
Os Ximenes são cristão novos (Judeus convertidos ao catolicismo), eles vieram para o Brasil fugindo da perseguição aos cristãos novos em Portugal. Ximenes é uma variante do sobrenome que é mais comum em Portugal e nos territórios da ex-Coroa Portuguesa, como o Brasil. Ximénez é uma variante do sobrenome que é comum na Espanha. Ximendes é uma variante do sobrenome que pode ser de origem portuguesa, galega ou espanhola antiga. E temos ainda Jimenez.
Ximenes é sobrenome patronímico espanhol, com origem no nome próprio Ximeno ou Jimeno, versão ibérica para Simeão (ou Simão), do hebraico Shim’on (Shimeon), o que escuta ou cumpre um pedido. Segundo a tradição bíblica, foi a exclamação de Lia, esposa de Jacó, ao dar à luz a Simeão (Gênesis 29:33, “Deus ouviu-me”). Daí sua origem judaica.

A migração dos judeus e muçulmanos para Portugal começou após o processo final da reconquista da Península Ibérica pelos reis católicos em 1492, o que resultou na unificação do território espanhol pelos reinos de Castela e Leão. Os reis católicos determinaram a expulsão daqueles que não professavam a fé católica. Na época, Portugal era governado pelo rei D. Manuel I, que recebeu a leva de imigrantes em seu reino. Os judeus, sobretudo, ofereciam a Portugal perspectivas de amplo desenvolvimento econômico, em virtude de sua experiência em comércio. Entretanto, em 1497, D. Manuel I casou-se com Isabel de Aragão, filha e herdeira dos reis católicos Isabel e Fernando. Entre as cláusulas desse casamento, constava a mesma determinação válida em território espanhol referente aos muçulmanos e judeus, isto é, a expulsão, já que eram tidos como hereges.
D. Manuel, então, propôs aos milhares de imigrantes que se convertessem ao catolicismo ou saíssem do país, na esperança de que eles optassem pela primeira via. Todavia, mais de 20 mil decidiram pela saída, o que levou o rei a fechar todos os portos do país para impedir a fuga. Após forçar a permanência dessa população em território português, a partir do ano de 1497, as autoridades portuguesas também passaram a forçar a sua conversão ao catolicismo para cumprir as determinações da convenção com o trono espanhol. Muitos eram os métodos usados para isso. Um dos mais impressionante era o sequestro de crianças judias ou muçulmanas para que fossem criadas e educadas por famílias católicas.
Durante esse processo, os recém-convertidos foram denominados como cristãos-novos e eram sempre vistos com desconfiança tanto por parte de alguns clérigos como por parte da população católica. Entre os judeus conversos, havia aqueles que eram reconhecidos como “criptojudeus”, isto é, nas aparências mantinham a fé católica, mas, em segredo, continuavam a praticar os ritos judaicos. No ano de 1506, a situação dos cristãos-novos chegou ao ápice de violência em Portugal. Houve um grande massacre contra eles motivado por fanatismo religioso associado à crise social que os lusitanos enfrentavam em virtude da peste e da seca que assolava o país. A matança começou em 19 de abril e foi promovida pela população católica incitada por alguns clérigos que consideravam os judeus os responsáveis pela desgraça que assolava Portugal.

Os cronistas da época, como Damião de Góis, contaram que uma observação feita por um cristão-novo durante uma missa teria despertado a revolta e o massacre. Os católicos teriam visto o rosto de Cristo na Capela de Jesus, no Mosteiro de São Domingos. Entretanto, um cristão-novo replicou os presentes que contemplavam o suposto milagre dizendo que o que havia ali era o reflexo da imagem de um crucifixo na parede, provocada por uma candeia acesa.”
Fonte: Brasil Escola /
Jaqueline Aragão Cordeiro