José Antonio do Fechado

FB_IMG_1462305993894

José Antônio de Sousa Uchôa nasceu em Canindé, em 1824 e faleceu na Fazenda Lagoa das Pedras, no dia 21/06/1918, também em Canindé. Tinha fama de valente, os amigos diziam que o jovem era homem corajoso, cavalheiro e generoso, já seus inimigos, diziam que não passava de uma fera e o perseguiam implacavelmente.

Era filho do Capitão José Bernardo de Sousa Uchôa, antigo presidente do senado da câmara, proprietário da Fazenda do Fechado e um dos homens mais influentes da localidade. Tinha como maior inimigo o Coronel Manoel Mendes da Cruz Guimarães e como no sertão, o ódio dos pais era herdado pelos filhos, José Antônio também era inimigo do Coronel Manoel Mendes da Cruz.

No dia 30/08/1852 se deu em Canindé, a eleição para o novo Juiz da Comarca, eleição essa, feita na Igreja de São Francisco, a fim de evitar grandes contendas. A eleição era disputada pelo Capitão José Bernardo de Sousa Uchoa e pelo Coronel Manoel Mendes da Cruz Guimarães.

Mesmo a votação sendo feita da Igreja, de nada adiantou, logo começaram os conflitos entre os dois candidatos e seus seguidores, começando com facas e cacetes, e terminando com um tiroteio onde acabou morto o Coronel Manoel Mendes da Cruz.

José Antônio foi acusado do crime e levado a julgamento, mas foi absolvido, como aconteceu em seu julgamento anterior, quando foi acusado de ter matado um tal “Marcolino” que raptou e casou com uma moça contra a vontade da família dela. Acontece que a moça tinha um parente chamado Carlos Sales, amigo de José Antônio, e certo dia, estando os dois juntos, encontraram com Marcolino que foi morto por José Antônio. Esse crime o levou ao seu primeiro julgamento, do qual foi absolvido.

Com o passar do tempo, foi acusado de mais quatro homicídios, e por mais duas vezes foi a julgamento, sendo novamente absolvido em ambos. Refugiado na Fazenda do Fechado e cercado por seguranças fiéis, ele acabou não se deixando mais citar pela justiça, resistindo a prisão “a bala”.

Certa vez, um destacamento de mais de cem homens cercou sua casa mas foi repelido e desistiu da empreitada após muitas mortes em um violento combate. José Antônio continuou entocado em sua fazenda.

Nos últimos anos da Monarquia, conta-se que o comandante da Polícia do Ceará, moço destemido, decidiu acabar com o José Antônio. Levou consigo numerosa tropa, acampou nas proximidades do Fechado e, antes de iniciar o ataque, vestido à paisana, montou a cavalo e explorou os arredores. Queria conhecer bem o terreno onde pisava. Numa volta da estrada, encontrou um homem já envelhecido, porém forte, sadio, musculoso, de fisionomia simpática, voz suave e amável, com “cara” de boa gente, bem montado, com o qual se pôs a conversar. Aproveitando a oportunidade, o oficial procurou obter informações sobre o cangaceiro, pois que o cavaleiro era, segundo parecia, morador das redondezas.

O desconhecido contou-lhe que a casa do Fechado constituída verdadeira fortaleza, com paredes e portas à prova das balas daquele tempo, que lá havia tantos capangas que cada estaca das cercas era um homem armado, todos eles bravos e fiéis. Depois, narrou minuciosamente o que sabia da vida de José Antônio, das injustas acusações de que era vítima, dos atos de injustiça que praticava e das razões de honra pessoal que o levaram a não se submeter às autoridades. Assim, conversando lado a lado, chegaram a uma encruzilhada, onde se despediram. O comandante sorridente, agradeceu a cortesia do estranho. O outro sorriu, tirou o chapéu, apertou-lhe a mão e disse-lhe com a maior calma deste mundo:

– Minha casa fica ali adiante, por trás daquele morro. Estou lá às suas ordens. É a fazenda do Fechado e eu sou o José Antônio.

