A libertação dos escravos no Ceará

Foi em Fortaleza que começou o movimento de libertação dos cativos. Um grupo de entusiastas formado por João Cordeiro, José do Amaral, Isaac Amaral, Frederico Borges, D. Maria Tomásia e outros, deu o primeiro grito de alarme, em sessão secreta, na qual ficou deliberado que, na semana seguinte, desapareceriam os escravos de A ou B. Com efeito. Cada membro daquele humanitário grupo, procurava entender-se pessoalmente com os cativos e incutia-lhes a ideia de liberdade. “Tome este bilhete e vá apresentar-se ao meu amigo fulano de tal, você não é mais escravo. É tão livre como eu. Somos iguais em tudo”. Continue lendo A libertação dos escravos no Ceará

Fortaleza e a Belle Époque

De 1860 até 1930 Fortaleza viveu movimentos sociais e culturais marcantes como o movimento abolicionista, nas décadas de 1870 e 1880 que culminou na libertação dos escravos no Ceará, em 25 de março de 1884, quatro anos antes de a abolição ser oficialmente decretada em todo o país, em 13 de maio de 1888. Francisco José do Nascimento, também conhecido como Chico da Matilde e mais ainda como Dragão do Mar, liderou a participação dos jangadeiros no movimento abolicionista negando-se a fazer o embarque de escravos no porto de Fortaleza. O movimento literário Padaria Espiritual surgido em 1892 foi pioneiro Continue lendo Fortaleza e a Belle Époque

O crescimento da cidade de Fortaleza

Com o definhar da indústria da carne seca (ocasionado pela forte seca de 1777/78) e a autonomia administrativa do Ceará e com as conseqüências da Revolução Americana de 1776 o que se viu no começo do século XIX foi o surgimento da cultura do algodão. Em 1810 chega em Fortaleza o viajante Henry Koster. Com o aumento das navegações direto com a Europa é criada em 1812 a Alfândega de Fortaleza. Neste mesmo ano tem início a reforma projetada pelo tenente-coronel de engenharia, Antônio José da Silva Paulet, da fortaleza e também é construído o primeiro mercado da cidade e Continue lendo O crescimento da cidade de Fortaleza

Beata Maria de Araújo

Padre Cícero não saia de sua igreja, ali, passava horas a fio, chegando a alimentar-se apenas uma vez ao dia e fora de hora. Com este modo de viver só na igreja, começaram as confissões e comunhões. O povo começou a dar o nome de “beata” às frequentadoras das comunhões diárias. Elas por sua vez, arranjaram um traje especial: todas vestidas de preto com as cabeças também cobertas por um xale preto. Mal apareciam-lhe os olhos. Entre elas distinguia-se uma cabocla chamada Maria de Araújo, filha de Antônio da Silva Araújo e Ana Josefa do Sacramento, nascida Maria Madalena do Continue lendo Beata Maria de Araújo

O Governo de Nogueira Acioly

Antônio Pinto Nogueira Acioly (Icó, 11 de outubro de 1840 — Rio de Janeiro, 14 de abril de 1921) foi um político brasileiro, presidente e um dos mais influentes políticos do Ceará durante a República Velha. Foi também maçom pertencente a loja Fraternidade Cearense. Formou-se em direito pelo curso jurídico do Recife, em 1864, quando acrescentou o Acioly da avó materna a seu nome. Nogueira Acioly – preferia escrever o nome com y – deveu ao sogro, o senador Pompeu, sua ascensão política. Sucede, ao fim do império, ao sogro na cadeira senatória, mas não chega a tomar posse devido Continue lendo O Governo de Nogueira Acioly

A Cerveja no Brasil, até chegar no Ceará…

“Cerveja Marca Barbante” foi a denominação genérica dada as primeiras cervejas brasileiras que, com sua fabricação rudimentar, tinham um grau tão alto de fermentação que, mesmo depois de engarrafadas, produziam uma enorme quantidade de gás carbônico, criando grande pressão. A rolha era, então, amarrada com barbante para impedir que saltasse da garrafa. Refrescante e de baixo teor alcoólico, a cerveja foi aos poucos conquistando popularidade no Brasil. Era também, conhecida como “cerveja de cordão” na região Nordeste. Devido à grande influência comercial que a Inglaterra exercia sobre Portugal nessa época, as cervejas inglesas dominaram o mercado brasileiro até meados do Continue lendo A Cerveja no Brasil, até chegar no Ceará…

Carnaúba

A Carnaúba (Copernicia prunifera) é uma árvore da família Arecaceae endêmica no semi-árido do nordeste brasileiro. Arvore símbolo do Estado do Ceará, conhecida como árvore da vida, pois oferece uma infinidade de usos ao homem: as raízes têm uso medicinal como eficiente diurético; os frutos são um rico nutriente para a ração animal; o tronco é madeira de qualidade para construções; as palhas servem para a produção artesanal, adubação do solo e extração de cera, um insumo valioso que entra na composição de diversos produtos industriais como cosméticos, cápsulas de remédios, componentes eletrônicos, produtos alimentícios, ceras polidoras e revestimentos. Por Continue lendo Carnaúba

