Skip to content
Coisa de Cearense
Jaqueline Aragão Cordeiro
Coisa de Cearense

Entre histórias, cultura e os caminhos do nosso turismo, celebramos os encantos do povo cearense: saberes, curiosidades e tradições que embalam a alma do nosso lugar.

  • Home
  • Quem Somos
Coisa de Cearense

Entre histórias, cultura e os caminhos do nosso turismo, celebramos os encantos do povo cearense: saberes, curiosidades e tradições que embalam a alma do nosso lugar.

O primeiro acidente aéreo do Ceará

Jaqueline Aragão Cordeiro, 8 de julho de 201129 de junho de 2017

JUNKERS D. 28 AO PARAR EM ARACATI PARA ABASTECER – FONTE: ARQUIVO NIREZ

Em 22 de janeiro de 1923, saíram de Cuba dois aparelhos, ambos empreendiam a Raid (viagem através de uma região ou pais) Havana – Rio de Janeiro – Buenos Aires. O primeiro hidroavião era tripulado pelos jovens alemães Hermann Mueller, 27 anos, e Werner Junkers, 21 anos, este último, filho do fabricante do avião que levava seu nome, o outro por Willy Thill. Infelizmente Willy sofreu um acidente na bacia do Marajó, no Pará, onde perdeu a vida e um dos hidroaviões. Contudo, Hermann e Werner não se deixaram abater e prosseguiram com sua incursão. Passariam por São Luiz (MA), Camocim e Aracati, dali, rumariam para o Rio Grande do Norte e depois Recife.

No dia 25 de junho de 1923, passou por Camocim o “Junkers D. 218”, com Hermann e Werner. No dia 24, exatamente as 12:20 hs, sobrevoou Fortaleza, o povo transbordava alegria e acenava com as mãos. Nas proximidades do Armazém Frota Gentil, foi lançado do hidroavião um envelope. Populares recolheram, e diante do entusiasmo não quiseram saber quem era o destinatário e o abriram. Ali tinha uma mensagem do Prefeito de Camocim que dizia: “Ao Sr. Prefeito de Fortaleza(Adolfo Siqueira) e ao povo da capital do estado, o prefeito de Camocim saúda e recomenda os bravos tripulantes do Junkers D. 218. Camocim, 25 de junho de 1923. a) Francisco Nelson Pessoa Chaves”.

Às 1h30min, o hidroavião descia no Jaguaribe, em Aracati. Poucas vezes se viu tanta gente reunida como naquele dia. Quase toda a população se deslocou para as margens do rio para ver de perto o avião e os dois jovens. Calculou-se que ali houvesse 10 mil pessoas.

A permanência em Aracati foi de apenas duas horas, Hermann e Werner tinham pressa, pois desejavam o Cabo São Roque ainda com a luz do dia. Não aceitaram sequer, alimentação, e as 3h25min, o Junkers D. 218 levantava vôo. Diante do olhar atônito da multidão, ao tentar fazer uma curva, o avião se precipitou no solo, ouviu-se uma forte explosão, seguida de um incêndio devorador. A água não surtiu efeito e o povo valeu-se de areia, ali abundante, para controlar as chamas. Quando o fogo se extinguiu, em meio ao que restava do Junkers D. 218, estavam os corpos carbonizados dos dois jovens pilotos. Dentre os poucos pertences que conseguiram resistir as chamas, estava o relógio de Hermann, o qual marcava a hora exata do desastre: 3h27min. Tudo indica que a causa da tragédia fora a hélice que se quebrou, pois um dos seus pedaços foi encontrado distante do local onde caiu o avião.

O prefeito municipal, Cel. Antonio Leoncio, decretou feriado por dois dias, em sinal de pesar pelo trágico acontecimento. Os corpos dos aviadores foram expostos no edifício Legislativo de Aracati, sendo velados por grande parte da população, durante o resto da tarde e toda a noite. No dia seguinte foram sepultados no Cemitério São Pedro.

Um ano e pouco depois, erigia-se em Aracati um monumento aos dois jovens, financiado por um grupo de admiradores e com a colaboração das colônias alemãs de Belém, São Luis, Fortaleza e Rio de Janeiro. Na entrada da cidade, na rua Conselheiro Liberato Barroso, foi levantada uma coluna de mármore branco, da Itália, com três metros e meio de altura, onde se lia a seguinte frase em alemão e português: “A memória dos aviadores alemães que morreram aqui no vôo Cuba-Rio de Janeiro – Werner Junkers, Hermann Muller e Willy Thill”.

