Manoel da Rocha Franco, português, era casado com Maria Sanches de Carvalho, moravam em Portugal e mudaram-se para o Brasil na metade do século XVIII e foram morar em Recife. Vieram com eles seu cunhado Domingos Sanches de Carvalho a suas sete filhas do casal:
- Antônia Franco de Carvalho
- Senhorinha de Carvalho
- Anacleta da Silva de Carvalho
- Eugenia Gonçalves de Carvalho
- Agostinha Alves de Carvalho
- Lina de Carvalho
- Bernardina Sanches de Carvalho
A mudança da família para o Brasil se deu, por causa do namoro de sua filha Agostinha com o Alferes Antônio Domingues Alves, relacionamento esse não permitido pois o jovem era judeu. A família já havia prosperado seus negócios em Recife e estava estabelecida quando repentinamente, o Alferes atravessa o oceano em busca de sua amada, e também chega ao recife.
Novamente a família abandona seus negócios e foge, agora, para o Ceará. Foi uma viagem sofrida, andando a pé, em trilhas feitas por animais selvagens, até que se depararam com uma bela chapada chamada Icó. O patriarca ali se estabeleceu mais uma vez, agora com a criação de gado. Nesse lugar, também casou suas filhas.
– Antônia Franco de Carvalho casou com o português José de Oliveira Bastos, tiveram dez filhos:
- José de Oliveira Bastos
- Antônia Franco de Carvalho (filha) casou-se em 12/11/1766 com João Batista Vieira e tiveram seis filhos:
- João Fernandes Vieira, vigário da Vila de Icó, Missão Velha e Maranguape. Teve dois filhos: Manoel Franco Fernandes Vieira (Nasceu em 16/11/1821 foi Bacharel em direito) e João Carvalho Fernandes Vieira (Nasceu em 1823, foi Promotor público de Fortaleza e Juiz nos estados do MA/PI/AL/RS)
- Vitória Fernandes Vieira
- Francisco Fernandes Vieira (Nasceu em 20/05/1784) Barão do Icó
- Gonçalo Batista Vieira, o Barão de Aquiráz (Encontrei algumas divergências nessas informações, que estou confirmando)
- Alexandra Batista Vieira
- José Fernandes Vieira
- Francisca Franco de Carvalho
- Manoel Matias de Oliveira Bastos
- Joaquim de Oliveira Bastos
- João de Oliveira Bastos
- Marcos de Oliveira Bastos
- Ana Franco de Carvalho
- Senhorinha Franco de Carvalho
- Maria Sanches de Carvalho
– Senhorinha de Carvalho casou-se com o português Augusti Lopes e tiveram dois filhos:
- Antônio Lopes de Azevedo
- Bernardina Anacleta da Silva de Carvalho casou-se com o pernambucano Francisco Ribeiro Campos e deles descende a família “Mendonça Pinto”.
– Eugenia Gonçalves de Carvalho casou-se com Francisco Pereira de Carvalho
– Lina de Carvalho casou-se e foi morar no Rio Grande do Norte
– Bernardina Sanches de Carvalho faleceu ainda criança
Agora, daremos atenção especial, à história de Agostinha Alves de Carvalho com o Alferes Antônio Domingues Alves, uma história de amor que superou todos os obstáculos, venceu a distância, o tempo e originou a cidade de Boa Viagem.
Como já vimos, a família veio embora de Portugal para o Brasil, pois o patriarca não queria o casamento dos dois, mas isso não foi impedimento para tão grande amor que nutriam um pelo outro. Antônio Domingues os seguiu até localiza-los em Icó.
Agostinha tinha uma mucama, e esta foi aos arredores da casa apanhar alguns espinhos de mandacaru para ajudar nos trabalhos de renda de sua senhora. Nisso, avistou o Alferes que lhe suplicou que entregasse um bilhete a Agostinha e a noite aguardaria a resposta no mesmo local.
Ao cair à noite, Agostinha e a mucama foram ao encontro do Alferes e sem perda de tempo, montaram no cavalo e fugiram rumo a Vila de Mocha, hoje Oeiras, no Piaui, com a intenção de lá se casarem, mas por falta de documentos, o ato não pode ser celebrado. Viajaram então, para a Vila de Quixeramobim. Próximo a lagoa do “Cavalo Morto”, pressentiram a presença de pessoas armadas a persegui-los, o cavalo que os conduzia morreu na lagoa, e Agostinha, tomada de pavor, ajoelhou-se e prometeu que se escapassem com vida, mandaria construir uma capela para Nossa Senhora da Boa Viagem, e como por encanto, a perseguição cessou.
