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A libertação dos escravos no Ceará

Jaqueline Aragão Cordeiro, 21 de janeiro de 2020

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Foi em Fortaleza que começou o movimento de libertação dos cativos. Um grupo de entusiastas formado por João Cordeiro, José do Amaral, Isaac Amaral, Frederico Borges, D. Maria Tomásia e outros, deu o primeiro grito de alarme, em sessão secreta, na qual ficou deliberado que, na semana seguinte, desapareceriam os escravos de A ou B. Com efeito. Cada membro daquele humanitário grupo, procurava entender-se pessoalmente com os cativos e incutia-lhes a ideia de liberdade. “Tome este bilhete e vá apresentar-se ao meu amigo fulano de tal, você não é mais escravo. É tão livre como eu. Somos iguais em tudo”. E despedia com carinhoso abraço e forte aperto de mão o seu novo amigo.

Aos nomes já citados dos libertadores juntaram-se mais os senhores João Lopes Ferreira, Justiniano de Serpa, Antonio Bezerra, D. Elvira Pinho, etc. Deliberaram a criação de um jornal de propaganda, cujo nome foi “O Libertador”. Nele expandiam largamente a ideia nova, que em breve invadiria toda a população cearense.

JUSTINIANO DE SERPA

Já era intensa a corrente libertadora contra os donos de escravos, os quais prevendo perder sua “mercadoria humana”, a sua propriedade, procuravam, a todo custo, desfazer-se dela, tentando embarcar seus escravos para as senzalas do sul, empenhando nisto tosa segurança, mas no ponto de embarque, estava preparada fortíssima barreira. Era Francisco do Nascimento, conhecido como Chico da Matilde ou Dragão do Mar. Exercia ele a função de Prático-Mor da Barra. A sua jangada não se rebaixaria, transportando aquela “Mercadoria humana”! Ele opunha-se fortemente ao transporte dos escravos para bordo de qualquer navio.

http://carlosalbneto.files.wordpress.com/2009/08/antonio-sales-poeta-nascido-em-paracuru-012.jpg

Houve luta, e luta reunida das autoridades negreiras contra os libertadores. Para tanto, os escravocratas conseguiram a demissão de Frederico Borges do cargo de Promotor público da capital e de Dragão do Mar, por serem libertadores. Mesmo assim, nada conseguiram, porque o povo, em massa, opunha-se contra aquele tráfego humano. Os libertadores cada vez mais, empenhavam maior esforço. A casa das suas sessões era conhecida por “Furna na Rocha Negra” e outra “Furna da Rocha Branca”. Ali, lavravam as cartas de liberdade. Em seguida despachavam um portador com a quantia arrecadada, dizendo ser a importância total pela alforria de seu escravo fulano, hoje cidadão brasileiro. O tal negreiro tinha que se conformar porque seu ex-escravo não aparecia mais.

Os conflitos reproduziam-se a cada dia, montavam guarda na praia dia e noite, de modo a não ser possível o embarque de um único escravo sequer. A qualquer hora invadiam o ponto de embarque, viravam jangadas e qualquer outra embarcação que se atrevesse a tentar algum serviço favorável aos negreiros.

Um dia, decidiram libertar todos os escravos em um município próximo. Tomaram o trem e saltaram na vila do Acarape e uma vez ali, entre grande número de pessoas de todas as classes, depois de eloquentes discursos, declararam livres todos os escravos do município e que para comemorar essa data gloriosa, ficava também mudado o nome do município de vila do Acarape para Redenção. Esse nome de ocasião pegou, e mais tarde, tendo sido elevada a categoria de cidade, foi com o nome de Redenção que perpetuou assim, esse extraordinário feito.

Em 25 de março de 1884, fizeram eles o mesmo com relação ao município da capital, e por fim, com todo o território da então Província do Ceará. Os escravos das Províncias vizinhas: Piauí, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, sabendo não haver mais escravos no Ceará, vinham aqui se refugiar, na certeza de não serem perseguidos.

Na noite de 25 de março fazia gosto ver-se o entusiasmo popular em favor da libertação dos escravos. A capital enchia-se de gente, convidados pelo jornal “O Libertador”. A decoração e a iluminação tomaram contas das ruas e residências. Na casa mais pobre, das areias, nos subúrbios, via-se, ao menos, uma vela de carnaúba com lanterna de papel de cor, fincada na areia, junto a porta. O município do Ceará não tinha mais escravos. Estava livre desta MANCHA.

Fonte: Curiosidades e Factos Notáveis do Ceará (J. G. Dias Sobreira / 1921)
Jaqueline Aragão Cordeiro

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Comments (2)

  1. Salão de debates disse:
    25 de março de 2012 às 20:53

    A historia do Ceará me emociona.É MUITO LEGAL!Aqui temos aventura,suspense,terror,romance…

    Responder
  2. Uam pessoa disse:
    17 de março de 2019 às 17:36

    E muito grande

    Responder

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