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Coisa de Cearense
Jaqueline Aragão Cordeiro
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Entre histórias, cultura e os caminhos do nosso turismo, celebramos os encantos do povo cearense: saberes, curiosidades e tradições que embalam a alma do nosso lugar.

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Entre histórias, cultura e os caminhos do nosso turismo, celebramos os encantos do povo cearense: saberes, curiosidades e tradições que embalam a alma do nosso lugar.

Quintino Cunha

Jaqueline Aragão Cordeiro, 12 de março de 201315 de março de 2019

José Quintino da Cunha nasceu em Itapajé no dia 24 de julho de 1875 e faleceu em Fortaleza no dia 1 de junho de 1943. Foi advogado, escritor e poeta. Era filho de João Quintino da Cunha e de Maria Maximina Ferreira Gomes. Em 1877 a família transferiu-se para a vila vizinha de Imperatriz, onde nasceu sua irmã Maria Virginia, tratada carinhosamente de “Princesa”. Em seguida se mudaram para a vila de Santana, em Acaraú, e lá dona Maximina perde dois filhos pequenos: Virginia Maria e Antonio Corbiniano. Fugindo da seca de 1880 e da epidemia de varíola que assolava o Ceara, mudam-se novamente, agora para Baturité.

Nesta Cidade, seu pai, João Quintino da Cunha e o Padre Verdeixa fundaram o Jornal “A onda”, onde publicavam artigos em defesa da libertação dos escravos. Apesar de ser apontado como homem rude, era professor de latim e jornalista. Infelizmente não pode desenvolver seu dom jornalístico, pois veio a falecer precocemente.

Seus pais nunca tiveram posses, e a vida de mãe ficou mais difícil ao enviuvar com apenas 19 anos de idade. Para sustentar os três filhos, pois nessa época já tinha o caçula: João Quintino, dividia-se entre as funções de professora e costureira.

A infância de Quintino foi agitada e cheia de momentos alegras. Em 1884, na cidade de Caridade, em pleno sertão cearense, com apenas 9 anos de idade, tomou conhecimento das maravilhas da Amazônia, através do paroara, João Felix. Aos 10 anos de idade, já dava os primeiros sinais da sua “gaiatice”, era querido por todos, mas seu comportamento deixava a desejar. Em 1886, com apenas 11 anos, estreou na imprensa redigindo “O Álbum” e colaborando no “O Cruzeiro”, ambos em Baturité. Aos 13 anos fundou com Meton Filho, “O Eco Estudantil”.

A fim de resolver os problemas do filho indisciplinado, dona Maximina veio para Fortaleza para encontrar-se com o professor Anacleto Cavalcanti, diretor do Ginásio Cearense, uma respeitada instituição de ensino. Graças a benevolência do professor Anacleto, sensibilizado com a situação financeira da família, concedeu gratuidade ao aluno.

No Ginásio Cearense, Quintino pouco de interessava pelos estudos, dedicava-se mais a leitura de romances e poesias, organizando festas e em rodas de amigos, com as suas costumeiras travessuras. Nessa época, escrevia para o “Álbum” e o “Município”, jornais de Baturité, sem nada receber por isso. Em 1891 escreve “O Cabeleira”, baseado no romance homônimo de Franklin Távora. O objetivo era ressaltar o lado humano do cangaceiro. A publicação desse poema deu-se somente em 1902.

Ainda encantado pela Amazônia, matricula-se em 1893, na Escola Militar daquele estado. A indisciplina era sua companheira na instituição, tanto que chegou a ser prezo em 1894, mas foi absolvido. De férias, nesse mesmo ano, volta ao Ceará e segue para Guaramiranga na companhia do irmão João Quintino. Em 1895, quando ainda estava de férias, conheceu na cidade de Mulungu, a jovem Ana Magalhães Carneiro, apelidada carinhosamente de “Yayá”, filha de um rico comerciante português, Sr. Joaquim Vieira de Sousa e de Dona Maria Magalhães foi amor a primeira vista, e no dia 26 de fevereiro de 1895, casaram-se na Igreja Matriz de Mulungu. Durante a festa de casamento, algo inesperado aconteceu, Quintino foi preso por causa de uma dívida cobrada em juízo. Quintino e Yayá foram morar em Fortaleza, no bairro Benfica, em uma casa dada de presente ao casal, por seu sogro.

Em 1897 Quintino viaja para o Rio e Janeiro, com a ajuda de seu sogro, para cursar Direito, mas não cumpriu seu objetivo, e de lá, segue para Belém, abandonando o curso. Em Belém, com apenas 23 anos de idade, começa a trabalhar como rábula.

Em 1899 recebe a notícia do nascimento de seu primeiro filho, Osmar. Quintino então, retorna para o Ceará para o batizado do filho, em Guaramiranga, pois Yayá estava residindo com os pais naquela cidade. No ano de 1900 vai novamente para Manaus. Com a notícia da morte do sogro, volta ao Ceará e em 1904 nasce sua segunda filha: Maria de Lourdes, chamada carinhosamente de “Lourdite”.

Mais uma vez Quintino volta à Manaus, porém, dessa vez, leva consigo Yayá, que não aceitou mais que o marido viajasse sem ela. Os filhos ficaram com a avó em Guaramiranga. Grávida do terceiro filho, Yayá não resiste e falece em 20 de julho de 1905. Nesse mesmo ano, falece também seu irmão João Quintino.

