrar-se num vale cercado de colinas), os desabrigados do sertão e as vítimas da terrível seca  de 1877, eram recebidos de braços abertos pelo peregrino. Era uma comunidade onde todos tinham acesso à terra e ao trabalho sem sofrer as agruras dos capatazes das fazendas tradicionais. Um “lugar santo”, segundo os seus adeptos. Os grandes fazendeiros e o clero sentem que seu poder está sendo ameaçado, e começam a se articular em busca de uma “solução” ao problema.

Em 1896, ocorre o episódio que desencadeia a Guerra de Canudos: em 24 de novembro deste ano, é enviada a primeira expedição militar contra Canudos, sob comando do Tenente Pires Ferreira. Mas a tropa é surpreendida pelos “fanáticos” de Antônio Conselheiro, durante a madrugada, em Uauá. Após uma luta corpo-a-corpo são contados mais de cento e cinquenta cadáveres de conselheiristas. Do lado do exército morreram oito militares e dois guias. Estas perdas, embora consideradas insignificantes quanto ao número nas palavras do comandante, ocasionaram o retiro das tropas. Em 29 de dezembro de 1896 tem início uma segunda expedição militar contra Canudos. Assim como a primeira, esta expedição foi violentamente debelada pelos Conselheiristas.

Ruínas da Igreja

Em 1897, tem início a terceira expedição contra Canudos; comandada pelo capitão Antônio Moreira César, conhecido como “o Corta-Cabeças”, por suas façanhas “heroicas” na Revolução Federalista, no Rio Grande do Sul. Mas, acostumado aos combates tradicionais, Moreira César não estava preparado para eliminar Canudos, e foi abatido por tiros certeiros de homens leais a Antônio Conselheiro. A tropa foge em debandada, deixando para trás armamentos e munição. Para os conselheiristas, trata-se de uma prova cabal da “santidade” do beato de Belo Monte.

Em 5 de abril de 1897 tem início a quarta e última expedição contra Canudos; desta vez o cerco foi implacável; até muitos dos que se rendiam foram mortos; eliminar Canudos e seus “fanáticos habitantes” tornou-se uma questão de honra para o exército.

Em 22 de setembro de 1897, morre Antônio Conselheiro. Não se sabe ao certo qual foi a causa de sua morte. As razões mais citadas são ferimentos causados por uma granada, e uma forte “caminheira” (disenteria). Em de outubro de 1897, são mortos os últimos defensores de Canudos, e o exército inicia a contagem das casas do arraial.

Sobreviventes do Massacre de 1897

Em 6 de outubro de 1897, o cadáver de Antônio Conselheiro é encontrado enterrado no Santuário de Canudos, sua cabeça é cortada e levada até a Faculdade de Medicina de Salvador para ser examinada pelo Dr. Nina Rodrigues, pois para a ciência da época, “a loucura, a demência e o fanatismo” deveriam estar estampados nos traços de seu rosto e crânio. O arraial de Canudos é completamente destruído.

Em 3 de março de 1905, um incêndio na antiga Faculdade de Medicina do Terreiro de Jesus, em Salvador (BA), destrói a cabeça de Antônio Conselheiro, que lá se encontrava desde o final da guerra de Canudos, em outubro de 1897.

Fonte: Wikipédia
Veja o filme “Guerra de Canudos” de 1997
Leia o livro “Os sertões”, de Euclides da Cunha, que presenciou parte desta guerra como correspondente do jornal “O Estado de S. Paulo”
Fotos tiradas pelo fotógrafo “Flávio de Barros”, a serviço do exército.
Jaqueline Aragão Cordeiro

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