Skip to content
Coisa de Cearense
Jaqueline Aragão Cordeiro
Coisa de Cearense

História, cultura, turismo, curiosidades e os costumes de nossa gente

  • Home
  • Quem Somos
Coisa de Cearense

História, cultura, turismo, curiosidades e os costumes de nossa gente

CONTOS DE LEONARDO MOTA – “BRINCADEIRA DE HOMEM”

Jaqueline Aragão Cordeiro, 24 de setembro de 20135 de maio de 2014

Antônio Silvino fazia-se respeitado de seus satélites. Disciplinava-os. Sabia assegurar a conveniente distância que deve existir entre comandante e comandados. Jamais permitiu atrocidades que não houvesse, em pessoa, determinado.
Chegara ele com a sua récua a uma fazenda. À hora do improvisado almoço, um cabra, o Tempestade, deu-se ao luxo de reclamar:
– Ô arroz insosso de todos os diabos!
Um relâmpago de cólera fulgiu nos olhos de Silvino, que, findo o repasto, foi falar à mulher do fazendeiro:
– Dona, a senhora tem sal em casa?
– Tenho, seu Capitão. Eu vi aquele homem não gostar… Vossenhoria me discurpe, me perdoe o arroz sair insosso: foi coisa do avexame, do aperreio do perparo…
… – Nhóra não, não é por isso, não: eu quero saber se a senhora me pode vender meio litro de seu sal.
– Posso lhe ceder; vender não. O Capitão leve o sal, que não lhe custa nada e é dado de gosto!
– Nhóra não, não é pra carregar, não. É um ensinamento que eu quero dar naquele cabrocha, que falou do arroz. Me vá ver meio litro, por bondade!
Atendido, Silvino pediu uma bacia, derramou dentro o sal, dissolveu com uma porção de água e, voltando ao terreiro, onde o Tempestade esgravatava a dentuça, obrigou-o, de punhal à mão, a beber toda aquela água, horrivelmente salgada:
– Isso é pra você, seu bruto, perder o costume de botar defeito no que lhe dão, de graça! Engula! Ou engole, ou morre! Comeu insosso, beba salgado, que é pra carga não ficar torta… Cabra sem criação!
Daí a pouco o Tempestade padecia sob a ação do purgante mais que enérgico…
Lampião aparceira-se com os miseráveis a quem capitaneia. Troca insultos e graçolas com eles. Falta-lhe o espírito autoritário de Silvino. Apenas na hora dos combates, é cegamente obedecido: todos creem na sua invicta estratégia de guerreiro caboclo.
Antônio Ferreira, irmão de Virgolino, também se acamaradava em excesso com os restantes componentes do bando. Um dia, Lampião mandou que o mano e mais quatro homens fossem à casa dum seu protetor e esperou no mato que regressassem. No alpendre da casa em questão, havia uma rede armada. Os cinco bandidos, empurrando-se violentamente, disputavam o gozo de alguns momentos na tipóia. Nesse ruge-ruge de encontrões, um fuzil cai ao solo e dispara, prostrando morto Antônio Ferreira, atingido pelo tiro no mamilo esquerdo.
Compungidos, os quatro criminosos voltaram imediatamente à presença de Virgolino. Conduziram o cadáver e narraram a casualidade da fatal ocorrência. Lampião ouviu-os, silencioso. A cabroeira, solidária com o chefe, censura os recém-vindos, lembrando que por via duma dessas é que o povo diz que brincadeira de home cheira a defunto… Sabino Gomes, mais perverso, insinua que a história está mal contada…
Lampião decide: não quer mais a companhia dos autores da vadiação em que morreu o Antônho. Expulsa-os do bando. O armamento, porém, era seu, dele. Exige imediata restituição. E apenas os quatro se haviam despojado das armas, Lampião, auxiliado por Sabino, os liquida a tiros e facadas.

