João da Cruz Saldanha nasceu em Canindé no dia 12 de Julho de 1853. Era filho de Joaquim José da Cruz Saldanha e de Anna Quitéria da Cruz Saldanha. Vinha dos Barbosa Cordeiro, cujo tronco foi Frutuoso Barbosa, donatário da Paraíba e cunhado de Pero Coelho de Sousa. Ordenou-se no Seminário de Fortaleza a 16 de Janeiro de 1876 e celebrou a primeira missa no dia 2 de Fevereiro em Canindé. Começou seus estudos no Atheneu Cearense.
Em companhia do Padre Bruno R. de Figueredo fundou e dirigiu o Instituto Cearense de Humanidades, situado na rua de Baixo, atualmente Sena Madureira. Tendo seguido para o Rio de Janeiro em começo de 1881, foi nomeado Vigário da Matriz de São Francisco Xavier em 19 de Julho de 1885, cargo que deixou em 1890.
O grande coração do Padre Cruz ardia por dotar aquela importante cidade de uma instituição, cuja falta todos lamentavam, obra de muita caridade e essa instituição foi o Asilo do Bom Pastor. Auxiliaram-no valentemente nessa cruzada de amor ao próximo algumas religiosas da Casa de Nossa Sra. de Caridade do Bom Pastor de Angers, França.
Em 4 de Janeiro de 1898 foi elevado ao Monsenhorato e a 23 de Março de 1902 o Arcebispo do Rio de Janeiro nomeou-o Superior do Asilo do Bom Pastor, que a principio estabelecido em modesto prédio na rua São Francisco Xavier, e graças ás generosas doações da Viscondessa de Pirassinunga, Conde Modesto Leal, Comendador José dos Reis e outros, puderam aumentar a obra.
A Monsenhor Cruz empenhou-se também, na construção da Igreja e gruta de Nossa Senhora de Lourdes, de Engenho Velho. Foi também o fundador e o diretor da Associação Protetora do Asilo do Bom Pastor.
Acusado por ocasião de revolta de 6 de Setembro como conspirador, foi recolhido á Casa de Correção e ali, por longos meses, sofreu resignado a mais que injusta prisão. De seus lábios nunca saiu uma palavra contra seus delatores, e quando alguém se referia a esse doloroso episódio, em sua presença, procurava esquecer com frases de perdão.
Faleceu ás 7:30 horas da manhã, no dia 10 de Dezembro de 1905, no Rio de Janeiro, e foi sepultado no cemitério de São Francisco Xavier.
Fonte: Diccionario Bio-bibliographico Cearense – Barão de Studart
Jaqueline Aragão Cordeiro