Protegida contra intervenções que desfigurassem sua estrutura original desde 2006, quando o processo de tombamento foi aberto pela então Fundação de Cultura, Esporte e Turismo (Funcet), a Casa do Português, localizada na Avenida João Pessoa, data de 1950, quando começou a ser construída pelo português José Maria Cardoso.
O proprietário deu seu próprio nome, junto ao de um santo, a casa: Vila Santo Antônio de José Maria Cardoso, popularmente conhecida como “Casa do Português”. Possui três andares com duas rampas laterais que davam aos automóveis, acesso aos terceiro e quarto andares.
O prédio teve sua preservação solicitada por ser uma referência da cidade, marco simbólico, arquitetônico e afetivo de Fortaleza. De acordo com o parecer, “o prédio notabilizou-se, desde a sua inauguração, por seu aspecto insólito e exagerado, espécime arquitetônico pitoresco em meio a uma Fortaleza constituída por uma arquitetura de escala comportada”.
A casa de três andares possui 11 quartos e três banheiros apenas no primeiro deles, com uma rampa para automóveis que circunda sua robusta estrutura em concreto armado, chamou a atenção da população fortalezense desde sua inauguração em 1950. Comentava-se sobre a imensidão da casa construída pelo fazendeiro e comerciante português José Maria Cardoso para abrigar sua pequena família, composta apenas de esposa e filho único, não por acaso ele deu o nome de Vila Santo Antonio ao imóvel. Mas o que principalmente provocava o burburinho era a arquitetura inusitada para a época, que a fez figurar em cartões postais da cidade na década de 1960 e se transformar numa referência arquitetônica de Fortaleza.
Depois de servir de morada por alguns anos para a família de José Maria, o imóvel foi sede da Empresa de Assistência Técnica de Extensão Rural do Ceará (Ematerce) de 1965 a 1984, abrigou uma oficina mecânica, e funcionou ali a Boate Portuguesa, entre outros usos, e figurou nas páginas dos jornais com notícias como a prisão de assaltantes e um suicídio.
Em 1994, a Casa do Português foi posta à venda, depois do frustrado leilão de dez anos antes no qual os herdeiros tentaram vende-la por 4 bilhões de cruzeiros, a esposa de um dos netos do comerciantes português José Maria Cardoso chegou a falar à reportagem do Jornal o Povo que as intenções dos compradores eram a de estabelecer um museu de arte no lugar.
Mais recentemente, em 2005, os arquitetos Napoleão Ferreira e Mário Roque chegaram a apresentar projeto para transforma-la em um centro cultural dedicado à cultura portuguesa, o que poderia muito honrar o falecido português, que, dizem, construiu a casa em homenagem à esposa e ao país natal, mas a ideia não saiu do papel.
Fonte: Jornal o povo
Imagens: Arquivo Nirez
Jaqueline Aragão Cordeiro