A formação etnográfica e cultural do cearense é obra do índio e do europeu. É mínima a participação do negro. E daí se explica que a quase totalidade das manifestações do folclore cabeça chata, só esporadicamente (caso dos “congos”) mostre alguma procedência africana.
BUMBA-MEU-BOI – Tem como figura central, evidentemente, o boi. Representa-o um arcabouço de madeira coberto de pano ordinário e colorido, com uma pessoas recurvada dentro e que, no desenrolar do drama pula, dança e berra. Quase todos os municípios cearenses o encenam, como igualmente, na periferia da capital, onde se fixam os sertanejos que para aqui migraram. “O meu boi morreu, / o que será de mim / manda buscar outro / maninha / lá no Piauí”. Eis um trecho que compõe a parte semifinal desta dança dramática do folclore cearense.
CABAÇAIS DO CARIRI – O nome cabaçal é pejorativo, em virtude de a caixa, o zabumba e os pífaros – seus instrumentos básicos – fazerem um ruído semelhante a muitas cabaças secas entrechocando-se. São dança e música, de ritmo forte, tanto que os cabaçais eram também chamados de “esquenta mulher”, porque, à sua chegada ou passagem, o mulheril se afogueava.
TORÉM – É dança que Almofala (Acaraú), nos legou, como uma herança dos índios tremembés, que habitavam a região. Ao sabor do mocororó – aguardente do cajú – cerca de 20 caboclos (homens e mulheres) iniciam a dança ao ritmo do “aguaim”, espécie de maracá, empunhado pela figura do “chefe”.
DANÇA DO COCO – Na praia de Majorlândia, município de Aracati, ainda se pode presenciar exibições de dança do Coco, também denominada de pagode, zambé, bambelô. É apresentado ao som de caixas, pandeiros, ganzás, íngonos, numa batida contagiante. Homens e mulheres reunem-se em roda, com um solista no centro, fazendo passos ritmados, “puxando o côco”, e ao cumprimentar e a despedir-se dos parceiros com umbigadas, fazendo vênia ou com batida do pé. E a entoarem quadras, emboladas, sextilhas e décimas, puxadas pelo refrão. Um bailado indígena, dos tupis do litoral.
PAU-DA-BANDEIRA – É festa da Barbalha (Crato), anualmente realizada próximo à comemoração do Dia de santo Antônio. Um enorme tronco de árvore, antecipadamente escolhido, é conduzido ao pé da serra do Araripe até a Igreja da cidade, por mãos de fortes caboclos. À passagem do séquito, as mulheres solteiras procuram tocar no tronco que passa, debaixo da crença segundo a qual caso consiga, cedo casará. É uma festa a que todo o Cariri comparece, pelo sabor de tradição que o espetáculo mostra.
Fonte: ceara.com.br
Jaqueline Aragão Cordeiro