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Padre Verdeixa, o “Canoa Doida”

Jaqueline Aragão Cordeiro, 27 de junho de 201228 de junho de 2017

Alexandre Francisco Cerbelon Verdeixa, nasceu no Crato em 03 de janeiro de 1803 e foi batizado no dia 14 do mesmo mês pelo padre Antônio Gomes. Faleceu em Fortaleza, no dia 18 de outubro de 1872.

Era filho de Feliciana Maria da Conceição, moça solteira, e seus avós maternos eram o alferes João Mendes Monteiro e Maria dos Milagres dos Anjos, mãe e avós eram naturais da vila de Goiana em Pernambuco. Feliciana casou-se com o professor de Joaquim Teotônio Sobreira, após o nascimento de Verdeixa.

O comportamento excêntrico de Verdeixa começou aos 21 anos quando participou da Confederação do Equador em 1824, sendo depois anistiado por renunciar a causa confederativa, o que fez José Martiniano de Alencar acusar o antigo companheiro de infiel. Verdeixa esforçava-se para se reconciliar com o amigo, fazendo oposição a Joaquim Pinto Madeira, considerado pela família Alencar, desde 1817, seu maior inimigo.

Ordenou-se padre em Pernambuco em 1830 e daí foi como vigário para a freguesia de São Vicente Ferrer de Lavras (Mangabeira), no ano seguinte foi transferido para Fortaleza, na mesma época em que o Senador Martiniano de Alencar voltava como presidente da província do Ceará, e por quem foi tratado com indiferença, e a esta, correspondeu com ofensas, dando assim, início a sua fama de “excêntrico”.

Em 08 de novembro de 1831, o Conselho da Província, órgão predecessor  da Assembleia Legislativa, criava decreto extinguindo as missões jesuíticas das vilas de Arroches (Porangaba), Soure (Caucaia) e Messejana (Paupina), Verdeixa atribuiu esse fato a Martiniano, que defendeu-se da responsabilidade alegando que a resolução partiu do Conselho da Província, órgão superior a ele. Essa resolução causou inquietação entre os vigários, tanto quanto a às consequências quanto ao seu ministério e condições de vida, bem como aos habitantes, muitos deles descendentes dos antigos índios das aldeias e proprietários da terra. Ficavam ainda mais inseguros quanto aos direitos dos índios, pois ao passarem a morar em novos municípios, as respectivas câmaras municipais  agiriam em função dos interesses próprios.

Surgiu então, o padre Verdeixa tentando amotinar os índios de Arronches, reagindo o presidente Alencar, mandou que o prendessem e enviassem para a cadeia da capital, o que não aconteceu porque conseguiu fugir para a serra de Baturité. Ali, o padre Verdeixa teve acolhida no Engenho Novo cujo proprietário era o Cap. Francisco Germano Ferreira Lustosa. O presidente Alencar, levando em consideração a amizade que tinha por Joaquim Teotônio Sobreira, padrasto de Verdeixa, mandou oficio ao Juiz de Paz de Baturité, no dia 13 de novembro de 1836, tornando nula a ordem de prisão que havia expedido anteriormente contra Verdeixa, desde que este continuasse residindo na cidade serrana e se mantivesse quieto.

No dia 15 do mesmo mês, o Juiz e Paz de Acarape, comunicou ao Presidente Alencar, que por ali passara o padre Verdeixa, o mesmo aconteceu no dia 19, quando o Juiz de Paz de Jubaia, fez o mesmo comunicado ao presidente, que comunicou aos informantes, não perseguir mais, por ora, o fugitivo.

Como peregrino, parece ter vivido vários meses sem qualquer desavença com as autoridades até que novo golpe foi desfechado contra os índios de Arroches, pois foi extinto em 14/07/1837, o acordo feito com os mesmos, quando então, voltou à cena em defesa deles. Estava interinamente na Presidência, de 25/11 a 16/12 de 1837, o Major João Facundo de Castro Menezes, que expediu mandato de prisão contra Verdeixa, para todos os juízes de direito da província, aparentemente sem resultado.

Em 1938, passou Verdeixa pelo Maranhão, mas parece não haver encontrado ali meios para sustentar-se, então voltou ao Ceará, escapando a nado, pois o navio em que viajava naufragou. Tanto sofrimento o fez voltar disposto a fazer as pazes com Alencar, que assumira novamente a presidência em 20/10/1840. Recebeu então do velho amigo, o cargo de professor de latim da vila de Icó, de onde o presidente transferiu para Quixeramobim o professor que ocupava esse lugar, o padre Manuel Roberto Sobreira.

Não durou muito a nova função de Verdeixa, pois em 09/05/1841 foi empossado presidente o brigadeiro José Joaquim Coelho, e no dia 27 do mesmo mês, anulou a portaria de Alencar, fazendo voltar a Icó, o padre Manuel Roberto Sobreira e transferiu Verdeixa para a vila de São João do Príncipe (Tauá). Essa nomeação foi recebida com receio pela Câmara da Metrópole dos Inhamuns, que enviou oficio ao Presidente, pedindo a remoção do mesmo para outra comarca. Assim, não assumiu o posto, pois além da recusa por parte da Câmara, foi acusado de envolvimento na morte do Major Facundo.

O período de maior intensidade política de Verdeixa, foi de 1848 a 1852, a partir daí, teve uma pausa de quase dez anos, quando voltou a agir contra o Presidente José Bento da Cunha e Figueiredo Júnior (1863/64). Participou fortemente dos movimentos políticos quando exerceu atividade jornalística, no bissemanário “A Liberdade”, onde fez forte oposição ao citado Presidente, processado, fugiu para o Rio de Janeiro, e novamente, contou com a ajuda de Alencar, para escapar da prisão e em busca de um pouco de paz para sua vida tão atormentada. Nada mais ouviu-se falar do padre Verdeixa daí em diante.

Fonte: Revista do Instituto do Ceará – “Onde e quando nasceu o padre Verdeixa”, “Dois padres: Alencar e Verdeira, Suas relações”, “Verdeixa esquecido no centenário de sua morte”, Portal da história do Ceará.

Jaqueline Aragão Cordeiro

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