João Facundo de Castro Menezes (Major Facundo) nasceu em Aracati, no dia 12 de julho de 1787 e faleceu em Fortaleza, no dia 08 de dezembro de 1842. Era filho do Capitão-mor José de Castro e Silva (2º do nome) e de Joana Maria Bezerra.
Governou a Província, como Vice-presidente, por quatro vezes, na última das quais assumiu o governo a 6 de abril de 1842, para entregá-lo a 9 de maio ao Brigadeiro José Joaquim Coelho. Foi Comandante do Batalhão dos Nobres; Alferes do Regimento de Milícias Montadas das margens do Jaguaribe (1822); Comandante do Batalhão de Caçadores Voluntários Imperiais e Nacionais; Sargento-mor, Inspetor do Algodão (em Fortaleza); Inspetor da Alfândega; Cavaleiro da Ordem de Cristo; Cavaleiro da Rosa Cruz; 1º Vigilante da Loja Maçônica “União e Beneficência” de Fortaleza.
Sobre o movimento republicano: ele se tornou um dos mais ferrenhos adversários na luta contra os republicanos, assim como contra Conrado de Niemeyer, ao lado do presidente Nunes Berfort, e também contra o presidente Manuel Felizardo. Por isto foi preso e deportado para uma fortaleza no Rio de Janeiro, da qual saiu por um honroso mandado do governo imperial. Ali publicou juntamente com outros companheiros de prisão, um manifesto-protesto e uma representação ao Imperador. Tomou parte, posteriormente, no movimento político do qual resultou a abdicação de D. Pedro.
Foi assassinado atroz e barbaramente, por questões políticas, em sua própria residência, a mandado da esposa do Brigadeiro José Joaquim Coelho, a futura Baronesa de Vitória, e de alguns elementos conservadores. Não satisfeito desse terrível crime, o Governo ainda arquitetou uma conspiração contra a família Castro, quando foi presa a viúva do Major Facundo, D. Florência de Andrade Bezerra (antes já era viúva de Francisco José de Morais) e mandada a júri (embora depois absolvida), além de perseguir vários parentes do falecido.
Seus restos mortais jazem na Igreja do Rosário em Fortaleza (na parede lateral direita, assinalada com uma rica lousa de mármore trabalhada em Lisboa). Por vontade da família, o corpo foi posicionado como que olhando para onde funcionava o Palácio do Governo; hoje, o local abriga a Academia Cearense de Letras (ACL). A escolha foi espécie de provocação a José Joaquim Coelho, então presidente da província (cargo equivalente a governador do Estado), que foi apontado como um dos mandantes da morte de Facundo. O major era seu vice e lhe fazia feroz oposição.
Segundo Barão de Studart, o Major Facundo foi a influência política mais legítima e real que a Província do Ceará já teve.
A Câmara Municipal de Fortaleza, por proposta do vereador José da Fonseca Barbosa, em sessão de 11.01.1879, deu o seu nome – Major Facundo – à antiga rua da Palma, primitivamente Rua Nova d´El Rey.
Auto de corpo de delito que mandou proceder o Juiz de Paz do primeiro ano, Capitão-Mor Joaquim José Barbosa, no cadáver do Major João Facundo de Castro e Menezes, assassinado no dia antecedente
Ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de 1841, aos nove dias do mês de dezembro do dito ano, nesta cidade de Fortaleza, cabeça da Comarca e Província do Ceará Grande, em casa de morada do Major João Facundo de Castro e Menezes, onde foi vindo o Juiz de Paz de primeiro ano, Capitão-Mor José Barbosa, comigo Escrivão se deu cargo ao diante momento, o Cirurgião-Mor da Província do Ceará Grande Joaquim da Silva Santiago e o cirurgião Francisco José de Matos para efeito de se proceder a exame e Corpo de Delito no cadáver do dito Major João Facundo que havia sido assassinado à noite antecedente com três tiros e logo pelo Juiz de Paz foi deferido aos ditos peritos o juramento dos Santos Evangelhos em um livro deles a um depois de outro, encarregando-lhes que com boa e sã consciência examinassem o corpo do cadáver que estava presente e declarassem quantos ferimentos, nódous e contusões tinha o dito cadáver em seu corpo, suas qualidades e situações e se delas provinha a morte. E recebido por ele dito juramento assim o prometeram cumprir e guardar como lhes era encarregado, e logo na presença do dito Juiz e de mim Escrivão, passaram os ditos peritos a examinar o corpo do dito cadáver e declaram ter este uma ferida longa sobre a parte lateral média e inferior do crânio do lado direito com fraturas ou grandes destruições nos ossos parietal, escamosa do temporal e coronal até a apófise todos do mesmo lado direito com extensão de duas polegadas de boca circularmente penetrando a cavidade do crânio em direção oblíqua para a base posterior e inferior do ocipital com perdimento e grande destruição do cérebro e grossos vasos; outro ferimento junto ao côndilo esquerdo do ocipital, contendo uma polegada de extensão triangularmente sem fratura da sutura romboidia e destruição da porção cerebelar, cujo ferimento último denota ser havido dos corpos superiormente impelidos. Estes ferimentos foram feitos com arma de fogo e pelos estragos notados em entranhas, órgãos e vasos tão necessário à vida foram absolutamente mortais. E por esta forma houve dito Juiz este ouro de Corpo de Delito por terminado. Eu, escrivão, dou minha fé, por ser todo o conteúdo em verdade por ver e presenciar ditos ferimentos da cabeça do dito cadáver, e de tudo para constar mandou o dito Juiz de Paz fazer este auto que assinou com ditos peritos. Eu, Antonio Lopes Benevides, Escrivão, o escrevi – Joaquim José Barbosa, Joaquim da Silva Santiago, Francisco José de Matos.
Fonte: Presidentes do poder legislativo do Ceará (1835/2006) / Assembleia Legislativa do Estado do Ceará / Wikipedia / Portal da história do Ceará / Jornal O Povo / A família Castro – Barão de Studart (Revista do Instituto do Ceará)
Jaqueline Aragão Cordeiro