28 de julho de 1938. Chega ao fim a trajetória do mais popular cangaceiro do Brasil. Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, foi morto na Grota do Angico, interior de Sergipe. Por sua inteligência e destreza, Lampião até hoje é considerado o Rei do Cangaço. Virgulino Ferreira da Silva nasceu em 1897, na comarca de Vila Bela, região do Vale do Pajeú, Estado de Pernambuco. Dos 9 irmãos, Virgulino foi um dos poucos a se interessar pelas letras. Frequentava as aulas dadas por mestres-escolas que se instalavam nas fazendas. No sertão castigado por secas prolongadas e marcado por desigualdades sociais, a figura do coronel representava o poder e a lei. Criava-se desta forma um quadro de injustiças que favorecia o banditismo social. Pequenos bandos armados, chamados cangaceiros, insurgiam-se contra o poder vigente e espalhavam violência na região.
Eram frequentes, também, os atritos entre famílias tradicionais devido as questões da posse das terras, as invasões de animais e as brigas pelo comando político da região. Num desses confrontos, o pai de Lampião foi assassinado. Para vingar a morte do pai, entre outros motivos, Lampião entra para o cangaço, por volta de 1920.
A princípio segue o bando de Sinhô Pereira. Mostrando-se hábil nas estratégias de luta, assume a chefia do bando em 1922, quando Sinhô Pereira deixa a vida do cangaço. Lampião e seu bando vivem de assaltos, da cobrança de tributos de fazendeiros e de “pactos” com chefes políticos. Praticam assassinatos por vingança ou por encomenda. Pela fama que alcança, Lampião torna-se o “inimigo número um” da polícia nordestina. Muitas são as recompensas oferecidas pelo governo para quem o capture. Mas as tropas oficiais sempre sofrem derrotas quando enfrentam seu bando.
Como a polícia da capital não consegue sobreviver no sertão árido, surgem as unidades móveis da polícia, chamadas Volantes. Nelas se alistam os “cabras”, os “capangas” familiarizados com a região. As volantes acabam tornando-se mais temidas pela população do que os próprios cangaceiros.
Além de se utilizarem da mesma violência no agir, ainda contam com o respaldo do governo. Lampião ganha fama por onde passa. Muitas são as lendas criadas em torno de seu nome. Por sua vivência no sertão nordestino, em 1926, o governo do Ceará negocia a entrada de seu bando nas forças federais para combater a Coluna Prestes. Seu namoro com a lei dura pouco. Volta para o cangaço, agora melhor equipado com as armas e munições oferecidas pelo governo.
Suas cabeças foram cortadas e expostas em praça pública. Lampião e o cangaço tornaram-se nacionalmente conhecidos. Seus feitos têm sido frequentemente temas de romancistas, poetas, historiadores e cineastas, e fonte de inspiração para as manifestações da cultura popular, principalmente a literatura de cordel.
Fonte 1: TV Cultura
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CURIOSIDADES
Lampião ganhou esse apelido ao inventar uma técnica que fazia o rifle comum disparar mais rápido, parecendo uma pistola automática – o clarão que saía da boca da arma lembrava a luz de um lampião.
Atendendo ao chamado de Padre Cícero, Lampião esteve em Juazeiro do Norte (CE), nos dias 4, 5, 6 e 7 de março de 1926. Na ocasião, recebeu a patente de Capitão do Batalhão Patriótico para perseguir a “Coluna Prestes”. Em 1926, o bando de Lampião passa a contar com armas e uniformes semelhantes aos utilizados pelo exército. Após as “honrarias” e o recebimento de forte armamento, Lampião e seu bando vão embora sem cumprir sua parte no acordo, a partir de então, passam a sofrer grande perseguição policial.
Combate de Serra Grande (PE). Em 26 de novembro de 1926 Lampião travou uma das mais intensas batalhas. Cerca de 320 policiais atacaram o grupo de Lampião que contava com 80 homens. A luta durou o dia inteiro e teve como saldo 47 soldados mortos e feridos. Um dos comandantes, sargento Arlindo Rocha, ansioso para atacar disse: “Eu hoje quero almoçar é bala.” Acabou levando, durante o combate, um tiro na mandíbula. De fato, almoçou bala… Ficou conhecido posteriormente como “Queixo de Prata”.
Durante a emboscada que vitimou o bando, Corisco estava na outra margem do rio e seguiria para Angicos no dia seguinte. Conta-se que ele ouviu os tiros do combate, mas não pode reagir. No dia seguinte, foi a casa de Joca Bernardes, seu coiteiro, assuntar quem havia entregue Lampião. Joca, o próprio culpado, levou o nome de Domingos Ventura, morador da fazenda Patos. Corisco, à revelia das repetidas negações de Domingos, matou quase toda a família e remeteu as cabeças em um saco para João Bezerra.
João Bezerra, o tenente pernambucano, delegado da cidade alagoana de Piranhas, foi o depositário dos louros pelo assassinato histórico do maior de todos os cangaceiros. Depois do ocorrido, João Bezerra escreveu o livro Como dei cabo de Lampião, mas deixou inacabadas suas memórias. Ele relatava com satisfação como cortou a cabeça de Maria Bonita, ainda viva, agonizando depois dos muitos tiros que recebeu. Conta-se também, que Bezerra era coiteiro de Lampião, fornecendo armas para contrabando.
A minissérie “Lampião e Maria Bonita”, com Nelson Xavier e Tânia Alves, exibida pela Rede Globo em 1982, foi a primeira minissérie produzida pela emissora. Ao todo, foram feitos mais de trinta filmes sobre Lampião, entre documentários, curtas e longas.
