O Capitão Honorato era um poderoso fazendeiro, vivia cercado de filhos, genros, agregados e escravos. Homem honrado e fiel as leis, tratou logo de cumprir as ordens recebidas, assim, fez diligências e logo descobriu o esconderijo dos homicidas, armou o cerco, mas os espertos assassinos perceberam a aproximação da polícia e fugiram rapidamente, deixando no local a arma com que Cacundo matara o comerciante.
Os fugitivos ficaram bravos com a perseguição e mandaram recado ao Capitão, que em breve iriam fazer-lhe uma “visita”. O Cap. Honorato não deu muita importância a esta ameaça, mas por precaução, manda todos da fazenda para um sítio, também de sua propriedade, chamado Flores. Ficou na fazenda acompanhado somente por sua esposa, uma escrava, um escravinho e um vaqueiro.
Numa manhã estava tirando leite das vacas quando ouviu uma voz nas suas costas que dizia: “Bom dia Capitão Honorato”. Eram os dois assassinos, que muito bem armados, vieram fazer a “visita” prometida. Rapidamente ele se vira, e simulando calma respondeu: “Bom dia meus senhores, deixem que acabe de tirar o leite desta vaca, que lhes falarei”. O vaqueiro ao ver os dois armados até os dentes, pula a cerca e apavorado corre se embrenhando na mata.
Terminando de tirar o leite, vai caminhando pelo curral quando escuta um dos dois falar: “Não atire no homem”, coloca o balde de leite no girau e diz aos visitantes: “Vão para a casa aí pela frente”. Segue por trás enquanto os dois o esperam na frente, entra pela porta da cozinha e encontra sua esposa aos desmaios e Verbéra, a escrava, reanimando-a. O capitão se dirige a ela: “Mulher, por Deus , não dê sinal de fraqueza”. Trancando bem a porta, ordenou a escrava que sentasse ali na sala anterior e que ao primeiro chamado, fosse até ele.
Calmo e simpático, vai até a sala da frente, faz aos dois um ligeiro cumprimento de cabeça e os manda entrar, o que só conseguiu depois de forte e calculada insistência. Sentados em um banco, Honorato fecha a porta de baixo e pergunta-lhes o que querem, ao que responderam que foram buscar a granadeira(arma de fogo) deixada para trás durante a fuga anterior. Ainda com aquela calma que lhe era peculiar, responde que não poderia entregar porque a arma pertence ao governo, mas que lhes forneceria dois cavalos prontos e arreados para fugirem, bem como o dinheiro que dispunha na ocasião, mostrando-lhes ouro, prata e cédulas, que tirou de uma gaveta. Os dois não se mexeram.
Nesse momento, chama aquele escravinho que voltava do curral onde soltara os bezerros, e pede para jogar água em suas mãos para lavá-las, de modo que o pequeno, instrumento inconsciente do seu plano arrojado, desse as costas aos visitantes. Isso feito, fingiu-se de irritado pela falta de educação da criança, dá-lhe uma bofetada com tamanha força que o pequeno caiu no chão, surpresos, os criminosos desviam seus olhares para o escravo. Nesse instante, Honorato avança e dando um pulo, joga e pé no estômago de um deles, que cai desacordado, rapidamente toma-lhe a arma e aponta para o outro gritando: “Rende-te cabra!”, no que foi atendido prontamente. Chama a escrava que esperava na outra sala e manda amarrar as mãos dos dois e depois prendê-los no armador. Em seguida, acende seu cachimbo, recosta-se em sua poltrona e fuma calmamente.
Dias depois, o capitão Honorato entregava na cadeia de Quixeramobim os dois criminosos. Fora recebido com fogos e música pelas autoridades e pela população, que o aclamavam herói. Meses depois foi agraciado com a Comenda da Ordem de Cristo, com que o imperador premiava tamanha bravura, título que foi recusado pelo capitão.
Os réus foram a julgamento em Quixeramobim, Estácio José da Gama foi condenado a morte por ter assassinado Luciano, sendo fuzilado em 15 de março de 1834, e João Cacundo, condenado a prisão perpétua pela morte do comerciante, terminou seus dias na Ilha de Fernando de Noronha.
O capitão Honorato veio a falecer com 89 anos de idade, estava cego e muito velho, mas foi um digno e honrado filho do Ceará.
Anos mais tarde, Joanna Barreira casou-se com seu primo Francisco Alves de Lima, tiveram três filhos e netos que figuraram no cenário nacional.
O nome correto é do Capitão é Antônio Honorado da Silva Limoeiro
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(Assinatura) – http://www.mariapereiraweb.net/images/Capitao_Honorato.jpg