Sou cabra da peste – Patativa do Assaré

Nessa poesia de Patativa, reproduzimos fielmente a escrita, respeitando o linguajar do poeta.

Eu sou da terra que o povo padece
Mas nunca esmorece procura vencê
Da terra adorada, que a bela cabôca
De riso na boca zomba do sofrê.

Não nego meu sangue, não nego meu nome
Olho pra fome e pergunto: o que há?
Eu sou brasilêro, fio do Nordeste
Sou cabra da peste, sou do Ceará.

Tem munta beleza minha terra boa,
Derne o vale à serra, da terra ao sertão.
Por ela eu me acabo, dou a prope vida,
É terra querida do meu coração.

Meu berço adorado tem bravo vaquêro
E tem jangadêro que domina o má
Eu sou brasilêro, fio do Nordeste
Sou cabra da peste, sou do Ceará.

Ceará valente que foi muito franco
Ao guerrêro branco Soares Moreno
Terra estremecida, terra predileta
Do grande poeta Juvená Galeno.

Sou dos verde mare da cô da esperança,
Qui as água balança pra lá e pra cá.
Eu sou brasilêro, fio do Nordeste
Sou cabra da peste, sou do Ceará.

Ninguém me desmente, pois, é com certeza,
Quem qué vê beleza vem pro Cariri,
Minha terra amada pissui mais ainda,
A muié mais linda que tem o Brasí.

Terra da jandaia, berço de Iracema,
Dona do poema do Zé de Alencá,
Eu sou brasilêro, fio do Nordeste
Sou cabra da peste, sou do Ceará.

Sou cabra da peste – Patativa do Assaré

Jaqueline Aragão Cordeiro

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