Piscou o cavalo com as esporas e sumiu-se na caatinga. O oficial ficou estarrecido no meio da estrada. Contam que voltou ao acampamento e regressou a Fortaleza, recusando-se a perseguir o caudilho sertanejo. Esta é uma das narrativas, provavelmente lendária, que contribuíram para aumentar o prestígio, aos olhos do povo, da figura desse senhor feudal do Século XIX.

Faleceu com 94 anos de idade, na Fazenda Lagoa das pedras, em Canindé, depois que foi obrigado a morar em Fortaleza por alguns anos, a fim de evitar a perseguição política que sofria. O mais curioso é que somente se casou aos 86 anos de idade.

Bibliografia: A margem da História do Ceará, O senhor feudal do Fechado, Gustavo Barroso

Jaqueline Aragão Cordeiro

16 Replies to “José Antonio do Fechado”

    • Boa noite gostaria de pedir a ajuda de todos meu pai está procurando a família amais de 50 anos que não vê meu pai se chama Antônio de Souza Uchôa sendo meu avô Salviano Perreira dos santos Uchôa e mãe Maria Aparecida de Souza meu celular 19992376283

  1. Jaqueline, muito obrigada por essa postagem. José Antônio era meu tataravô, Liulinda Uchôa, sua filha era avó paterna de meu pai…
    Fiquei muito emocionada, pois adorava ouvir de meu pai as inacreditáveis histórias sobre ela

      • Boa noite gostaria de pedir a ajuda de todos meu pai está procurando a família amais de 50 anos que não vê meu pai se chama Antônio de Souza Uchôa sendo meu avô Salviano Perreira dos santos Uchôa e mãe Maria Aparecida de Souza meu celular 19992376283

  2. Gostei muito dessa postagem, pois estou sempre procurando artigos relacionados as raizes da minha família família. Fiquei muito emocionada. Muito obrigada. Sou Patrícia Uchôa neta de Maria Patrícia Uchôa minha avó é filha da Carminha Uchôa e neta da Maria do Patrocínio Uchoa filha do Fechado.

  3. Sou neto de Francisco das Chagas uchoa.meu avô falava -me muito de Antônio do fechado, acredito ter minhas raízes ser de canidé- ceará, pois ele veio pra umirim-ce, onde residiu até seu falecimento.era filho de Idalina Uchôa e casou-se cm Maria José Borges Uchôa. CONTUDO, temos ainda parentescos com os Uchôa SALES. como ele mesmo relatava. se me trouxerem mais resultado desses fatos Fco agradecido.e sempre bom saber quem foram nossos antepassados.obg.

  4. Boa noite gostaria de pedir a ajuda de todos meu pai está procurando a família amais de 50 anos que não vê meu pai se chama Antônio de Souza Uchôa sendo meu avô Salviano Perreira dos santos Uchôa e mãe Maria Aparecida de Souza meu celular 19992376283

  5. Sou José Milton Moreira Magalhães,
    Gosto muito de comentarios sobre este homem de coragem da região de Canindé pois também é região
    Onde meu pai nasceu José Magalhães Silva, nasceu em 20 de janeiro de 1909 na fazenda de seu avô conhecido com papai Zezinho fazenda nova aurora município de Canindé Ce e elogiava muito esse tio dele contando sua bravura pra nós
    Esse sim era um homem de vergonha que não levava dezaforo pra casa.

  6. No sertão de Canindé
    Tem dois cabras bom de gado
    Chicute da Jurema e José Antônio do fechado
    Depois que furou o olho
    Nunca mais derrubou gado
    Pois o gado só corria do lado
    Do olho furado.

    Esse é versinho que meu pai sempre contava pra gente.
    Eu sou José Milton Moreira Magalhães
    Meu pai já falecido José Magalhães Silva
    Somos parente deste bravo homem
    Com nuita honra.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

*