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Jaqueline Aragão Cordeiro
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Entre histórias, cultura e os caminhos do nosso turismo, celebramos os encantos do povo cearense: saberes, curiosidades e tradições que embalam a alma do nosso lugar.

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A cana-de-açúcar

Jaqueline Aragão Cordeiro, 9 de novembro de 20174 de abril de 2020

A cana-de-açúcar, nome comum de uma herbácea vivaz, planta da família das gramíneas, espécie Saccharum officinarum, originária da Ásia Meridional, é muito cultivada em países tropicais e subtropicais para obtenção do açúcar, do álcool e da aguardente, devido a sacarose contida em seu caule, formado por numerosos nós. Os colmos, caracterizados por nós bem marcados e entrenós distintos, quase sempre fistulosos, são espessos e repletos de suco açucarado. As flores, muito pequenas, formam espigas florais.

Existem diversas variedades cultivadas de cana-de-açúcar, que se distinguem pela cor e pela altura do caule, que atinge entre 3 e 6 m de altura, por 2 a 5 cm de diâmetro, sendo sua multiplicação feita, desde a antiguidade, a partir de estacas. A cana-de-açúcar é cultivada, principalmente, em clima tropical onde se alternam as estações secas e úmidas. Sua floração, em geral, começa no outono e a colheita se dá na estação seca, durante um período de 3 a 6 meses. Embora se tenha ensaiado com êxito o uso de várias máquinas para cortar cana, a maior parte da colheita ainda é feita manualmente, em todo o mundo.

No Brasil, a indústria açucareira remonta a meados do século XVI. Nascia então o ciclo do açúcar, que durou 150 anos. O Brasil, embora grande produtor de açúcar desde a época do Brasil Colônia, expandiu muito a cultura de cana-de-açúcar a partir da década de 1970, com o advento do ProÁlcool – programa do governo que substituiu parte do consumo de gasolina por etanol, álcool obtido a partir da cana-de-açúcar – sendo pioneiro no uso, em larga escala, deste álcool como combustível automotivo. O Programa Nacional do Álcool (ProÁlcool), lançado em 14 de novembro de 1975, deveria suprir o país de um combustível alternativo e menos poluente que os derivados do petróleo, mas acabou sendo desativado.

É plantada, no Sudeste do Brasil, de outubro a março e colhida de maio a outubro, e, no Nordeste, de julho a novembro e colhida de dezembro a maio. De acordo com as condições de produção, o rendimento anual é de 50 a 100 toneladas por hectare. A média brasileira é de 60 toneladas por hectares e, no Estado de São Paulo, de 74 toneladas por hectares (1983), com teor de açúcar extraído de 9 a 12% e rendimento em álcool de 70 litros por tonelada.

O bagaço, resíduo da cana depois da extração do suco, é aproveitado como bagaço hidrolisado, juntamente com a levedura da cana (resíduo da fermentação), em rações para a alimentação do gado confinado. A vinhaça ou vinhoto, outro resíduo, também pode ser usada como adubo, mas no Brasil muitas vezes é lançada aos rios, apesar da proibição, causando grave poluição e mortandade de peixes.

A cana-de-açúcar foi introduzida na China antes do início da era cristã. Seu uso no Oriente, provavelmente na forma de xarope, data da mais remota antiguidade. Foi introduzida na Europa pelos árabes, que iniciaram seu cultivo na Andaluzia. No século XIV, já era cultivada em toda a região mediterrânea, mas a produção era insuficiente, levando os europeus a importarem o produto do Oriente. A guerra entre Veneza, que monopolizava o comércio do açúcar, e os turcos, levou à procura de outras fontes de abastecimento, e a cana começou a ser cultivada na Ilha da Madeira pelos portugueses e nas Ilhas Canárias pelos espanhóis.

O descobrimento da América permitiu extraordinária expansão das áreas de cultura da cana. As primeiras mudas, trazidas da Madeira, chegaram ao Brasil em 1502, e, já em 1550, numerosos engenhos espalhados pelo litoral produziam açúcar de qualidade equivalente ao produzido pela Índia. Incentivado o cultivo da cana pela Metrópole, com isenção do imposto de exportação e outras regalias, o Brasil tornou-se, em meados do século XVII, o maior produtor de açúcar de cana do mundo. Perdeu essa posição durante muitas décadas, mas na década de 1970, como início da produção de álcool combustível, voltou a ser o maior produtor mundial.

