As tribos indígenas do Ceará – Parte 3

A Serra da Ibiapaba era o refúgio seguro para as tribos derrotadas. Ali, dominavam os TOBAJARAS ou TABAJARAS, viviam da pesca e agricultura, eram pacíficos e viviam em paz com os portugueses. Eram chefes das aldeias mais importantes e numerosas da tribo, IRAPUAM e JURUPARYASSÚ, o grande chefe. Em 1604, foi o grande chefe DIABO GRANDE, a alma da resistência contra Pero Coelho, mais tarde, já feita as pazes com os TABAJARAS e conquistadores, foi quem acolheu os padre jesuítas Luiz Figueira e Francisco Pinto. Em 1666, amotinaram-se contra os padres que os assistiam e derrotaram o pelotão do Cabo Manoel Carvalho, que contra eles marcharam.

Também na Serra Grande, eram aldeados os CAMAMÚS, JURAMBAMBÉS, CARUTÍS e os TOCARIJÚS ou CARARIJÚS. Esses últimos foram os assassinos do padre Francisco Pinto em 11 de janeiro de 1608. Os TOBAJARAS, vingando a morte do padre, exterminaram quase por completo a tribo dos TOCARIJÚS.

Entre a Serra da Ibiapaba e da Joaninha, nas cabeceiras do Poty, ficava a bárbara nação dos CARATEÚS, CARETIÚS ou CARATIÚS, a mesma que em 1693, foi derrotada por Fernão Carrilho e em 1704 pelo Capitão-Mor João da Motta.

Ainda ao longo da faixa litorânea do Ceará, viviam os PARNAMIRINS e os POTIGUARAS, estes, guerreiros valorosos e cruéis, talvez até, os mais desumanos dos TUPIS, no início, inimigos declarados dos portugueses e mais tarde, aliados valorosos contra os holandeses. Acompanharam Pero Coelho e depois os jesuítas Luiz Figueira e Francisco Pinto, numerosos flecheiros dessa tribo.

Os POTIGUARAS mantinham seu domínio pela orla cearense, do Rio grande do Norte até a Barra do Ceará. Foi com a proteção do chefe ALGODÃO, que o jesuíta Francisco Pinto, depois do acontecido na Ibiapaba, fundaram a aldeia do Ceará, onde posteriormente de destacaram as aldeias de PORANGABA, PAUPINA e SOURE (CAUCAIA). A vinda dos holandeses ao Ceará deve-se aos índios de Porangaba.

Tivemos ainda os XIXIRÓS, aldeados por Falcão e pelo padre João de Mattos Serra, em 1700; os XOCÓS, que viviam entre Ceará e Paraíba, os QUIPAPAS e os HUMONS no extremo sul do estado; os CABINDAS, os GENIPAPOASSÚS, os JUREMAS, os JURURÚS, os IRAPUÃN de Granja e os CANDANDÚS e QUEREREÚS das cabeceiras do Jaguaribe; os ITANHÁS, os SUCURÚS e os CHORÓS. Apontam-se ainda os GANDANDÚS, os GUAIOS, que usavam flechas com ervas venenosas, os JABURÚS, os PALIÉS, os MANDAUÉS e NAPORÁS, ambos agricultores, os CAMPEÓS, que como muitas outras tribos, usavam a cabeça dos inimigos como troféu; os AQUIGIROS, os QUIPIPAPAUS, os INHAMUNS, moradores das margens do Jaguaribe, entre os QUIXELÔS e os JUCÁS; os ACANHAMAÇÚ, os ANAPERÚ, os QUIXARIÚS, os GUARIÚS, com quem Jorge Correia afirmou ter feito aliança em 1671; os QUEXARÁS, QUIXARÁS ou QUIXADÁS; os PERGA e os PANATICUAREMA, que viviam próximo a capital; Os JAVOS e os JANDUINS ou GENDOINS, índios de corso, quase aniquilados em 1666 pelo Capitão-Mor Tavares de Almeida; os BAIQUIS, derrotados por Teixeira de Mello em 1666.

Havia também, os invencíveis APUJARÉS, TUPIS CRUZADOS e QUIXELÔS. Esses últimos, por volta de 1719 foram aldeados, primeiramente na Missão de Telha, atual Iguatu e em São Mateus. Propensos ao nomadismo e ao furto, como quase todos os CARIRÍS do Ceará, não se satisfaziam os QUIXELÔS com o sedentarismo e a paz que lhe ofereciam os conquistadores, e logo voltavam a vida erradia e vagabunda, a única compatível com seu temperamento irrequieto. Os CANINDÉS e GENIPAPOS foram reunidos para povoar Baturité.

Nenhum estado no Nordeste foi como o Ceará, cenário de lutas violentas entre índios e conquistadores. Hoje, nossos índios lutam pelo reconhecimento, mas o sangue guerreiro corre nas veias de todos os cearenses.

Fonte: Revista do Instituto do Ceará – As tribos indígenas do Ceará
Jaqueline Aragão Cordeiro

2 Replies to “As tribos indígenas do Ceará – Parte 3”

  1. Seria um ótimo trabalho se não estivesse presente no texto, palavras inadequadas e duvidosas como “bárbaros”, “cruéis” e “desumanos” dado os acontecimentos históricos que bem sabemos, o genocídio contra os nativos.

  2. Nada de romantismos. Esse não é um texto de José de Alencar. Gostei de saber sobre o verdadeiro temperamento de nossos indígenas. A verdade da nossa história deveria ser sempre contada.

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