Francisco José de Mattos

Francisco José de Mattos nasceu em Aracati, em 12 de outubro de 1810 e foi um cearense que muito fez por sua terra natal. Filho de família pobre, mas distinta, faltaram-lhe os recursos necessários para que se formasse em medicina, profissão a qual tinha profunda vocação, sobretudo para a cirurgia. Contudo, não desanimou, se não podia ser doutor, seria um doutor na matéria de sua particular predileção, cirurgia.

Aprofundou seus estudos e fez grandes progressos na prática, e em 1836, conseguiu licença do Protomedicato do Recife, para exercer a cirurgia. Seus recursos aumentaram, suas vistas se alargaram, e o horizonte de suas legítimas aspirações saiu dos limites estreitos da pequena Aracati. Mudou-se para a capital em 1839 e de Fortaleza para a corte, no Rio de Janeiro, com o desejo de clinicar. Uma tentativa arrojada para a época, mas que teve feliz êxito. Fez importantes curas nos senadores Alencar e Calmon, depois Marquês de Abrantes, seguiram-se outros personagens ilustres e com isso tornou-se conhecido.

Cabacinha

Francisco Mattos podia ter defendido tese e tirado diploma de doutor na Academia Nacional de Medicina, como tantos outros fizeram, mas preferiu continuar curando doentes. Se algum título emocionava Mattos, este era o de trabalhador. Foi por esta época que resolveu fabricar a suas “Pílulas do Mattos”, que tanto renome lhe trouxe. Para fabricar suas pílulas, Mattos sabia que tinha de voltar ao Ceará, cuja flora conhecia muito bem.

Em 1840 estava de volta a Fortaleza, onde aceitou exercer o cargo de diretor da enfermaria de caridade. Em 1846 iniciou a fabricação das suas pílulas, que foram feitas da junção da “cabacinha” (Luffa operculata) com a “batata-de-purga” (Convolvulus operculata). A partir de então não houve quem não abençoasse as Pílulas do Mattos ou “Piula do Mato”, como era vastamente conhecida pelos cearenses, por suas curas maravilhosas. Foi eleito deputado provincial por três vezes entre 1848 e 1873, membro da Sociedade Auxiliadora da Indústria e Presidente da Câmara Municipal de Quixeramobim.

Batata-de-purga

Apesar de seus esforços Mattos só deixou de herança à sua família, a fórmula da pílula e honrada pobreza. Faleceu em Baturité em 4 de outubro de 1876 vítima de febre perniciosa. A vida continuou e o trabalho farmacêutico do cirurgião Mattos teve continuidade através de seu filho Joaquim  de Alencar Mattos. Em 1905 a Pharmácia e Drogaria Mattos, em Baturité produzia: Pílulas de Mattos, Peitoral Mattos de Jucá e Goma-angico, contra tosse, xarope de Urucú composto (poderoso anti-asmático), Elixir de Velame, Caroba e Manacá, (grande depurativo do sangue e específico da sífilis), Elixir estomacal de Torém, Agua Juvenil para o cabelo, Leite anti-félico para a pele, pó e pasta dentifrícia de Ziziphus e Vitiver e Vinho de Jurubeba, simples e ferruginoso.

O filho do cirurgião Mattos, Joaquim de Alencar Mattos tornou-se farmacêutico e revestiu as pílulas inventadas pelo pai com prata, para evitar falsificações e fez o registro no Ministério da Saúde em 1908 (reg. N º 5). Esse medicamento foi um dos 10 primeiros no Brasil, a ter registro no MS.

Fonte: http://luacheia.art.br/site
Jaqueline Aragão Cordeiro

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