Tristão Gonçalves organizava a revolução de 1824, conhecida como “Confederação do Equador”, convocava partidários e não partidários, lhe bastava saber que eram homens de instrução. Nesse contexto convocou o Padre Gonçalo Mororó, que na época residia em Quixeramobim, este pediu dispensa alegando ser um padre do interior, sem conhecimentos suficientes para aderir a causa, mas na verdade, Padre Gonçalo Mororó não acreditava no sucesso da causa, pois o Ceará não tinha meios para sustentar-se sozinho e achava o ideal de Tristão sem fundamentos que firmasse o castelo comparado aos dos contos das “Mil e uma noites”. Tal desculpa não convenceu Tristão que o ameaçou de prisão, e assim, Padre Gonçalo se viu forçado a obedecer com a maior brevidade a convocação.
Morto Tristão Gonçalves e derrotados os confederados, foram conduzidos ao Rio de Janeiro e lá vistos por D. Pedro I. Olhando o imperador para o padre, que tinha apenas 44 anos, mas já tinha o cabelo branco como a neve. perguntou-lhe quem era, “Sou o Padre Gonçalo”, “Pois bem, – disse-lhe o imperador – Ide viver, meu padre velho, que não és mais capaz senão de compaixão, e que se use contigo de misericórdia”.
Indo então ao porto buscando uma forma de voltar ao Ceará, foi enganado por um capitão de um navio inglês que o trouxe como prisioneiro e o entregou a comissão militar que apressou-se em executar os culpados. Quase todos esses homens não eram na verdade culpados, pois abraçarão a sistema republicano por não conseguirem dissuadir Tristão de desistir do seu propósito.
Conduzido ao local do fuzilamento, um frade gaguejava, lendo em um livro, a encomendação de sua alma, dirigindo-se Padre Gonçalo Mororó ao frade disse-lhe: “Oh homem, nem por desgraça você sabe ler? Dê cá esse livro!…” E pegando o livro, ajudou a fazer seus próprios sufrágios. Ao vestir as roupas com que devia morrer e ser enterrado, vendo que era muito curta disse: “Louvado seja Deus, que a última camisa que me dão é sobre maneira curta.”
Conduzidos os réus às cadeiras onde seriam executados, quis o padre proferir algumas palavras, mas O Comandante Conrado, a fim de não ouvir o que o padecente dizia, ordenou que atirassem. O padre se encontrava com a mão no peito, e tão certeiro foi o tiro que decepou-lhe três dedos, sem murmurar uma palavra sequer, inclinou a cabeça para o lado e espirou.
Fonte: Revista do Instituto do Ceará – Memórias do professor Manoel Ximenes de Aragão (Sobrinho de Padre Mororó)
Jaqueline Aragão Cordeiro
gostaria de ter conhecido meus parentes dessa familia mororo só sei que meu pai era um mororo