ANTONIO SILVINO
Antônio Silvino ou Manoel Baptista de Morais, nasceu em Ingazeira, PE, no dia 2 de novembro de 1875 e faleceu em Campina Grande, PB, no dia 30 de julho de 1944, na casa de uma prima. Era filho de Francisco Batista de Morais e Balbina Pereira de Morais. 
Inicia-se no cangaço em 1896, juntamente com o irmão Zeferino, após a morte do pai, o bandoleiro “Batistão do Pajeú”. Adota o nome de guerra de Antônio Silvino em homenagem a um tio, Silvino Aires Cavalcanti de Albuquerque, também bandoleiro.
Foi preso em 1914,  durante o governo do general Dantas Barreto. Tornou-se o prisioneiro número 1122, da cela 35, do Raio Leste da antiga Casa de Detenção do Recife, teve comportamento exemplar. Em 1937, é libertado através de um indulto do presidente Getúlio Vargas.

Fonte: Wikipédia

Compartilhe isso:

  • Clique para compartilhar no Facebook(abre em nova janela) Facebook
  • Clique para compartilhar no X(abre em nova janela) 18+
  • Clique para enviar um link por e-mail para um amigo(abre em nova janela) E-mail
  • Clique para compartilhar no Tumblr(abre em nova janela) Tumblr
  • Clique para compartilhar no WhatsApp(abre em nova janela) WhatsApp
  • Clique para imprimir(abre em nova janela) Imprimir
  • Clique para compartilhar no Pinterest(abre em nova janela) Pinterest

Curtir isso:

Curtir Carregando...
Contos de Leonardo Mota

Navegação de Post

Previous post
Next post

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Para Hoje

Eu sou a nata do lixo, sou o luxo da aldeia, sou do Ceará. (Ednardo/Terral)

Acesse meus livros digitalmente através do site livrosdigitais.org.br

Clique na imagem abaixo e dê muitas gargalhadas com as gaiatices do nosso povo

junho 2025
D S T Q Q S S
1234567
891011121314
15161718192021
22232425262728
2930  
« maio    

Você é nosso visitante

Categorias

  • A inquisição no Ceará (9)
  • Acontece no interior (10)
  • Acontece por aqui (32)
  • Agricultura (6)
  • Anônimos da história (24)
  • Artesanato Cearense (15)
  • Árvores da caatinga (20)
  • Bem cearense (6)
  • Casarões e Monumentos históricos do Ceará (20)
  • Ceará em destaque – Vídeos (36)
  • Cidades Cearenses (58)
  • Coisa de cearense (215)
  • Coisas do sertão (10)
  • Conhecendo o Ceará (150)
  • Contos (2)
  • Contos de Leonardo Mota (10)
  • Crônicas de Ariano Suassuna (3)
  • Curiosidades (22)
  • Família Barbosa Cordeiro (15)
  • Família Ximenes de Aragão (15)
  • Folclore, Crenças e Costumes (18)
  • Fotos (50)
  • Gaiatice (223)
  • Gente que acontece (47)
  • Governadores do Ceará (11)
  • História do Ceará (173)
  • Igrejas do Ceará (17)
  • Índios do Ceará (11)
  • Inventores e invenções (4)
  • Mestres da cultura do Ceará (18)
  • Música & Poesia (27)
  • Notícias (13)
  • Patrimônio histórico cearense (23)
  • Personalidades cearenses (169)
  • Rios e açudes do Ceará (23)
  • Sabores (20)
  • Turismo no Ceará (30)

Comentários

  • Casimiro Ribeiro Brasil Montenegro – Coisa de Cearense em Marechal Casimiro Montenegro
  • Joaquim de Oliveira Catunda – Coisa de Cearense em Padre Gonçalo Mororó
  • Nilton Aragão em Os Ximenes de Aragão
  • Jaqueline Aragão Cordeiro em Gaiatice – Perguntas sem respostas
  • Alexandre Aragão em Gaiatice – Perguntas sem respostas
  • Thais em A inquisição no Ceará – Aracathy: Heresias de um judeu
  • Francisco José Duarte em Juraci Magalhães
  • Miguel Noronha em Burra Preta
  • Isabele Ximenes em Os Ximenes de Aragão
  • Isabele Ximenes em Os Ximenes de Aragão

Faca uma viagem pelo Ceará passando as imagens abaixo

  • Casa de Padre Antonio Tomás, filho de Acaraú
  • Mosteiro dos jesuitas
    Mosteiro dos jesuitas
  • Imagens do estado do Ceará
    Imagens do estado do Ceará
    ©2025 Coisa de Cearense | WordPress Theme by SuperbThemes
    %d