Manguezal de Pontal das Almas

No estuário dos rios Ubatuba e Timonha, extremo oeste do Estado do Ceará, existe o maior bosque de mangue do Nordeste brasileiro, excetuando o Maranhão, que já faz parte da área da Amazônia Legal. Superior ao próprio Delta do Parnaíba no Piauí, tem uma área de 10.184 hectares, enquanto a do Jaguaribe, maior rio do Ceará, é de 1.260 hectares. A segunda área do Estado é do Coreaú (Camocim), com 4.620 hectares; a terceira, Acaraú, 1.907; e a quarta, Itarema, 1.708.

Alberto Campos, diretor-presidente da Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis), acredita que essa preservação se deve à distância, à falta de acesso e à presença de uma comunidade pesqueira artesanal com atividade de baixo impacto, no caso, Cajueiro da Praia, Chaval e Bitupitá.

Apesar disso, atualmente o que existe de unidade de conservação (UC) na região é a Área de Proteção Ambiental (APA) Delta do Parnaíba (ICMBio) – composta por dez municípios, sendo dois no Ceará (Chaval e Barroquinha), quatro no Piauí (Cajueiro da Praia, Parnaíba, Ilha Grande e Luís Correia) e quatro no Maranhão (Tutóia, Água Doce, Paulino Neves e Araioses) – o que, na prática, não garante a preservação daquele ecossistema.

A proposta conjunta da APA Delta do Parnaíba com a Aquasis, de criação de uma UC – Refúgio de Vida Silvestre (RVS) Peixe-Boi Marinho – pretende manter o equilíbrio ecológico para a preservação da fauna que necessita daquele ambiente para viver ou se reproduzir, como o criticamente em perigo de extinção peixe-boi marinho e as aves migratórias do hemisfério norte, e garantir o estoque pesqueiro da região de entorno.

Apesar de se tratar de uma UC de proteção integral, categoria que não permitiria o uso por comunidades humanas, um acordo envolvendo os habitantes e as autoridades ambientais prevê a permissão da atividade dos pescadores tradicionais da região.

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A reserva abrangeria quatro municípios: Barroquinha e Chaval, no Ceará; e Cajueiro da Praia e Luís Correia, no Piauí. São aproximadamente dez anos de estudos, sendo os últimos quatro de negociação até que a equipe envolvida na proposta chegasse à formulação ideal para garantir a sustentabilidade da comunidade local com uma regulamentação maior que a garantida pela APA. Depois da realização de todos os estudos, só falta o agendamento das consultas públicas e a assinatura do decreto. Enquanto a UC não sai do projeto, fica a expectativa.

Os serviços ambientais do estuário foram estudados pelo professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC), Jeovah Meireles, partindo do pressuposto de quanto rende um hectare de fazenda de camarão em comparação com um hectare de manguezal preservado. Pesquisas semelhantes realizadas no México e na Tailândia revelam que o manguezal rende de oito a dez vezes mais.

Fonte: Diário do Nordeste
Jaqueline Aragão Cordeiro

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