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A colonização dos índios no Ceará

Jaqueline Aragão Cordeiro, 6 de maio de 201130 de março de 2017

Dia 15 de junho de 1714, o padre jesuíta João Antônio Andreoni, escreveu aos seus superiores narrando a luta entre os índios e os portugueses. Essa luta exigia constante sacrifício dos padres residentes na Ibiapaba, a fim de manterem a calma dos índios domesticados, para não se rebelarem com os portugueses.

Os chefes dos soldados residentes nas fortificações faziam dos índios seus escravos, além de os usarem como soldados para combater os inimigos nas florestas, não lhes pagavam por seu trabalho e ainda zombavam deles. Certa vez, reagindo um índio contra um de seus agressores e foi perseguido, mas como não conseguiram capturá-lo, decidiram vingar-se dos índios inocentes da povoação, feriram cruelmente ao chefe da aldeia, saquearam as casas e levaram cativas mulheres e crianças.

Começaram os índios a planejar uma vingança, sabendo os Tapuios, o que acontecera e vendo que as demais tribos não se declaravam em total revolta, pediram então não interferissem na guerra que iriam começar, o que realmente aconteceu. Começaram os Tapuios a matar fazendeiros e escravos e pilhar bois e cavalos. Outras tribos aderiram a guerra, o perigo cresceu com a entrada dos GUANASSENSES, estes, mataram na Parnaíba, o comandante dos soldados que os maltratavam e não os remunerava por seu trabalho, mataram também a mulher do chefe e puseram um fuga os soldados, matando na manhã seguinte, os soltados que restaram. Apoderaram-se das armas e munições, quase 300 espingardas, o que levantou o ânimo guerreiro dos Tapuios, acostumados a combater os portugueses com arcos e flechas, resolveram atacar a Serra da Ibiapaba.

Estava ausente o comandante que fora a Parnaíba com outros índios leais aos portugueses, no intuito de parar a revolta. Enquanto os rebelados passavam os dias comento, sem nada fazer, esperavam outros que haviam chamado para fortalecer o grupo, os padres da Ibiapaba tiveram a oportunidade de mandar um pedido de socorro ao Governador de Fortaleza. Nesse ínterim, o superior no comando, por necessidade, exerceu o cargo de comandante, preparando os soldados e índios aliados para a batalha, enviou espiões, provisionou mantimentos, ao mesmo tempo em que ajudava os padres a consolar as mulheres e orar nas igrejas, pedindo proteção a Deus.

Vendo-se indefesos os vaqueiros da região, pediram permissão ao superior e se refugiaram na povoação, aumentando assim, forças para a resistência, o que fez desaparecer o medo, lutaram com os índios matando quase 400 Tapuios, outros tantos ficaram feridos, outros fugiram e outros feitos escravos. Não bastassem todas as mazelas da guerra, os padres e índios haviam passado muitas necessidades por causa da seca, haviam dois anos que nenhum navio desembarcava no porto, depois veio a epidemia de varíola, aparecia sempre uma moléstia mais terrível que a outra, o que causou a morte de muitas pessoas.

No dia 24 de dezembro, veio a Ibiapaba o padre Antônio Guedes, onde se contava 3.000 índios cativos deixados aos cuidados dos padres. Lá encontrou um estranho que pretendia dividir a povoação e constituir novos chefes indígenas, dizia-se primo do grande chefe. Impondo sua autoridade concedida pelo Rei, o padre Antônio Guedes deixou claro a todos que cabia a eles a guarda dos índios, ficando aos comandantes, essa guarda apenas em épocas de guerra.

Temiam os padre, que os índios se que se revoltassem novamente, pois eram obrigados a servir aos Governadores do Ceará e Maranhão. Os maranhenses haviam pedido há pouco tempo 500 e agora 400 índios para lhes servirem, mesmo tendo esse estado um número bem maior de indígenas que o Ceará. Era vontade dos padres que os índios ficassem na Ibiapaba, tivessem o descanso merecido e pudessem plantar, viver com suas famílias e não viverem como escravos.

Tendo corrido notícia da descoberta de novas minas de ouro em Jaguaribe, facilmente iam os índios para as minas de onde não voltavam, como aconteceu no Rio de Janeiro, com isso, deixavam suas mulheres, filhos e filhas, que “desonradas”, se entregavam a prostituição para conseguirem sobreviver. Os portugueses então acusavam os padres de esconderem os índios para não servirem ao Rei, muitos eram procurados, não para servir ao Rei, mas para serem portadores das mercadorias que os negociantes enviavam para as minas. Lá, o padre Antônio Guedes acalmou uns revoltosos, instigados pelo mesmo estranho da Ibiapaba, com isso, os brasileiros lhe deram graças por ser o autor daquela paz.

No dia 24 de março de 1721, os padres da Ibiapaba haviam conduzido quase 5.000 índios da floresta para os aldeamentos da Ibiapaba e se esforçavam para socializá-los com os habitantes da povoação.

Fonte: Revista do Instituto do Ceará – Trechos de cartas  do Jesuita Pe. João Andreoni
Jaqueline Aragão Cordeiro

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