Em 1671, Jorge Correia da Silva, atende as solicitações dos JAGUARIBARAS e outros indígenas ameaçados pelos PAIACÚS, e decide combatê-los na tentativa de extermina-los. Para essa missão, envia o sargento reformado Jorge Martins, foi tão terrível a guerra, que em 07 de janeiro de 1672, um Tapuia foi pedir paz. Não viveram, porém, muito tempo quietos. Em 1693 assolaram mais uma vez as ribeiras do Assú e Jaguaribe, e são combatidos pelo então Governador Fernão Carrilho. Em 1695, nova sedição (Crime contra a segurança do Estado, revolta, motim, perturbação da ordem pública) e ainda mais terrível, pois quase aniquilaram os moradores das terras dos rios Jaguaribe e Banabuiú. Foram finalmente aldeados em 1696, perto de Aracati, em Araré, pelo padre João da Costa e João de Barros Braga.
A caça ao índio tornou-se um violento e irresistível divertimento para os portugueses, que não respeitavam nem mesmo os índios mansos e missionados. Cedendo às solicitações, fez Manoel Álvares de Moraes Navarro, mestre de campo do terço dos Paulistas do Assú, violenta guerra aos PAIACÚS, matando mais de 400 índios. Por causa desse extermínio desnecessário e cruel, Moraes Navarro foi processado. Alguns anos depois, unidos os ANASSÉS e JAGUARIBARAS, com mais outros descontentes, revoltaram-se, atacando a Vila de Aquiráz, levando destruição e a morte de quase duzentas pessoas. Assegura o escritor BARBA ALARDO, que esses índios foram missionados no lugar denominado Aldeia dos PAIACÚS e transferidos mais tarde para o Rio Grande do Norte. Regressaram por ordem do Conde de Villa Flor, a ocupar sua antiga missão. PAIACÚS e ICÓS se cruzaram com os PANATES, TUPIS das cabeceiras do rio Piancó, tendo em seguida migrado na direção do Amazonas.
Nos sertões do Jaguaribe estavam os JANIPABOASSU e os ICOSINHOS.
Próximo ao litoral, da margem esquerda do Jaguaribe até Mundaú e Serra de Baturité, viviam os ANASSÉS e os JAGUARIBARAS. Tribos ordeiras e pacíficas, facilmente se adaptaram aos portugueses e foram muito cedo oprimidos. Fernão Carrilho aldeou os ANASSÉS em Parnamirim, 8 léguas de Fortaleza ao norte, e os JAGUARIBARAS, ao sul.
Junto à costa havia ainda os GUANACÉS, divididos em GUANACÉSGUAÇÚ e GUANACÉSMIRIM, tribos inimigas entre si, e JAGUARUANAS entre os rios Curu e Acaraú, e os JAGUARIBARAS e os ASSANASSESSASSÚ. Os JAGUREGUARAS ou IGUARIGUARAS, GUANACÉS e JAGUARUANAS foram aldeados em Uruburetama.
Extremando com os Anassés, para além do rio Mundaú, ficavam os ferozes TREMEMBÉS ou TEREMEMBÉS, cujos domínios iam da ribeira do Acaraú até a Serra Grande. Estes eram hábeis nadadores, atacavam, a nado, os tubarões com um pau pontiagudo pela guela adentro, trazendo-os a terra, onde tiravam-lhe os dentes para as flechas. Nas terras dos TREMEMBÉS, fundou Jerônimo de Albuquerque, em 1613, o fortim de Nossa Senhora do Rosário, o qual sofria constantes ataques desses índios. Em 1702, passaram para Almofala, à margem do rio Aracati-Mirim, em Acaraú.
Na ribeira do Acaraú, habitavam ainda os APERIÚS, os ARARIÚS e os ACRIÚS. Em 1713, por ocasião da revolta dos ANASSÉS, rebelaram-se também os ACRIÚS, destruindo casas, matando gado e obrigando os moradores a fugirem para a Ibiapaba. Os valentes ACRIÚS, ARERIÚS ou IRARIÚS, foram aldeados pelo padre João Teixeira Miranda, em 1700, na Meruoca. Essa tribo sofrera fortíssima guerra no tempo de Bento Correia, em 1674.
Em áspera perseguição aos colonos e contínua luta contra outras tribos, vagavam pelo alto sertão do Curu e pelas margens do rio Quixeramobim e Banabuiú, os índios CANINDÉS e GENIPAPOS. Em 1712, já em número reduzido e enfraquecidos, aliaram-se os CANINDÉS e os GENIPAPOS a outras tribos irritadas com os brancos, num último esforço, tentaram derrotar os colonizadores, mas foram mais uma vez derrotados pelos portugueses, com perdas de muitas vidas indígenas. Os CANINDÉS devastaram plantações na cabeceira do Banabuiú, assaltaram fazendas e puseram em risco a vida dos moradores. Os GENIPAPOS tomaram parte na briga dos “Montes” e dos “Feitosas”, o que trouxe como consequência para eles, bem como para os ICÓS e QUIXERARIÚS, sua expulsão para o Piauí em 1726.
Em 1731, os CANINDÉS pediram permissão a Duarte Sodré Pereira, governador de Pernambuco, para se aldearem nas cabeceiras do rio Choró, na passagem Muxió, o que lhes foi concedido. Igual solicitação fizeram os GENIPAPOS em 1739, ao governador de Pernambuco, que os mandou aldear-se com os CANINDÉS no sítio do Banabuiú, Barra do Sitiá, em Jaguaribe. GENIPAPOS e CANINDÉS eram também chamados BAIACÚS, muitas vezes considerados uma única tribo, dada sua identidade de língua, costumes e o hábito de untarem o corpo com o sumo da fruta jenipapo.
Fonte: Revista Instituto do Ceará – As tribos indígenas do Ceará
Jaqueline Aragão Cordeiro
me ajudou muito essas informações na produção do meu romance indigena Princesa Serrana, baseado nos fatos de Itapage.