Porto do Mucuripe

O antigo Porto de Fortaleza estava situado na região central da cidade, próximo ao Monumento do Cristo Redentor e à Catedral de Fortaleza.

Os técnicos que primeiro estudaram as condições do antigo Porto de Fortaleza propuseram a construção de um quebra-mar sobre os recifes do porto e sobre a praia, e de cais ou molhes para acostagem dos navios. Aconselharam o aprofundamento do Canal da Barreta, destruindo-se, caso necessário, uma parte dos recifes, de maneira a aumentar a velocidade das correntes, evitando o assoreamento no Porto.

Em 1875, Sir John Hawkshaw, seguindo as idéias de Zózimo Barroso e Ch. Neat, propôs a construção de um quebra-mar de 670 metros de comprimento, no antigo porto, ligado ao litoral por uma ponte de acesso. A construção do quebra-mar foi iniciada somente em 1887, devido às grandes dificuldades para obtenção da pedra necessária às obras. Entretanto, a sua execução foi prejudicada pelo acúmulo de areia causada pela ação dos ventos, na bacia abrigada pelo quebra-mar.

Em 1897, essas obras foram suspensas, quando o quebra-mar já alcançava 432 metros. Devido ao fracasso do plano Hawkshaw, as condições de serviço de embarque e desembarque no antigo porto tornaram-se intoleráveis para os viajantes e para o comércio.

Em 1908, uma comissão chefiada pelo engenheiro Manoel Carneiro de Souza Bandeira começou uma minuciosa e completa pesquisa no antigo porto e na Enseada do Mucuripe, para levantamentos topo-hidrográficos e para estudo do regime dos ventos, das marés, das correntes e dos movimentos das areias. Já em 1910 foi publicado relatório apresentando os resultados de todos os trabalhos realizados e do estudo para desenvolvimento de um projeto de melhoramento do porto.

Em 1918, o Ministro da Viação e Obras Públicas sustentou a urgente necessidade de execução de obras para melhoramento do Porto de Fortaleza, uma vez que a condições de embarque e desembarque de passageiros e de mercadorias tornavam-se cada vez mais difíceis e perigosas. Era, então, o momento propício para executar as obras de melhoramento do porto, segundo o plano elaborado pelo engenheiro Souza Bandeira, mas, em conseqüência da elevação de salários e preços de materiais de construção verificados na época, tornou-se inviável a realização desse empreendimento.

Também nessa época, o engenheiro Lucas Bicalho, que dirigia a Inspetoria de Portos, cogitou da implementação de um outro plano de melhoramentos menos dispendiosos, semelhante ao Hawkshaw, que satisfizesse a condição de oferecer uma suficiente extensão de cais.

Em 1920, através do Decreto nº 14.555, foi aprovado o projeto organizado pela Inspetoria de Portos, e já no ano seguinte foi contratada a firma Norton Griffths, sob administração, para executar as obras. Os trabalhos tiveram andamento em 1922 e 1923, mas foram suspensos logo depois por motivos administrativos diversos.

Em 20 de dezembro de 1933, através do Decreto nº 23.606, foi outorgada ao Governo do Estado do Ceará uma concessão de 60 anos, contados a partir da data de registro do contrato de concessão no Tribunal de Contas da União.

O Decreto nº 504, de 7 de julho de 1938, modificou o Decreto nº 23.606, na parte referente à localização da construção do porto, transferindo para a Enseada do Mucuripe. No ano seguinte, 1939, foi instalado o canteiro de obras para construção do primeiro trecho de cais. Foram construidos 426 metros de cais acostável ao Porto de Fortaleza pela Companhia Nacional de Construções Civis e Hidráulicas – CIVILHIDRO.

Em 1952, foram construídos os armazéns A-1 e A-2. Em 1953, deu-se a atracação do Vapor Bahia, primeiro navio a atracar no novo Porto. No decorrer do ano de 1964, deu-se a construção do armazém A-3, bem como foram iniciados os trabalhos de construção da estação de passageiros, do muro de fechamento e do cais 8 metros de profundidade.

Em 1968, foram inaugurados o armazém A-4, o prolongamento do cais de 10 metros de profundidade e a “Estação de Passageiros”. Em 1980 foi inaugurado o cais pesqueiro, em 1982 foi inaugurado o píer petroleiro do Porto e em 1984 o armazém A-5.

25 de fevereiro de 1993, com a aprovação de Lei nº 8.630, que dispõe sobre o regime jurídico da exploração dos portos organizados e das instalações portuárias, o ambiente institucional portuário é inteiramente alterado, modificando-se as estruturas organizacionais das companhias Docas. Em 1995 é criado o OGMO – Órgão Gestor de Mão de Obra – no Porto de Fortaleza. Em 96 é feita a recuperação do mole do Titan.

No ano de 2004, a Companhia Docas do Ceará realiza o aprofundamento de diversas áreas da enseada, de 10m para 11,5 m. É a primeira parte da dragagem que será concluída a partir de 2008 com um aprofundamento para até 13m do calado do Porto. Também neste ano inaugura-se a primeira linha comercial regular ligando o porto de Praia, capital do arquipélago do Cabo Verde, ao Mucuripe, em Fortaleza.

Em 2007 é feita a obra da cortina de contenção no Porto, que visa conter o enrocamento do cais dando segurança para o prosseguimento da segunda etapa de dragagem. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assina medida provisória (MP369, de 7 de maio de 2007), criando a Secretaria Especial de Portos.

Sua localização o mantém em proximidade com os mercados da América do Norte e Europa, permitindo o atendimento a empresas de navegação com linhas regulares destinadas a portos dos Estados Unidos, Canadá, América Central, Caribe, Europa, África e países do Mercosul, além de itinerários para os demais portos brasileiros através da navegação de cabotagem. Sua área de influência abrange os estados do Ceará, Piauí, Maranhão, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Paraíba, estendendo-se também às regiões Norte, Centro-Oeste e ao Vale do São Francisco.

Fonte e imagens: Docas do Ceará
Jaqueline Aragão Cordeiro

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