Complementando o relato acima, o Professor Manoel Ximenes de Aragão diz em suas “Memórias”, que somente um dos perseguidores do casal de amantes conseguiu chegar ao lugar Cavalo Morto, mas lá chegando, morreu com uma dor, enquanto os outros perseguidores ficaram para trás, todos doentes. Acreditando os parentes de Agostinha, ser esse fato um castigo, desistiram da perseguição.
O Alferes então viajou para Recife em busca dos documentos para o casamento, deixando Agostinha e a mucama numa casinha de construção tosca. Durante a noite, ouviram uma pancada na porta, pensando que era o Alferes de volta a mucama abre a porta, e uma tragédia acontece, era uma onça, que devorou a pobre mucama.
O Alferes conseguiu uma sesmaria, que deu o nome de “Lagoa do Cavalo Morto” e construiu a capela prometida por Agostinha. Os noivos casaram, fizeram as pazes com a família, prosperaram financeiramente e em 1772, doaram terra para a igreja que construíram, o lugar passou a se chamar Boa Viagem e em 1864 foi elevado a categoria de Vila e desmembrado de Quixeramobim. Seus descendentes se espalharam principalmente pelas cidades de Boa Viagem e Quixeramobim.
O casal teve os seguintes filhos:
- Maria do Ó de carvalho
- Isabel Carvalho
- Luciano Domingos
Em “Memórias do Professor Manoel Ximenes de Aragão” ele conta que ao se mudarem para Boa Viagem, em meados de 1810, lá conheceu Maria do Ó de Carvalho, uma senhora octogenária, que quase todos os dias ia a capela fazer suas orações e na volta, sempre cumprimentava sua mãe e com lágrimas nos olhos, lamentava as perdas sofridas, causadas pela morte, acredita ele, serem de seu esposo e filhos.
Fonte: As sete irmãs e a história da política do Ceará, Aroldo Mota / Memórias do Professor Manoel Ximenes de Aragão (Revista do Instituto do Ceará)
Jaqueline Aragão Cordeiro
Olá, boa noite, lendo seu excelente texto verifiquei que faltou um nome na lista dos 6 filhos de Antônia Franco de Carvalho e João Batista Vieira:
Antônia Franco de Carvalho (filha) casou-se em 12/11/1766 com João Batista Vieira e tiveram seis filhos:
1 João Fernandes Vieira,
2 Vitória Fernandes Vieira
3 Francisco Fernandes Vieira
4 Alexandra Batista Vieira
5 José Fernandes Vieira
6 ?
Quem seria o sexto?
Boa noite Hugo,
Encontrei divergências nas informações por isso ainda não havia postado, estou buscando a confirmação, mas no texto de Aroldo Mota, ele relata que Gonçalo Batista Vieira, o Barão de Aquiraz era o outro filho que falta nessa relação.
Bom dia, obrigado pela resposta mas há algo que deve ser explicado e que encontrei no dia seguinte à minha intervenção neste fórum,
No Diccionario Bio-bibliographico Cearense do Barão de Studart, há o relato que o do Barão de Aquiraz, Gonçalo Baptista Vieira, tem o mesmo nome do pai:
http://www.ceara.pro.br/cearenses/listapornomedetalhe.php?pid=33443
No livro Notas Para A História Dos Municípios De Araripe, Saboeiro E Assaré No Século XIX de Elisandro Carvalho, diz que o Barão de Aquiraz era primo do senador Miguel Fernandes Vieira, filho de Francisco Fernandes Vieira:
https://books.google.com.br/books?id=7HFQBQAAQBAJ&pg=PT170&dq=gon%C3%A7alo+baptista+vieira&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwjjg-_1ztPTAhUBj5AKHSaiCJEQ6AEINDAD#v=onepage&q=gon%C3%A7alo%20baptista%20vieira&f=false
Na Revista trimensal do Instituto Histórico, Geográphico e …, Volume 37 do Instituto Histórico, Geográphico e Etnográphico do Brazil (Rio de Janeiro), afirma que Gonçalo Baptista Vieira, tinha como irmãos o capitão Francisco Fernandes Vieira e o padre João Fernandes Vieira:
https://books.google.com.br/books?id=jfJgAAAAcAAJ&pg=PA157&dq=francisco+fernandes+vieira+irm%C3%A3os&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwjo7__Iz9PTAhUHPJAKHfuLC3UQ6AEILjAC#v=onepage&q=francisco%20fernandes%20vieira%20irm%C3%A3os&f=false
Sendo assim concluí que o Gonçalo Baptista Vieira, irmão do Barão e Visconde de Icó era o pai do Barão de Aquiraz.
Obrigado e ótimo dia!