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Entre histórias, cultura e os caminhos do nosso turismo, celebramos os encantos do povo cearense: saberes, curiosidades e tradições que embalam a alma do nosso lugar.

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O fogo das Guaribas

Jaqueline Aragão Cordeiro, 26 de novembro de 201012 de fevereiro de 2019

“O Fogo das Guaribas” refere-se à mais violenta batalha ocorrida no Ceará, no município de Porteiras, tendo como protagonista o considerado mais valente de todos os coronéis do sertão do Cariri, Francisco Lucena, conhecido por “Chico Chicote”, que não era propriamente um cangaceiro, mas um daqueles valentões típicos da sociedade sertaneja de 1920, no sul do Ceará.

“Nascido em 7 de janeiro de 1879, filho mais jovem do Capitão Francisco Pereira de Lucena , se destacava dos demais irmãos pela rebeldia e total desapego á autoridade constituída. De cor alva, olhos castanhos claros, cabelos pretos, esbelto, espadaúdo, estatura regular, usava bigodes e só falava gritando. Nada o atemorizava. Desafiava oficiais e soldados de “volantes” policiais. Certa vez, em casa de João Anselmo e Silva, investia de chibata em punho contra o Padre Raimundo Nonato Pita, pelo simples fato de o sacerdote haver convidado, em sua presença, o dono da casa para uma conversa em particular. No dia seguinte, porém, mandava pedir desculpas ao Padre Nonato. Algumas vezes, costumava deitar-se numa rede e mandava dois “cabras” cortarem as cordas. Saltava, então, com a agilidade felina e caia em pé”. Chicote era, como se vê, um verdadeiro gato, um felino. Implacável para os inimigos, mostrava-se de uma lealdade a toda prova com os amigos.

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Ruínas da casa

Confundiam-se, é claro, pela insolência e coragem com os bandoleiros encouraçados que infestavam o vale do Cariri e o alto sertão de Pernambuco e Paraíba, que faz fronteira com o Ceará. Pertencia Chico Chicote a uma das mais antigas e tradicionais famílias de Brejo dos Santos, terra do grande historiador cearense Padre Antônio Gomes de Araújo.

[Guaribas+Ruinas+de+Chico+Chicote+(11).JPG]
Ruínas da casa

Mas, acabou enfrentando uma das paradas mais duras da história sangrenta do Nordeste. O Coronel José Amaro, um potentado local, deu prazo a um inimigo para sair de Brejo dos Santos. Tomando as dores do escorraçado, foi o próprio Chicote quem acabou intimidando o coronel a abandonar o município. O coronel foi para o sertão de Pernambuco, lá morreu sem pôr mais os pés em Brejo dos Santos. A família de Amaro não perdoou essa de Chicote e começou a luta entre Amaros e Lucenas.

http://1.bp.blogspot.com/_-l9OVTXgoMQ/S4chGdtu-wI/AAAAAAAACCQ/SAamNNoOutI/s320/Guaribas+Ruinas+de+Chico+Chicote+(27).JPG
Ruínas da casa

O irmão de Chico Chicote, era o prefeito de Brejo Santo, Quinco Chicote, e por muitas vezes precisou usar toda a força política e ainda amargar alguns dessabores em função da ação truculenta do irmão rebelde. Em determinado momento lideranças de Brejo Santo enviaram telegrama ao Presidente do Ceará; Moreira da Rocha; com queixas contra Chico Chicote, e pediam providências às forças do estado. Ato contínuo o mandatário maior do estado designou a volante do tenente José Bezerra, estacionada em Jardim, para atender ao pleito lhe enviado. O Tenente José Bezerra havia partido de Brejo Santo dizendo aos quatro ventos que iria em perseguição a Lampião, que de fato se encontrava ali perto, também na Serra do Araripe; Entretanto naquela madrugada do dia 1 de fevereiro de 1927, a volante seguiu direto para o sítio Salvaterra, com o intuito de efetivar o primeiro “acerto” daquela empreitada: Matar Antônio Gomes Granjeiro; crime encomendado pela família Salviano, inimiga de Chico Chicote e que se encontrava sob a proteção do poderoso Zé Pereira de Princesa.

Depois seguiram para a casa de Chicote, que trabalhava no campo, quando sua casa foi cercada pela “volante” do tenente José Gonçalves Bezerra. Um amigo de Chicote, de nome Joaquim Morais, o primeiro a tentar resistir, foi logo morto. Duas outras “volantes”, uma pernambucana e outra paraibana, que se achavam próximas, inclusive reforçadas por cangaceiros da família Salviano, inimiga de Chicote, vieram reforçar o cerco. Foi uma das brigas mais “feias” daqueles tempos do cangaço. Mais de quatrocentos soldados e cangaceiros investiam furiosamente contra a residência de Chico. Combate furioso. Lampião, que se achava nas imediações com seu bando, num lugar chamado Malhada Funda, no cinto do Chapadão Araripano, assistiu e se deliciou com a resistência oposta por Chico e seus poucos “cabras” aos soldados e cangaceiros de três estados. E comentou: “Se Chicote fosse meu amigo eu estava lá…”

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Ruínas da casa

Quando a polícia penetrou na casa de Chicote, que já brigava sozinho, pois tinha perdido seus “cabras”, encontrou o valente de joelho em terra, amparado à parede, na posição de atirar, com o derradeiro cartucho na culatra do rifle. A pele do seu corpo inteiramente negra e o rosto, as mãos e os braços ainda sujos da fumaça da pólvora, constatam a prova das 36 horas de fogo intenso.

