Pedro Pereira

Pedro Pereira da Silva Guimarães nasceu em Aracati, no dia 26 de junho de 1814 e faleceu em Fortaleza, no dia 13 de abril de 1876. Era filho de João Pereira da Silva Guimarães e de Ana Rodrigues Pereira.

Formado em Ciências Jurídicas pela Academia de Direito de Olinda/PE, em 1837. Promotor Público de Fortaleza (nomeado por decreto de 11 de abril de 1839); Deputado Geral (nas legislaturas de 1850-1852 e 1853-1854); Professor catedrático de Geometria (do Liceu do Ceará, nomeado por ato de 09.12.1852); Jornalista; Juiz Municipal; Membro efetivo do Conselho Diretor de Instrução Pública da Província (26.02.1855).

Notabilizou-se por haver sido o primeiro deputado que apresentou, em 1850 e 1852, projetos instituindo no Brasil a liberdade do ventre livre e a emancipação dos escravos. Antecipou-se, em 20 anos, à Lei Rio Branco, e em 38 anos à Lei Áurea de 13.05.1888. Tais projetos suscitaram a ira dos escravocratas de São Paulo e do Rio de Janeiro, resultando numa conspiração contra o grande cearense que não mais voltou à Câmara, mas que, em compensação, imortalizou o seu nome.

Foi ardoroso tribuno, pois possuía fina ironia, e, a não ser João Brígido, nenhum outro jornalista cearense o ultrapassou na ironia, na jocosidade, no humorismo e na elegância da pena. Foi quem mais aplicou apelidos aos outros, usando sempre o bom senso e grande propriedade. Feria satiricamente e, se ferido, chegava a ser agressivo, como se pôde constatar nas coleções de jornais para os quais escreveu.

Quando foi nomeado Juiz Municipal e de Órfãos, em 1843, por perseguição política do Presidente Inácio Correia de Vasconcelos, foi transferido para os termos de Vigia e Cintra, no Pará, por decreto de 14 de outubro de 1845. Então, Pedro Guimarães rebelou-se contra o ato imperial e enviou um ofício considerado “descomedido e desrespeitoso” pelo Ministro da Justiça e este, em nome do Imperador, mandou responsabilizá-lo.

Publicou as engraçadas “Cartas de Braz Pitorra” (à sua sobrinha Inês Sensata) e “Alforges” (folhetins muito jocosos). Foi o redator do periódico “O Periquito”, em 1846, no qual combateu e ridicularizou a Administração Vasconcelos, além do “16 de dezembro”.

Fundou “O Popular” e de 1841 a 1855, escreveu para o “Pedro II”. Ademais de seus inúmeros trabalhos de imprensa, ressaltam-se os seguintes:
– Vademeco dos Poetas (coleção de sonetos jocosos, esquisitos, curiosos e burlescos, extraídos de vários autores – Pernambuco, 1835);
– Sortilégio Pueril;
– Cartilha de meus filhos;
– Passatempo divertido;
– Nome Pedro (dedicado ao Imperador e de que se ocupou Antônio Feliciano de Castilho no seu Almanaque Geral);
– Revista do Instituto do Ceará (1906) – traz a série dos seus discursos no Parlamento sobre a liberdade dos escravos, com uma introdução feita pelo Barão de Vasconcelos;
– Estudo biográfico sobre Pedro Pereira (devido à pena do Dr. Álvaro de Alencar);
– Sol (escrito em 1856 – a mais exuberante manifestação de seu gênio crítico e polemista).

Deixou também vários trabalhos inéditos, que se perderam por displicência de seus familiares.

Por decreto de 1932, a Prefeitura de Fortaleza deu o seu nome à antiga Rua de São Bernardo (centro), aberta em 1859, e houve tempo em que se cogitou erguer um monumento a tão notável cearense.

Fonte: Presidentes do Poder Legislativo do Ceará de 1835 a 2006 (Assembléia Legislativa do Estado Ceará)
Jaqueline Aragão Cordeiro

COISA DE CEARENSE

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