Benjamin Abrahão Botto e o bando de Lampião

Benjamin Abrahão Botto (Zahlé, Líbano, c. 1890 – Serra Talhada, PE, 10 de maio de 1938) foi um fotógrafo sírio-libanês-brasileiro, responsável pelo registro iconográfico do cangaço e de seu líder, Virgulino Ferreira da Silva – o Lampião. Abrahão morreu assassinado durante o Estado Novo. A fim de fugir à convocação obrigatória pelo Império Otomano de lutar durante a Primeira Guerra Mundial, migrou para o Brasil em 1915. Foi comerciante (mascate) de tecidos e miudezas, além de produtos típicos nordestinos, primeiro em Recife, depois para Juazeiro do Norte, com dois burros (chamados Assanhado e Buril) e um cavalo (de nome Sultão), Continue lendo Benjamin Abrahão Botto e o bando de Lampião

fragmentos do cangaço, os sobreviventes

Poucos foram os que escaparam da morte na chacina que dizimou o bando de Lampião em 28 de julho de 1938, mostraremos aqui histórias de alguns sobreviventes ainda vivos ou falecidos recentemente. Moreno e Durvalina “Durvinha” fugiram para Minas Gerais após o ataque. Passaram dois anos fugindo a pé até chegarem em Minas, onde mudaram de identidade e fizeram pacto de silencio, nem mesmo os filhos conheciam sua história. Durvinha entrou no cangaço por conta da paixão que sentia por Virginio, cunhado de lampião. Após sua morte, foi tomada como esposa por Moreno, com quem teve seis filhos, e dois Continue lendo fragmentos do cangaço, os sobreviventes

AS “AVOANTES”

A avoante (Zenaida auriculata) é uma pomba campestre, que ocorre das Antilhas à Terra do Fogo, com distribuição isolada por todo o Brasil, formando bandos compactos na região Nordeste durante a migração. Essa espécie de pomba chega a medir até 21 cm de comprimento, com o dorso pardo, cabeça com duas faixas negras laterais, e manchas negras nas asas. Em certos períodos representa uma importante fonte de alimentação para populações locais da região Nordeste do Brasil. Também é conhecida pelos nomes de arribaçã, arribação, bairari, cardigueira, cardinheira, guaçuroba-pequena, juriti-carregadeira, pairari, pararé, parari, pomba-amargosinha, pomba-de-arribação, pomba-de-bando, pomba-do-meio, pomba-do-sertão, pomba-parari, pomba-pararu, rabaçã, Continue lendo AS “AVOANTES”

Liceu do Ceará

O Liceu do ceará é o terceiro colégio mais antigo do Brasil, pertence ao patrimônio público do estado do ceará, foi criado no período imperial (século XIX), assim como alguns colégios contemporâneos de outras províncias, inspirado nos moldes do Colégio Dom Pedro II, uma instituição-modelo de ensino criada em 1837 no Rio de Janeiro, então capital do império. No intuito de agregar cadeiras já existentes e facilitar a inspeção do ensino público no Ceará, em 15 de julho de 1844, o presidente da província, Marechal José Maria da Silva Bittencourt sancionou a lei n.º 304, criando oficialmente o Liceu: “Art. Continue lendo Liceu do Ceará

Teatro José de Alencar

Foi inaugurado oficialmente em 17 de junho de 1910 e apresenta arquitetura eclética, sala de espetáculo em estilo art noveau, auditório de 120 lugares, foyer, espaço cênico a céu aberto e o prédio anexo, com dois mil metros quadrados, que sedia o Centro de Artes Cênicas (CENA); o Teatro Morro do Ouro, com capacidade para 90 pessoas; a praça Mestre Pedro Boca Rica, com palco ao ar livre e capacidade para 600 pessoas; a Biblioteca Carlos Câmara; a Galeria Ramos Cotôco; quatro salas de estudos e ensaios; oficinas de cenotécnica, de figurino e de iluminação; o Colégio de Dança do Continue lendo Teatro José de Alencar

A Sedição de Juazeiro e a Guerra dos Jagunços

A Guerra civil que tomou conta do Ceará entre dezembro de 1913 e março do ano seguinte refletiu a situação da política interna do país, caracterizada pela disputa das oligarquias pelo poder. A vida política brasileira era marcada pelo predomínio de poucas famílias no comando dos estados; as oligarquias utilizavam-se da prática do coronelismo para manter o poder político e econômico. No início de 1912, a “Política de Salvações” do presidente Hermes da Fonseca atingiu o Ceará. A prática intervencionista acompanhada de um discurso moralizador serviu para derrubar a governador Nogueira Acciolly, representante das oligarquias tradicionais do estado, em especial Continue lendo A Sedição de Juazeiro e a Guerra dos Jagunços

Cangaço, um fenômeno nordestino

O cangaço foi um fenômeno ocorrido no nordeste brasileiro de meados do século XIX ao início do século XX. O cangaço tem suas origens em questões sociais e fundiárias do Nordeste brasileiro, caracterizando-se por ações violentas de grupos ou indivíduos isolados: assaltavam fazendas, sequestravam coronéis (grandes fazendeiros) e saqueavam comboios e armazéns. Não tinham moradia fixa: viviam perambulando pelo sertão, praticando tais crimes, fugindo e se escondendo. O Cangaço pode ser dividido em três subgrupos: os que prestavam serviços esporádicos para os latifundiários; os “políticos”, expressão de poder dos grandes fazendeiros; e os cangaceiros independentes, com características de banditismo. Os Continue lendo Cangaço, um fenômeno nordestino

Caldeirão de Santa Cruz do deserto

O Caldeirão de Santa Cruz do Deserto foi um dos movimentos messiânicos que surgiu nas terras no Crato, Ceará. A comunidade era liderada pelo paraibano de Pilões de Dentro, José Lourenço Gomes da Silva, mais conhecido por beato José Lourenço. No Caldeirão, os romeiros e imigrantes trabalhavam todos em favor da comunidade e recebiam uma quota da produção. A comunidade era pautada no trabalho, na igualdade e na Religião. José Lourenço trabalhava com sua família em latifúndios no sertão da Paraíba. Decidiu migrar para Juazeiro do Norte, chegou em 1891, aos 13 anos de idade, com uma cruz nas costas Continue lendo Caldeirão de Santa Cruz do deserto