Comissão Científica de Exploração

A partir da segunda metade do século XIX, a província do Ceará, por conta das explorações que contemplavam a Mineralogia e a Geologia, a Astronomia e a Geografia, a Etnografia, a Botânica, tudo acompanhado por registros pictóricos, passou a integrar o mapa do País, no sentido de a Região Sudeste, onde se encontrava o poder central, dá-se conta, de modo mais incisivo, da existência de nossa terra, até então entregue apenas a uma visão exótica.

Patrocinada pelo imperador Dom Pedro II, a Comissão tinha uma meta ambiciosa: ao colher informações sobre fauna, flora, minerais, geografia, além dos usos e costumes, a ideia da Comissão era promover a integração regional do País e a promoção de uma identidade nacional, além de buscar potenciais recursos naturais que pudessem ser explorados, como metais preciosos.

A passagem dessa Comissão Científica pelos espaços mais diversos do território cearense foi registrada pelo seu presidente e chefe da seção botânica, Freire Alemão, compreendendo um período que vai de 30 de maço de 1859 a 24 de julho de 1861, representando valioso documento por que se possa conhecer nossa História, bem como a representação que os de fora faziam de nossa gente.

A Comissão Científica era dividida em cinco seções, cada uma chefiada por um associado do IHGB: seção Botânica, comandada pelo botânico Francisco Freire Alemão (presidente da Comissão); seção Geológica e Mineralógica, com o físico Guilherme Schüch de Capanema; seção Zoológica, com o naturalista Manoel Ferreira Lagos; seção Astronômica e Geográfica, chefiada pelo matemático Giacomo Raja Gabaglia; e a seção Etnográfica e de Narrativa de Viagem, a cargo do romancista e historiador Antônio Gonçalves Dias. Acompanhava a viagem o tenente da Marinha, José dos Reis Carvalho. Discípulo do pintor francês Jean Baptiste Debret, era o desenhista oficial da expedição, tendo produzido desenhos e aquarelas (fotos) da natureza e da arquitetura da província.

Somente os preparativos para a expedição duraram três anos. Gonçalves Dias e Raja Gabaglia viajaram à Europa para adquirir equipamentos para a viagem, como material de acampamento, medicamentos, equipamentos de precisão, microscópios e até câmeras fotográficas. A Comissão foi a primeira no Brasil a fazer registros fotográficos, mas que se perderam no naufrágio do Iate Palpite. Foi adquirida uma biblioteca de cerca de mil volumes inéditos no País para servir de pesquisa aos “científicos”, como eram chamados os membros da Comissão imperial.

A iniciativa, no entanto, ficou limitada ao Ceará. A passagem da Comissão Científica pela província foi marcada por tensões e conflitos. A imprensa da época apelidou o empreendimento de nomes como “Comissão das Borboletas” ou “Comissão Defloradora”.

Incidentes envolvendo ajudantes da Comissão, problemas ligados às especificidades da região e até a tentativa frustrada de aclimatação de 14 camelos para realizar a travessia eram muito noticiados. As mudanças políticas nos gabinetes imperiais e a Guerra do Paraguai, na qual o Brasil se envolveu militarmente, implicaram na diminuição dos orçamentos e da atenção dispensada à Comissão Científica.

A viagem gerou uma vasta documentação, como relatórios, diário de viagem, apontamentos sobre a seca, estudos botânicos e vários outros temas, além de objetos coletados no local. O legado concentra-se em instituições do Rio de Janeiro, como o IHGB e o Museu Histórico Nacional (MHN). No Ceará, algumas das aquarelas de Reis Carvalho podem ser vistas no Museu do Crato. O Museu do Ceará lançou uma documentação inédita sobre a expedição, com escritos de alguns dos membros da Comissão Científica.

Boa parte do que foi exposto na Exposição Internacional de Londres (1862) no pavilhão do Brasil eram artefatos e outros objetos coletados durante a expedição.

Fonte: Wikipedia / Jornal Diário do NordesteJornal Diário do Nordeste / Instituto do Ceará / Imagens Biblioteca Digital Luso Brasileira
Jaqueline Aragão Cordeiro

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