No dia 14 de agosto de 1942, durante a segunda grande guerra, no momento da partida para Fortaleza da primeira turma de reservistas aracatienses, algumas pessoas exaltadas, demoliram a coluna de mármore, protestando contra a Alemanha de Hitler. Naquele momento, esqueceram o que significava aquela coluna na história da aviação e o sacrifício de Hermann e Werner.

Fonte: Revista do Instituto do Ceará – Primeiro desastre de aviação no Ceará
Jaqueline Aragão Cordeiro

Compartilhe isso:

  • Clique para compartilhar no Facebook(abre em nova janela) Facebook
  • Clique para compartilhar no X(abre em nova janela) 18+
  • Clique para enviar um link por e-mail para um amigo(abre em nova janela) E-mail
  • Clique para compartilhar no Tumblr(abre em nova janela) Tumblr
  • Clique para compartilhar no WhatsApp(abre em nova janela) WhatsApp
  • Clique para imprimir(abre em nova janela) Imprimir
  • Clique para compartilhar no Pinterest(abre em nova janela) Pinterest

Curtir isso:

Curtir Carregando...
História do Ceará

Navegação de Post

Previous post
Next post

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Para Hoje

Eu sou a nata do lixo, sou o luxo da aldeia, sou do Ceará. (Ednardo/Terral)

Acesse meus livros digitalmente através do site livrosdigitais.org.br

Clique na imagem abaixo e dê muitas gargalhadas com as gaiatices do nosso povo

setembro 2025
D S T Q Q S S
 123456
78910111213
14151617181920
21222324252627
282930  
« ago    

Você é nosso visitante

Categorias

  • A inquisição no Ceará (9)
  • Acontece no interior (10)
  • Acontece por aqui (32)
  • Agricultura (6)
  • Anônimos da história (24)
  • Artesanato Cearense (15)
  • Árvores da caatinga (20)
  • Bem cearense (6)
  • Casarões e Monumentos históricos do Ceará (20)
  • Ceará em destaque – Vídeos (36)
  • Cidades Cearenses (58)
  • Coisa de cearense (215)
  • Coisas do sertão (10)
  • Conhecendo o Ceará (150)
  • Contos (2)
  • Contos de Leonardo Mota (10)
  • Crônicas de Ariano Suassuna (3)
  • Curiosidades (22)
  • Família Barbosa Cordeiro (15)
  • Família Ximenes de Aragão (15)
  • Folclore, Crenças e Costumes (18)
  • Fotos (50)
  • Gaiatice (223)
  • Gente que acontece (47)
  • Governadores do Ceará (11)
  • História do Ceará (175)
  • Igrejas do Ceará (17)
  • Índios do Ceará (11)
  • Inventores e invenções (4)
  • Mestres da cultura do Ceará (18)
  • Música & Poesia (27)
  • Notícias (13)
  • Patrimônio histórico cearense (24)
  • Personalidades cearenses (169)
  • Rios e açudes do Ceará (23)
  • Sabores (20)
  • Turismo no Ceará (30)

Comentários

  • Jaqueline Aragão Cordeiro em Os Ximenes de Aragão
  • Francisco José Dias Tomaz em Os Ximenes de Aragão
  • Casimiro Ribeiro Brasil Montenegro – Coisa de Cearense em Marechal Casimiro Montenegro
  • Joaquim de Oliveira Catunda – Coisa de Cearense em Padre Gonçalo Mororó
  • Nilton Aragão em Os Ximenes de Aragão
  • Jaqueline Aragão Cordeiro em Gaiatice – Perguntas sem respostas
  • Alexandre Aragão em Gaiatice – Perguntas sem respostas
  • Thais em A inquisição no Ceará – Aracathy: Heresias de um judeu
  • Francisco José Duarte em Juraci Magalhães
  • Miguel Noronha em Burra Preta

Faca uma viagem pelo Ceará passando as imagens abaixo

  • Casa de Padre Antonio Tomás, filho de Acaraú
  • Mosteiro dos jesuitas
    Mosteiro dos jesuitas
  • Imagens do estado do Ceará
    Imagens do estado do Ceará
©2025 Coisa de Cearense | WordPress Theme by SuperbThemes
%d