A lavoura da cana-de-açúcar foi a primeira a ser instalada no Brasil, ainda na primeira metade do século XVI, tendo seu cultivo ampliado da faixa litorânea para o interior. No Nordeste, depois de passar da Mata para o Agreste, migrou para as manchas úmidas do sertão. Desenvolveu-se em dois tipos de organização do trabalho: a grande lavoura voltada para a produção e exportação do açúcar, com o uso extensivo da terra, da mão-de-obra, representando muito no volume de produção do Brasil até mesmo nos dias atuais; e a pequena lavoura, empregando mão-de-obra em reduzida escala, voltada para a subsistência do seu proprietário ou para o pequeno mercado regional ou local, de volume de produção insignificante se comparado com a anterior.

Pode-se dizer que no Brasil a cana-de-açúcar deu sustentação ao seu processo de colonização, tendo sido a razão de sua prosperidade nos dois primeiros séculos. Foi na Capitania de Pernambuco, pertencente a Duarte Coelho, onde se implantou e floresceu o primeiro centro açucareiro do Brasil, motivado por três aspectos importantes: a habilidade e eficiência do donatário; a terra e clima favorável à cultura da cana; e a situação geográfica de localização mais próxima da Europa em relação à região de São Vicente (São Paulo), outro centro que se destacou como iniciador de produção de açúcar do Brasil Colonial.

O progresso da indústria açucareira foi espantoso no fim do século XVI. Na Bahia, onde os indígenas haviam destruído os primeiros engenhos, a produção de açúcar começou após 1550. Alagoas, fronteira com Pernambuco, só teve seu primeiro engenho por volta de 1575. Em Sergipe, os portugueses procedentes da Bahia, iniciaram a produção da cana-de-açúcar a partir de 1590. Na Paraíba, a primeira tentativa de introdução da cultura da cana foi em 1579, na Ilha da Restinga, fracassada pela invasão de piratas franceses na região. A implantação definitiva da cultura da cana na Paraíba surgiu com seu primeiro engenho em 1587. No Pará, os primeiros engenhos foram instalados pelos holandeses, possivelmente antes de 1600 (o primeiro engenho português no Pará começou a funcionar entre 1616 e 1618). Tanto no Pará, quanto no Amazonas, os engenhos desviaram sua produção para aguardente, em vez de açúcar. A fabricação de açúcar no Ceará não chegou a ter relevância, começou em 1622, mas logo passou a fabricar aguardente. No Piauí a história identifica que a lavoura de cana foi iniciada por volta do ano de 1678 e, no ano de 1692, registra-se apenas um engenho em atividade no Rio Grande do Norte.

Na região nordestina, representada principalmente por Pernambuco, Bahia, Alagoas e Paraíba, reinava a riqueza devido a monocultura da agroindústria açucareira que pagava todos os custos e cobria todas as necessidades da Capitania. Na época da abolição da escravatura (1888), os engenhos já tinham incorporado praticamente todas as inovações importantes da indústria do açúcar existentes na época em qualquer parte do mundo, e com a abolição, passou a dispor de recursos financeiros que antes eram destinados à compra e manutenção de escravos. A partir daí surgiu uma nova etapa na indústria açucareira brasileira, com o aparecimento dos chamados “Engenhos Centrais”, percursores das atuais Usinas de Açúcar.

Fonte: MundoVestibular
Jaqueline Aragão Cordeiro

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Comments (2)

  1. JOSE FRANCISCO DE CARVALHO disse:
    10 de junho de 2019 às 11:38

    muito bom o comentário, gostaria de saber onde encontrar mudas de cana caiana aqui em fortaleza para plantar.

    Responder
  2. JOSE FRANCISCO DE CARVALHO disse:
    10 de junho de 2019 às 11:39

    muito bom o comentário, gostaria de saber onde encontrar mudas de cana caiana aqui em fortaleza para plantar. nunca comentei sobre isso a primeira vez

    Responder

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