Sedição de Sobral, Rebelião de Sobral, Levante de Sobral e ainda Levante Torres-Jacarandá, foi uma rebelião ocorrida em Sobral, com o objetivo de depor o então presidente da província do Ceará, padre José Martiniano de Alencar e criar novas autoridades adeptos da monarquia.
Em meados de novembro de 1840, Martiniano foi até Sobral, acredita-se que essa ida, foi para garantir o triunfo do partido liberal nas eleições que se aproximava, pois era quase certa a vitória da oposição, o partido conservador. Para garantir a vitória, Martiniano destituiu do comando da força de linha, o Ten. Cel. Francisco Xavier Torres, oficial que acabara de lutar na “Balaiada”, enviando o oficial Bandeira para assumir o comando, mas Francisco Xavier não acatou as ordens recebidas e permaneceu no posto, contrariando Martiniano.
lém do Ten. Cel., Martiniano também demitiu outros oficiais, são eles: Alferes Luiz Xavier Torres, irmão de Torres, bem como seu cunhado, o Alferes Antônio José Lins d’Oliveira, o cel. de milícias Francisco Joaquim Souza Campello, o alferes de cavalaria miliciana Joaquim Ribeiro da Silva e o sargento de 1ª linha Joaquim Beserra de Albuquerque, muitos desses, também lutaram na “Balaiada”.
Joaquim Ferreira de Sousa Jacarandá havia elaborado um plano de ataque, mas Torres não quis seguir o plano, então, no dia 14 de dezembro, por volta de 8 horas da noite, ouviu-se o toque de corneta indicando o chamado da tropa. Reuniram-se um grande número de soldados, antecipadamente aliciados por Torres. Marcharam em para a casa onde se achava o presidente e abriram fogo em direção a residência, durando essa batalha até 7 horas da manhã, causando mortes e ferindo a muitos.
Por ordem de Torres, o Alferes Lins seguiu para o lugar chamado Marrecas, com 100 homens armados sob seu comando, a fim de ali manterem guarda e evitar a fuga de Martiniano para Fortaleza, durante a batalha. Mas, cada vez mais enfraquecidas as forças rebeldes, Jacarandá mandou chamar o grupo de Lins para fortalecer os revoltosos. Já era madrugada do dia 15, mas de nada adiantou esse reforço, poucos ainda permaneciam lutando, entretanto continuava o fogo, auxiliados por disparos vindos do sobrado de Domingos Braga.
Ainda durante a madrugada, muitos dos soldados de Torres desertavam ou fugiam para o palácio e se aliavam às forças do governo. Ao amanhecer do dia 15, por volta de 7 horas da manhã, acabava a batalha, das forças legais morreram dois soldados e muitos outros gravemente feridos, das forças rebeldes, não se tem conhecimento do número de perdas.
Com a derrota, os chefes da rebelião fugiram, o Ten. Cel. Xavier Torres, seu irmão Luiz Torres, o Alferes Lins, Antônio Carlos Jatahy, Jacarandá e o Sargento Beserra. Com alguns soldados, foram refugiar-se na fazenda Pacupú, na companhia do Alferes Joaquim Ribeiro, dali seguiram para Sam Benedicto, onde foi preso Vicente Correia da Costa, que acompanhava o Alferes Joaquim Ribeiro. Trazido para a capital, foi interrogado e seu depoimento serviu para nomear os chefes da rebelião, que foram processados.
Durante a batalha, o cel. Francisco Joaquim Campello, que estava preso na cadeia pública, foi libertado por um grupo de rebelados que atacou a guarda. Este fugiu para a fazenda de propriedade do major Joaquim Lopes dos Santos. À noite fora visto no lugar da batalha, depois, pela madrugada, por orientação de Jacarandá, retirou-se com um soldado. Informado sobre a derrota, voltou durante a noite seguinte para a casa de seus familiares, sendo avisado que uma escolta se preparava para prendê-lo, seguiu a pé, com seu afilhado, Ignacio José de Sá, para a serra do Rosário. Depois seguiu com Domingos de Paiva para a fazenda Intans, em Aracati Assu, onde permaneceu ignorado até mudar o governo, e livre da acusação, pode voltar.
Fonte: Revista do Instituto do Ceará – “Para a história de Sobral”
Jaqueline Aragão Cordeiro