Juraci Vieira de Magalhães nasceu em 20 de setembro de 1931, em Senador Pompeu, região do Sertão Central cearense e faleceu em Fortaleza, no dia 21 de janeiro de 2009, vítima de um câncer no pulmão. Foi sepultado no cemitério Parque da Paz.
Saiu da cidade natal por divergências políticas do pai, Antônio Ferreira de Magalhães, para morar em União, hoje Jaguaruana. Em 1949, mudou-se para Recife, onde se formou em medicina (dermatologia).
Juraci, depois de ter regressado, passou no concurso para médico do Instituto da Aposentadoria e Pensão dos Comerciários (IAPC). Casou-se com Zenaide Magalhães, falecida em 24/08/2011, com quem teve dois filhos: Magalhães Neto e Nádia Benevides, esposa do ex-deputado Sérgio Benevides, que viria a protagonizar, em 1997, o maior escândalo de corrupção na administração de Juraci: o caso de desvio da merenda escolar.
Em 2012, Sérgio Benevides foi condenado no escândalo das merendas, pela Justiça Federal. Segundo denúncia do Ministério Público, empresas ligadas a Benevides foram beneficiadas pela venda superfaturada de merenda escolar à prefeitura de Fortaleza entre 1998 e 2000. Por suspeita no chamado “escândalo das merendas”, o então deputado pelo PMDB Sérgio Benevides foi cassado em 2004. O escândalo desviou R$ 1,3 milhão.
Em 1988, Juraci Magalhães foi superintendente do extinto Instituto Nacional da Previdência Social (INPS), indicado por Mauro Benevides, na época senador, e um dos primeiros aliados políticos do ex-prefeito.
Ele foi introduzido na política por intermédio do próprio Mauro. Os dois eram amigos e vizinhos no bairro de Fátima. Em 1974, Juraci Magalhães coordenou, em Fortaleza, a campanha vitoriosa de Mauro Benevides ao Senado. Depois, por indicação de Benevides, que presidia o diretório estadual do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), chegou à presidência da legenda na Capital.
Em 07 de janeiro de 2005 se desfiliou do PMDB, partido ao qual era filiado há 39 anos. Na saída, Juraci, bem ao seu estilo de declarações fortes, afirmou que não conseguia “assimilar um partido dirigido por quem não tem voto” quando teve divergências com Eunício Oliveira, presidente regional da sigla, e demonstrava insatisfação com a intervenção da direção estadual no comando municipal da sigla, sob seu controle até aquele momento.
Juraci ficou à frente da administração de Fortaleza por 10 anos e 09 meses, ao todo. Durante anos, esteve somente na burocracia do partido quando, em 1988, foi candidato a vice-prefeito de Fortaleza, na chapa vitoriosa, encabeçada por Ciro Gomes, assumindo o poder, os dois, em 1989. Sua indicação foi feita pelo então senador Mauro Benevides, presidente regional do PMDB. Antes, em 1986, havia sido coordenador da primeira campanha para governador de Tasso Jereissati, quando este era do partido.
Eleito vice-prefeito, passou um ano e três meses no cargo, quando assumiu a capital do Ceará, em definitivo, em 02 de abril de 1990, após Ciro renunciar ao mandato para a disputa do Governo do Estado. Poucos meses depois, estes romperam porque Juraci não acompanhou Ciro na decisão de deixar o PMDB para fundar o PSDB.
Nesse período, realizou várias construções, quando em 12 de agosto de 1991, chega a marca histórica de mil obras, sendo a milésima o prolongamento da avenida Desembargador Moreira. Com bastante popularidade, adquirida durante o primeiro mandato, Juraci conseguiu eleger, na eleição seguinte, em 1992 , em 1º turno, o seu secretário de Finanças, Antônio Cambraia.
Nessa época, voltou a clinicar como dermatologista e chegou a anunciar o fim da sua carreira política. Porém, em 1994, já retornara para disputar o Governo do Estado tendo como adversário, seu ex-aliado, Tasso Jereissati. Ele perdeu a peleja para o tucano, que se elegeu com 55% dos votos, contra 37%, melhor desempenho eleitoral do peemedebista fora da capital cearense.
Dois anos depois, foi eleito prefeito da Capital com 63% dos votos no 1º turno, na época, o maior índice registrado nas capitais brasileiras. Seu vice era Marlon Cambraia. No ano em que reassumiu a Prefeitura, foi descoberto um tumor no pulmão esquerdo do ex-prefeito. Mais precisamente em 12 de janeiro de 1997 anunciou o diagnóstico de câncer.
Também foi nesse período que denúncias de corrupção começaram a aparecer, como o famoso escândalo da merenda escolar, envolvendo o nome do deputado estadual Sérgio Benevides (PMDB), seu genro.
Três anos depois, foi reeleito, em 2000, com 53,9% dos votos no 2º turno em uma disputa com Inácio Arruda (PCdoB). Juraci permaneceu na Prefeitura até 2004 quando entregou o cargo para Luizianne Lins, em quem havia votado no 2º turno daquela eleição, afirmando ver na petista “a melhor opção”. Luizianne concorreu com Moroni Torgan (DEM), que, na época, era do PFL.
Quanto às obras de Juraci Magalhães não dá para citá-las aqui de memória. Mas estão aí, evidentes: o IJF; a nova Praça do Ferreira; as avenidas como Antônio Sales, Via Expressa, Washington Soares e outras; viadutos; Ponte da Barra do Ceará; escolas; Secretarias Regionais; Cursinho Pré-Vestibular gratuito “Nossa Vez”; Sistema Integrado de Transportes e Terminais; nova Praça do Ferreira; novo Mercado Central; abertura de ruas; asfaltamento geral; novo Mercado São Sebastião; reforma do Ginásio Paulo Sarasate; postos de saúde; pólos de lazer da Parangaba, da Messejana e da Barra; estátua de Iracema em Messejana, Aterro da Praia de Iracema (na antiga Av. Akidaban).
Marcaram a administração de Juraci tanto a popularidade quanto os altos índices de rejeição apontados no seu terceiro mandato, no qual foi marcado escândalos e desgastes políticos. Em 1993 quando entregou o cargo a Cambraia, teve 87% de aprovação. Já nas eleições de 2004 obteve 55% de desaprovação. É tanto que seu candidato, na época, Aloísio Carvalho, ficou em quinto lugar na disputa. O fundo do poço na política para ele, foi quando se candidatou a deputado federal, em 2006, pelo Partido Liberal (PL), obtendo apenas 31 mil votos, ficando somente na 2ª suplência. Nem nesses momentos, Juraci Magalhães perdeu o bom humor. Na época, questionado por jornalistas sobre o motivo da derrota, enfatizou: “faltou voto, meu filho”.
Na história de Fortaleza, Juraci Magalhães foi o administrador que ficou mais tempo (1990-1992 e 1997-2004) no comando do município cearense nos últimos 100 anos. Em primeiro lugar está o coronel Guilherme César Rocha que ficou 20 anos no comando da cidade nos anos de 1892 à 1912 na 1ª República.
Fonte: Jornal Diário do Nordeste / Jornal O Estado / Jornal O Povo / G1 / Jornal O Estado
Jaqueline Aragão Cordeiro
COISA DE CEARENSE