Padre Ibiapina

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José Antônio Pereira Ibiapina nasceu em 5 de agosto de 1806, na Vila de Sobral. Era o terceiro filho do casal Francisco Miguel Pereira e Teresa Maria de Jesus. Em 1816, sua família se transfere para a vila de Icó e Ibiapina é matriculado na escola do professor José Felipe. Nessa vila seu pai trabalhou como tabelião público, sendo convidado em 1919 para ocupar o mesmo cargo na recém-criada Comarca do Crato. Em Crato, Ibiapina teve aulas com o José Manuel Felipe Gonçalves.

Diante das agitações políticas após a Revolução Pernambucana de 1817, que teve na vila de Crato um de seus pilares no Ceará, o pai de Ibiapina, em 1820, resolve enviar o filho para a recém-criada vila de Jardim para estudar com o latinista Joaquim Teotônio Sobreira de Melo. Em 1823, toda a família se transfere para Fortaleza. Nesse ano morre sua mãe e Ibiapina ingressa no Seminário de Olinda, onde permaneceu por um curto período.

Em Fortaleza seu pai e seu irmão mais velho, Alexandre, se envolveram na Confederação do Equador. O pai foi fuzilado em 1825, e o irmão, preso em Fernando de Noronha, onde morreu pouco tempo depois. Ibiapina, que voltara ao Ceará no inicio de 1824, teve que assumir e manter financeiramente a família. Segundo o estudioso padre Francisco Sadoc de Araújo, foi nessa época que adotou o sobrenome Ibiapina, uma homenagem do pai à povoação de São Pedro de Ibiapina, como também fizeram outros confederados a fim de homenagear topônimos regionais.

Em 1828, Ibiapina retorna ao Seminário de Olinda para continuar os estudos. No entanto, permanece apenas seis meses. Após o seminário, Ibiapina ingressou no Curso de Direito do Recife, concluindo em 1832. No ano seguinte, Ibiapina exerce o cargo de professor substituto de Direito Natural na Faculdade de Olinda, foi eleito Deputado Geral e nomeado, em dezembro, Juiz de Direito da Comarca de Campo Maior (hoje Quixeramobim) do Ceará.

Concluídos os trabalhos legislativos, em 1837, Ibiapina voltou para o Recife e resolve exercer a advocacia. No entanto, ele passa a exercer efetivamente a profissão na Paraíba. Em 1840 volta ao Recife e continua a exercer a advocacia. A partir de 1850, no entanto, Ibiapina resolve abandonar seus trabalhos forenses e inicia um período dedicado à meditação e exercícios de piedade.

Após três anos de meditação e reflexão, Ibiapina decide-se pelo sacerdócio. Nesse sentido, em 12 de julho de 1853, aos 47 anos de idade, ele se tona Padre Ibiapina. Logo após sua ordenação, o Bispo Dom João da Purificação o nomeia Vigário Geral e Provedor do Bispado, e professor de Eloquência do Seminário de Olinda, mas opta pela vida missionária.

Padre Ibiapina começou então seu trabalho missionário pelo Interior do Nordeste. Até sua morte, em 13 de fevereiro de 1883, ele peregrinou por Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte, Piauí e Paraíba. Em cada lugar ele pregava, orientava, promovia reconciliações, construía açudes, igrejas, cemitérios, cacimbas, dentre outras tantas obras.

Em diversas vilas construiu Casas de Caridade, destinadas a moças pobres. Elas eram educadas para a fé, o exercício dos trabalhos domésticos e para o casamento. No Ceará ele esteve entre 1862 a 1870. Primeiro na região norte, na vila de Sobral e adjacências. Depois no Cariri, sul da província.

O trabalho missionário do Padre Ibiapina, também conhecido como “apóstolo do Nordeste” na região do Cariri teve início em 14 de outubro de 1864, na então vila de Missão Velha, estendendo-se até o início de fevereiro do ano seguinte. Durante esse período ele visitou, além de Missão Velha, a vila de Barbalha e o povoado de Conceição do Cariri, hoje município de Porteiras.

Como principal obra dessa primeira visita à região, Padre Ibiapina inaugurou, em 2 de fevereiro de 1865, a Casa de Caridade da vila de Missão Velha. A ideia de base das Casas de Caridade fundadas pelo religioso por todo o Nordeste era o acolhimento das pequenas órfãs. Ali as meninas receberiam uma educação completa e seriam preparadas para serem boas esposas e mães de família.

A educação nestas casas era tão boa, a cargo das irmãs que ficaram conhecidas por beatas, que muitas famílias pediram para que suas filhas pudessem participar da formação. Nas Casas de Caridade havia também a “roda de enjeitados” pela qual se recebiam as crianças cujas mães não tinham condições para criá-las.

Fonte: Jornal Diário do Nordeste
Jaqueline Aragão Cordeiro

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