Para amenizar a dor, se entregou ao trabalho de rábula e colaborou com o jornal “O Comercio do Amazonas”. Ainda em 1905, enquanto escrevia “Pelo Solimões”, deu-se seu encontro com Euclides da Cunha, nos igarapés dos rios amazonenses. Cedendo às reclamações de sua mãe, volta nesse mesmo ano ao Ceará, mas a permanência foi curta, em 1906 já está de volta ao Norte.

A publicação de “Pelo Solimões” se deu em Paris, em 1907. Esteve também em Portugal, onde o rei Dom Manoel II o agraciou com uma medalha de ouro, prestigiando seu talento.

De volta ao Ceará, inicia seu curso de Direito, diplomando-se pela Faculdade de Direito do Ceará em 1909, o anel de formatura foi presente de um cambista, conhecido por Velhinho Coelho, agradecido por Quintino ter defendido seu filho.

Ainda em 1909, no dia 17 de julho, casa-se pela segunda vez com Francisca Fialho Acceti (Quinquinha). Dessa união nasceram cinco filhos: Maria Virginia, Maria Ana, Plautus Cunha, Cleanto e Maria Maximina.

Em 1912 participa ativamente da campanha pró Rabelo e pela deportação de Nogueira Acioly. Estava na Praça do Ferreira quando a cavalaria partiu para cima da população na famosa “Passeata das crianças”, conseguiu esconder seu filho em um comércio, mas não se livrou dos golpes deferidos pelos cassetetes dos policiais. Foi deputado estadual entre 1913 e 1914 e percorreu o Cariri tentando resolver o problema do banditismo. Suas propostas mexiam com as estruturas do poder local, e logo se viu abandonado pelos colegas parlamentares. Mas seu mandato não passou ignorado, pois conseguiu evitar o fechamento da Faculdade de Direito do Ceará, sendo homenageado pelos estudantes em 11 de agosto de 1913; fez campanha em prol dos flagelados que se refugiavam nas cidades do interior em busca de comida; viajou para o Amazonas, a pedido do Governador Liberado Barroso, com o objetivo de trazer de lá, espécies que se adaptassem ao nosso clima, a fim de povoar os açudes, mas a empreitada não teve êxito por causa do nosso clima.

Tereza e Quintino

Viúvo de sua segunda esposa, conheceu em 1917, aquela que foi sua última esposa: Tereza Pires de Araújo, ela com 19 anos e ele com 42, casaram-se em 08 de outubro de 1917 e tiveram sete filhos: Tais, Nelda, Eitel, Rosemari, Dalô, Zir e Maria do Carmo. Em 23 de agosto de 1923, perde sua mãe Maximina, golpe do qual nunca se recuperou, como testemunhou seu amigo Leonardo Mota.

Em 1928 resolve dedicar boa parte de seu tempo na preparação de sua tese de doutorado, com o trabalho “O estilo na jurisprudência”. Em 1942 recebe dos magistrados cearenses, uma medalha em reconhecimento a sua postura ética com advogado. Seus últimos nos foram ao lado da família entre Quixeramobim e Fortaleza. Faleceu em sua residencia no Boulevard Visconde do Rio Branco, em 01 de junho de 1943.

Ficou bastante conhecido por seu estilo irreverente e carismático, suas “tiradas” revelavam o cearense gaiato e rendeu um livro escrito por seu filho Plautus: Flagrantes da vida genial de Quintino Cunha (Andotas do Quintino).

Teve seus casos contados pelo seu colega e conterrâneo Roberto Victor Pereira Ribeiro, na revista Cultivar Justiça de Porto Alegre-RS, no insigne jornal Diário do Nordeste e no Portal Direito-CE.

Quintino Cunha era, assim como Paula Ney e a maioria dos cearenses, um humorista nato. De tudo fazia graça, mantinha sempre o bom humor em todas as situações. As “tiradas” que veremos a seguir, são do livro “Anedotas do Quintino”, publicado por seu filho Plautus Accetti Cunha.

Na faculdade de direito, Leonardo fala a Quintino: – Olha Quintino, aqueles professores dando gargalhadas! Foi algumas que você disse? – Quando você ver esses professores rindo, pode acreditar que foi uma piada que disse há dois anos e eles estão compreendendo agora.

O Padre Dantas foi transferido para Baturité, e lá chegando, foi  levar umas cartas ao correio. Encontrou pelo caminho, o menino Quintino e lhe perguntou onde ficava o correio. Quintino respondeu: – Entre a direita, dobre a esquerda, tem uma praça e um prédio bem grande, é lá. O padre, vendo um menino tão esperto, o chamou para ir ao catecismo. – Pra quê? – Perguntou Quintino E o paciente vigário lhe respondeu: – Vou lhe ensinar o caminho do céu. E prontamente Quintino respondeu: – O senhor não sabe nem o caminho do correio!!!

Em sua infância, Quintino sempre brigava no colégio, numa dessas ocasiões, trocou socos com um primo. e este o ameaçou: – Vou te dar quatro bofetadas! – Só quatro? Deixe de ser sovina, vais me dar quatro, quando eu te dei mais de vinte!

Dicionário – Paroara – Nordestino residente na Amazônia

Fonte: Wikipédia / Quintino Cunha (Francisco José Souza) – Edições Demócrito Rocha / Flagrantes da vida genial de Quintino Cunha (Andotas do Quintino) de Plautus Cunha Jaqueline Aragão Cordeiro

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