A vila de Aquiraz foi criada pela ordem régia de 13 de fevereiro de 1699, efetivamente instalada em 27 de junho de 1713. Tornou-se, portanto, sede administrativa da capitania do Siará-Grande até o ano de 1726. A palavra “Aquiraz” vem do tupi-guarani e significa “Água Logo Adiante”. Sua denominação original era Aquiraz, em 1710, “São José de Ribamar do Aquiraz” e desde 1915, novamente Aquiraz. Os primeiros habitante destas terras, foram os índios potyguara e outras tribos pertencentes ao tronco tupi como os jenipapo-kanyndé.
Aquiraz é conhecida como “a primeira capital do Ceará”. Em seu perímetro central encontram-se as principais edificações de interesse histórico-arquitetônico do local. Entre elas, a imponente Igreja Matriz de São José de Ribamar, construída no século XVIII. Destaca-se no nicho central do altar-mor a imagem do padroeiro São José de Ribamar, calçado de botas, relembrando o bandeirante audaz. Segundo a lenda, ela foi encontrada por pescadores em uma das praias do lugar. A princípio quiseram levá-la para um outro povoado, entretanto nem mesmo um carro de boi conseguiu removê-la, porém, quando surgiu a ideia de que a Igreja de Aquiraz seria o melhor local para o santo, este ficou leve e uma só pessoa conseguiu transportá-lo.
Outro monumento importante é a antiga Casa de Câmara e Cadeia iniciada no século XVIII e concluída no ano de 1877. O antigo sobradão tem sua arquitetura original bastante conservada, pode-se observar as grades das antigas selas no pavimento inferior, e o assoalho reforçado com vigas de carnaúba na parte superior onde antes funcionava a câmara, o fórum e a prefeitura municipal. Atualmente, o prédio sedia o Museu Sacro São José de Ribamar, fundado em 1967, sendo considerado o primeiro museu sacro do Ceará e o segundo do Norte-Nordeste. A peça mais importante do acervo é uma cruz processional de prata cinzelada datada do século XVIII, herança dos jesuítas que estiveram em Aquiraz.
A Casa do Capitão-Mor, conhecida também como casa da Ouvidoria, nome do primeiro núcleo judiciário do Ceará, é um singelo edifício feito com paredes de pau-a-pique, reforçada com amarras de couro de boi, uma referência material ao ciclo econômico das charqueadas, o qual predominou na região durante o século XVIII.
Os jesuítas que permaneceram por 32 anos (1727-1759), fundaram no local, hoje chamado “sitio colégio”, o famoso “Hospício dos Jesuítas”. Hospício, no linguajar da época, significava “posto de hospedagem”, era lá aonde os padres missionários vinham recuperar suas forças para depois prosseguirem com sua missão de catequizar os indígenas.A residência apostólica também abrigou o primeiro centro de ensino do estado e seu primeiro seminário, constituindo-se num dos únicos pólos difusores da cultura daquele tempo. O que restou do extinto estabelecimento são apenas as ruínas da antiga capela de Nossa Senhora do Bom sucesso, construída em 1753. Há ainda quem acredite numa famosa “maldição”. Segundo a lenda, quando os jesuítas foram expulsos, eles profetizaram que um dia o mar haveria de passar sete metros acima das torres da igreja matriz, espalhando o caos por toda a vila. Todos os bens da ordem foram confiscados, porém reza a tradição que parte dessas riquezas permanece escondida em algum recanto daquela velha habitação.
Fonte: Wikipédia
Imagens: Arquivo pessoal
Jaqueline Aragão Cordeiro