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Francisco Dias, um amigo anônimo de Martiniano de Alencar

Jaqueline Aragão Cordeiro, 12 de dezembro de 201020 de julho de 2017

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PADRE JOSÉ MARTINIANO DE ALENCAR

Fugindo das tropas que perseguiam os envolvidos na Confederação do Equador (1824), o padre José Martiniano de Alencar saiu de Exu e veio para o Ceará, na esperança que em sua terra natal fosse mais fácil se esconder. Chegando em Riacho da Brígida, hospedou-se numa pousada do lugar. Já se sentia aliviado, quando no terreiro da hospedaria, ouve um homem contar que um grupo de soldados se encontrava ali perto, a procura de um fugitivo. Ao ouvir tais comentários, Alencar sai em disparada pelos prados e matas que se estendiam a perder de vista. Foi dar em um sítio, onde moravam em uma cabana muito pobre, apenas um casal, Francisco Dias e sua esposa.

Naquele tempo não se batia em uma porta em busca de guarida à toa, ainda mais se a pessoa era um padre. Alencar contou a Dias todos os segredos que envolviam sua fuga e os castigos reservados aos chamados “inimigos da pátria”, conseguiu então, conquistar a simpatia e piedade do humilde homem, e ali viveu muito tempo sem que nada fizesse mudar de opinião o fiel protetor, que pobre como Jó, de tudo necessitava para o sustento próprio e das duas pessoas a quem agora se dedicava. Como uma forma de conhecer a fundo os movimentos dos perseguidores, Dias se alistou entre eles, e dessa forma, tornava impossível a captura de seu protegido.

Acalmada um pouco a efervescência dos ânimos partidários, Alencar julgou ser a hora certa para fugir para outra região, onde contando com amigos, esperava poder viver em paz, até cair no esquecimento. Pensou então, em ir até às margens do São Francisco, ou atravessando pelos sertões, chegar a Feira de Santana (BA). Enganou-se quem achou que a dedicação de Dias limitou-se em arriscar sua vida guardando o segredo de Alencar, os nobres sentimentos daquele sertanejo cearense foram mais longe, sabendo que as perseguições ao republicano ainda não haviam cessado, pôs-se com ele a caminho da Bahia, como seu guia e guarda-costas. A travessia, foi uma verdadeira luta contra a natureza, os terrores pelos quais passavam não é difícil imaginar para quem conhece o sertão. Quando tudo parecia que terminaria bem, Alencar foi preso e encaminhado às masmorras da Bahia, só então, se separaram aqueles dois homens fortes, tão diferentes na condição e na fortuna, tão distanciados pela inteligência, mas irmãos pela simpatia e pelos sacrifícios, que tinha sabido um despertar no outro. Passaram-se os anos e não se ouve mais falar em levantes republicanos contra a monarquia.

Uma região do Ceará, porém, se vê desolada com as atrocidades que o poderoso tenente coronel João André tem provocado em lutas com a família Cavalcante. Uns por instintos cruéis e outros para escapar da justiça por crimes anteriores, engrossam a cada dia, as fileiras de combatentes dos dois grupos. Mas graças a ordem do então presidente, os enérgicos soldados mandados para lá, põem fim ao banho de sangue na região. Foram condenados à pena máxima(morte) o tenente coronel e seus principais companheiros, pela série de atentados que lhe foram imputados. Em Icó e São Mateus é decretada a pena de morte contra alguns, entretanto, como haviam entrado com recurso para a capital, seguem  para Fortaleza sob a forte escolta de soldados armados.

Certo dia, o presidente da província recebe cartas em que um preso que ia ser submetido a julgamento, suplicava-lhe uma conferência. Esta lhe é concedida, avalie-se a surpresa do presidente quando ouve do “grande criminoso” sua história de inocência e dos atuais horrores de que é acusado, e maior ainda foi a surpresa, quando o presidente, padre Martiniano de Alencar, descobriu que aquele preso era Francisco Dias. “Vida por vida”, foi a resposta de Alencar. O prisioneiro voltou para sua cela, mas reunindo-se rapidamente o júri, o absorveu por unanimidade. De volta aos seus sertões, viveu Dias até 1875, sempre a repetir a frase “Faze o bem, não cates a quem”.

Leia mais sobre Martiniano de Alencar aqui

Fonte: Revista do Instituto do Ceará – Faze o bem e não cates a quem
Jaqueline Aragão Cordeiro

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  1. Lúcia Bezerra de Paiva disse:
    14 de dezembro de 2010 às 15:51

    Essa “passagem”, da Confedereção do Equador,eu desconhecia. Muito tenho lido, sobre esse tema. Meu pentavô. Antônio Bezerra Souza e Menezes, foi um dos condenados à morte, na Confederação do Equador, que teve sua pena comutada à prisão perpétua, com degredo para o Maranhão. Mas não chegou a sair do Ceará, morreu na prisão, aos 70 anos de idade. Não teve a mesma sorte que Alencar e outros…..

    São muito importantes, essas postagens…

    Responder

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