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Entre histórias, cultura e os caminhos do nosso turismo, celebramos os encantos do povo cearense: saberes, curiosidades e tradições que embalam a alma do nosso lugar.

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Lampião em Limoeiro do Norte

Jaqueline Aragão Cordeiro, 28 de novembro de 201024 de março de 2017

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Poucos acontecimentos de apenas algumas horas perpetuam na história do Ceará, como a passagem de Virgulino Ferreira da Silva, o “Lampião”, por Limoeiro do Norte. O cabra foi posto para correr de Mossoró, no Rio Grande do Norte, onde até hoje festejam a resistência ao cangaceiro. Depois de receber a “chuva de balas” dos potiguares, aceitou os cumprimentos “tensos” dos limoeirenses, no dia 15 de junho de 1927. O rebuliço foi consolado pela “visita em paz” do rei do cangaço nas terras de seu Padim Ciço. Nunca mais Limoeiro foi o mesmo.

“Prefeito de Limoeiro, Urgente. Lampião acaba atacar Mossoró. Depois forte resistência conseguimos rechaçá-los, ficando um morto outro prisioneiro. Saudação. Rodolfo Fernandes, Prefeito Municipal”. O recado do prefeito de Mossoró chegou em telegrama às mãos de Custódio Saraiva, Juiz de Paz em Limoeiro e responsável por defender o município, dada à ausência do prefeito. Naquela hora seu Custódio almoçava, não comeu mais. Telegrafou para a Secretaria de Polícia, em Fortaleza, que devolveu a batata quente para que “agisse como pudesse”. A cidade foi evacuada imediatamente.

Como era de seu feitio, Lampião entrou no Ceará guiando os fios do telégrafo. O “cabra” cavalgou com seus quarenta e tantos homens (o número é incerto) pela Estrada da Solidão, na Chapada do Apodi. Anísio Batista, morador da Lagoa do Rocha, teria sido o primeiro a ver Lampião e, inclusive, anunciado sua chegada. “Então disse Lampião/ vá até Limoeiro/ pergunte às autoridades/ se recebe um forasteiro/ desprovido de maldades/ como um nobre cavalheiro”, poetizou Irajá Pinheiro, memorialista local e também membro da Academia Limoeirense de Letras, sobre o encontro inusitado.

Lampião fugiu de Mossoró carregando dois reféns: Dona Maria José do Catolé do Rocha e o Coronel Gurgel, sogro do gerente do Banco do Brasil potiguar. O cangaceiro queria, telegrafando de Limoeiro, cobrar de Mossoró 80 contos de réis como pagamento do resgate dos reféns. “Passei o telegrama para Mossoró, em caráter de urgência, e dentro de poucas horas obtive a resposta: ‘prefeito de Limoeiro, urgente. Seguiu portador, montado a cavalo, conduzindo numerário resgate prisioneiros’”. A informação é do próprio Custódio Saraiva, juiz de Paz, em entrevista ao boletim “Campus”, da Universidade Estadual de Londrina, em 1979, 52 anos depois da visita “ilustre”.

O bando de cangaceiros famintos foi “presenteado” com jantar no Hotel Lucas, no Largo da Igreja Matriz. A Prefeitura mandou matar um boi e sinhá Arcanja, escrava de Custódio, ficou de servir a tropa. Lampião, que não era besta nem nada, mandou gente da cidade provar da comida, pois poderia estar envenenada. Até pensaram em colocar algum negócio no “vinho”, mas desistiram, que bandido é cabra esperto. Lampião, então, admirador que era de Napoleão Bonaparte, era “gato escaldado”.

Dizendo estar em paz, já que em terra de Padre Cícero mal algum ele faria, Lampião passeou pela pequena cidade, e, na bodega de Getúlio Chaves, até comprou lenços vermelhos – à época adornavam a indumentária cangaceira. O bandido também levou uma ruma de perfume Quinta-Feira – tinha esse nome por fazer parte da tradição casamenteira e os matrimônios aconteciam nesse dia especial da semana.

Conta dona Lirete Saraiva, filha viva de seu Custódio, que seu pai “foi um homem forte, de encarar Lampião sem arma nem nada, defendendo a cidade”. De outro modo, o jornal “O Ceará”, de Fortaleza, reclamava “humilhação” porque passou Limoeiro por não enfrentar Lampião, enquanto Mossoró havia botado o homem pra correr sob balas.

Lampião era destemido e temido, mas o certo é que estava cercado pelos cearenses. Do telefone do Telegrafo, do qual se “apossou” para mandar seus avisos, ouviu o soar da corneta em Russas. Era a Polícia que já estava pronta para ir para Limoeiro. Não podendo mais esperar a chegada dos 80 contos de réis de resgate dos reféns, os cangaceiros fugiram pela banda dos Morros, onde havia umas pedras identificadas como “Gruta de Lampião”.

No município de Palhano, abandonaram os dois reféns, quando do embate contra os volantes da Paraíba e Rio Grande do Norte. Em seguida, Lampião deixava a região jaguaribana rumo ao Cariri de seu Padim Ciço, dado como o “salvador” do povo de Limoeiro..

Fonte: Jornal Diário do Nordeste
Jaqueline Aragão Cordeiro

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