O cerco da casa de Chico Chicote, um dos episódios mais famosos da crônica cangaceira do Nordeste, deu-se no sítio Guaribas, propriedade do atacado. No auge do combate, um “cabra” de Chicote, de nome Caipora, a quem o valente aconselhara a abandonar a refrega e salvar-se, mostrou-lhe sua lealdade com essas palavras: “Eu sempre lhe disse que no lugar onde lhe matassem o meu cadáver seria encontrado a duas braças do seu. Agora, chegou a hora de cumprir a minha palavra.”E continuou, ao lado do amigo, a mandar bala contra os quatrocentos homens das “volantes” de 3 estados até serem mortos naquele dia.

Fonte 1: Portal da história do ceará
Fonte 2: Blog Cariri Cangaço
Jaqueline Aragão Cordeiro

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Comments (6)

  1. nelson pereira gonçalves disse:
    23 de dezembro de 2012 às 17:54

    sou tataraneto de joaquina pereira e José pereira moro na Bahia ambos natural de porteiras que pertencia a brejo santo em 1909 se tiver algum parente dessa família pereira, mantenha contato comigo pelo mail,nelsinhogs@hotmail.com

    Responder
  2. nelson pereira gonçalves disse:
    23 de dezembro de 2012 às 18:06

    sou tataraneto de joaquina pereira e Jose pereira ambos de porteiras veio para Bahia em 21 de setembro de 1909 por motivo de uma desavença entre duas famílias, com conselho do padre cicero na época chamado a porteiras para conselhar as famílias em guerra, o padre pedi que Jose pereira fosse pra Bahia a um chamado vila nova da rainha que hoje se chama senhor do Bonfim par uma fazenda do coronel Rufino amigo do padre cicero..onde ele e sua família iriam ficar alguns anos que mais neguem iria mais criar atritos a sua família outros membros da família pereira foi para goias amazonas e não dero mais noticias ate hoje.

    Responder
  3. Hélio Lucena disse:
    30 de janeiro de 2018 às 16:55

    Sou Hélio Lucena filho de Francisco Lucena nascido em Brejo dos Santos em 1927 falecido em 18/11/2017 filho de Totonho ” não conheci meu avô” e de Maria Salomé falecida em Sumaré S.P. à muitos anos. Não me cansava de houvir os relatos de minha falecida avó,meu pai e tias a respeito desta tragédia em Brejo dos Santos, sempre evidenciando o grande saque feito pelas volantes nos bens da familia ouro,joias dinheiro etc.

    Responder
    1. José Antônio de Lucena disse:
      25 de novembro de 2023 às 12:34

      Sou José Antônio de Lucena
      Neto de Joaquim Antônio de Lucena
      Que era sobrinho e cabra de Chico Chicote . O vovô contava essa história.
      Moro em Fênix estado do Paraná

      Responder
  4. Bruno Yacub disse:
    7 de novembro de 2018 às 09:18

    Prezados, sou de Brejo Santo-CE e junto à Hérlon Fernandes Gomes estamos realizando pesquisas para elaboração de um trabalho literário sobre o Fogo das Guaribas intitulado “Quem Matou Chico Chicote?”.

    Por favor, quem tiver maiores informações sobre os fatos ocorridos, como também documentos, fotos e principalmente relatos dos personagens envolvidos, entrem em contato conosco:

    Bruno Yacub: (88) 9 9906 0046 – byacub@gmail.com

    Hérlon Fernandes: (69) 8127 2168 – herlon.herlim@gmail.com

    Muito obrigado.

    Responder
  5. José Antônio de Lucena disse:
    25 de novembro de 2023 às 13:19

    Como disse: meu nome é José Antônio de Lucena. Meu pai era sobrinho de Chico Chicote. No dia que começou o tiroteio na faz. Guaribas o vovô, meu tio e mais algumas pessoas estavam voltando da casa de Chico Chicote e encontraram os policiais que estavam indo pra faz. Guaribas. Alguém ainda perguntou se Chico Chicote estava com muitas pessoas. Disseram a quantia aí falaram que iam ver se ele sabia lutar. O vovô já estava com a família escondida numa cachoeira seca. Depois da tragédia chegou no local, Sebastião Cancão sem camisa e os cabelos cinzas e arrepiados cheios de fumaça. Pediu que olhassem em seu corpo pra ver quantos furos de bala havia. Só encontraram riscos de balas. No outro dia o vovô e meu tio foram no local da chacina e encontraram muitos soldados mortos.

    Responder

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