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A origem da guerra entre os Montes e dos Feitosas

Jaqueline Aragão Cordeiro, 6 de dezembro de 20121 de março de 2019

“CAPITÃO DO MATO” – DE RUGENDAS

Os Montes apareceram na história do sertão cearense com o Capitão-Mor Geraldo do Monte. Vindo de Cotinguiba em Sergipe, funda uma fazenda no vale do rio Jaguaribe, no lugar chamado Boqueirão dos Orós, tendo conseguido grande sesmaria de terras devolutas, entre 1717 e 1718.Mais ou menos nessa época, Lourenço Alves Feitosa, conhecido como “Comissário”, vem de Sarinhaém, em Pernambuco, e se estabeleceu no mesmo vale, um pouco mais acima, na região dos índios Inhamuns. A princípio aliaram-se para vencer os índios “bárbaros”, e graças a força armada, tornaram os Cariús, Capixabas, Inhamuns, Jucás, Anacés e Jaguaribaras, seus subordinados. Mais tarde, Montes e Feitosas se desentenderam e, então, a guerra foi declarada.

Um irmão de Lourenço Feitosa, o Cel. Francisco Alves Feitosa, casou-se com uma viúva, irmã de Geraldo Monte. O Cel. Francisco ficou insatisfeito com o cunhado, quando, conduzido pelos chefes dos índios Jucás, penetrou na bacia do rio Jucá e reconheceu as vastas terras que até então, tinham dominado. O Monte, sabendo sabendo dessa descoberta, adiantou-se em solicitar do Governo Imperial, mais uma sesmaria, e a obteve, a despeito de seu cunhado. Todavia, deixou de se apossar desses terrenos, e então, passados seis anos, Francisco Feitosa conseguiu anular essa doação, e obteve para si a propriedade das terras.

Seguiu-se uma longa questão entre os dois poderosos rivais, os quais se armaram, não consentindo um, que o outro fosse medir as terras. Depois de muita contestação e de serem muitas vezes cortadas as cordas usadas para a medição do terreno, envolveu-se na briga o ouvidor Mendes Machado, conhecido como “Tubarão”. Por se pronunciar como juiz da questão e proteger a causa a favor dos Feitosas, ganhou o ódio de Geraldo do Monte. O ouvidor, não tendo meios de defesa e temendo o gênio violento e o poderio de Geraldo, pediu proteção a Lourenço Feitosa, que o levou consigo para o aldeamento do Miranda.

Aí então, começou a guerra. Geraldo do Monte com seus parentes e seus índios, atacaram-os no caminho, na altura do riacho Quixelô. Feitosa entrincheirou-se em seu acampamento e defendeu-se, conseguindo continuar a viagem, mas muitos foram mortos e feridos nessa disputa. Os dois rivais eram, como costume da época, comandantes de formações milicianas, reserva territorial criada desde o reinado de Dom Sebastião.

Nessa qualidade, regularizaram seus acostados, formando pequenos exércitos de índios e mamelucos. A crueldade e morticínio praticados no decorrer da luta, ficaram na memória de todos, principalmente as ações bárbaras dos índios. Alguns sangravam os opositores feridos e bebiam seu sangue, outros despiam os mortos para se apossarem de suas roupas, e ainda matavam os agonizantes no campo de batalha.

O ouvidor “Tubarão” era inescrupuloso. Tomou posse em 1723 e logo caiu no desagrado dos moradores da Vila de Aquiraz  um ano depois foi obrigado a retirar-se para o povoado de Acaraú, onde depois de várias prisões injustas, causou mais descontentamento. Ao ser levado para o Cariri, pelos Feitosas, mandou o Cap. João Ferreira da Fonseca, aliado de Francisco Feitosa, prender Geraldo do Monte, no Jaguaribe. Seguiram nessa diligencia, 800 índios Inhamuns, os quais cometiam as maiores atrocidades por onde passavam.

Todos os inimigos do “Tubarão”, aliaram-se aos Montes, e conseguiram o apoio do Senado, da Câmara da capital e do próprio Governador Manuel Francês. Os Feitosas atacaram os aliados dos Montes, que se reuniram para exigir a retirada do ouvidor, travou-se então, um combate que resultou em 30 mortos. Os desmandos continuaram e a Câmara de Aquiraz declarou-se solidária ao povo, forçando Mendes Machado a deixar o Ceará e voltar para Lisboa, onde foi queixar-se ao Rei.

Do império, veio a ordem para o governo da capitania por um fim na escandalosa contenda, de nada adiantando, pois Geraldo do Monte, matou na ribeira do rio Salgado, até um Juiz ordinário que seguiu para tentar um conciliação. O governo local relutava em cumprir as ordens do reino.

Francisco Alves Feitosa, prudentemente, retirou-se para o sertão de Piaui, onde ainda mandou matar na fazenda Cabaças, nove pessoas da facção dos Montes, inclusive dois irmãos de Geraldo, que teve que se esconder no boqueirão dos Orós, onde acredita-se, veio a falecer. Mais tarde, acalmados os ânimos da luta, Francisco Feitosa voltou para sua fazenda Cococi, e ali, morreu sem ser mais incomodado.

Fonte: À margem da história do Ceará, Gustavo Barroso, 1962.
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Jaqueline Aragão Cordeiro

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