EM PÉ
1-Domingo Paulo (primo) / 3- Ezequiel Ferreira (irmão) 5-João Ferreira (irmão) / 6-Livino Ferreira (irmão) / 7-Francisco Paulo (primo) / 9-José Dandão (agregado)
SENTADOS
1-Antonio Ferreira (irmão)/ 2-Angélica Ferreira (irmã)/ 3-Joana (esposa de João Ferreira) / 4-Mocinha (irmã) / 5-Anália Ferreira (irmã)/ 6-Virgolino Ferreira (Lampião)
Apesar de ser semianalfabeto, Lampião era aficionado por leitura, tinha excelente caligrafia e excelente artesão de couro. Somente de Napoleão Bonaparte, lampião leu três biografias, de onde tirou o modelo para suas roupas e chapéu.
Os “coiteiros” eram parceiros do bando que compravam comida, avisavam quando as “volantes” estavam se aproximando e levavam os recém-nascidos para serem adotados por outras famílias.
Após matarem todos do bando, os soldados saquearam seus bens, havia inclusive muito ouro, e para roubar os anéis, cortavam os quatro dedos das mãos de uma só vez, pois não havia tempo para retirar as jóias.
A música “Mulher rendeira” foi composta por Lampião em homenagem a sua avó materna e madrinha, D. Maria Jacosa, que o criou desde os cinco anos e foi quem o ensinou a ler.
Era costume das volantes deceparem as cabeças dos cangaceiros e exporem publicamente, assim como era costume dos cangaceiros “sangrarem” suas vítimas e também fazerem “castrações”. Ao contrário do que muitos falam, Lampião e Padre Cícero tinha forte amizade, para o cangaceiro, o padre era um santo e o venerava. Padre Cícero tentou dissuadi-lo do cangaço por várias ocasiões, mas sem sucesso. Tentou também impedir que entrassem mulheres para o bando, também sem êxito por casa da perseverança de Maria Bonita.
CANGACEIRO VILA NOVA E PANCADA APÓS CAPTURA
Lampião e Maria Bonita tiveram uma filha, Expedita Ferreira, que lhes deu 3 netos: Cleyse Mary, Djair e Vera Lucia, esta última, jornalista empenhada em preservar a memória dos avós e corrigir injustiças contadas através dos tempos. João Ferreira da Silva, conhecido por João Peitudo, ganhou fama quando disse ser filho de Lampião e Maria Bonita. Após dois exames de DNA, constatou-se que não era verdade. João peitudo faleceu com 62 anos de morte natural no dia 26 de junho de 2000, em Juazeiro do Norte, a 563 quilômetros de Fortaleza.
Durante muito tempo, as famílias de Lampião, Corisco e Maria Bonita lutaram para dar um enterro digno aos seus parentes. O enterro dos restos mortais dos cangaceiros só ocorreu depois do projeto de lei no. 2867, de 24 de maio de 1965. As cabeças de Lampião e Maria Bonita foram sepultadas no dia 6 de fevereiro de 1969. Os demais integrantes do bando tiveram seu enterro uma semana depois.
No dia 23 de março de 1940, a volante Zé Rufino combate o bando. Dadá é gravemente ferida no pé direito; Corisco leva um tiro nas costas, que lhe atinge a barriga, deixando os intestinos à mostra. O casal é transportado, então, para o hospital de Ventura. Devido à gangrena, Dadá (Sérgia Maria da Conceição) sofre uma amputação alta da perna direita, mas Corisco (Cristino Gomes da Silva Cleto) não resiste aos ferimentos, vindo a falecer no mesmo dia. O fiel amigo de Lampião é enterrado no dia 23 de março de 1940, no cemitério da cidade Miguel Calmon, na Bahia. Dez dias após o sepultamento, o seu cadáver foi exumado: decepam-lhe a cabeça e o braço direito e expõem essas partes, também, no Museu Nina Rodrigues.
Fonte 2: Memória do Nordeste, TV Diário
Fonte : Fundação Joaquim Nabuco
CRONOLOGIA
1898 – Em julho, Virgulino Ferreira da Silva nasce na fazenda Passagem de Pedras, em Vila Bela (atual Serra Talhada, PE).
1916 – Uma invasão de propriedade e pretensos roubos de animais por parte de um morador de Saturnino são os motivos do primeiro tiroteio entre os irmão Antônio, Levino e Virgulino Ferreira, o futuro Lampião.
1920 – O desenrolar das intrigas entre famílias causa a morte de José Ferreira, pai de Virgulino. Os três irmãos entram para o bando de Sinhô Pereira.
1922 – Sinhô Pereira abandona o cangaço e Lampião, assume o comando do bando.
1926 – À convite de Padre Cícero (Juazeiro – CE), Lampião entra na cidade para integrar os Batalhões Patrióticos.
1927 – O bando fracassa na famosa invasão a Mossoró (RN).
1928 – O bando atravessa o rio São Francisco e concentra suas ações nos estados da Bahia e Sergipe.
1930 – Maria Bonita estreia a entrada das mulheres no cangaço (Paulo Afonso, BA). Depois dela entram outras como Dadá (mulher de Corisco), Sila e Durvalina.
1936 – O libanês Benjamin Abrahão, ex-secretário particular de Padre Cícero, fotografa e filme Lampião e seu bando.
1938 – Na Grota de Angicos (Poço Redondo, SE), no dia 28 de julho, Lampião, Maria Bonita e mais nove cangaceiros foram mortos por volantes alagoanas sob o comando do tenente pernambucano João Bezerra.
Veja site oficial de Lampião
Leia sobre a irmã de Lampião aqui
Leia sobre Corisco no
Jornal O Povo
Leia sobre a morte de MORENO no Jornal Diário do Nordeste
Fotos: Benjamim Abraão Botto
Jaqueline Aragão Cordeiro
Eu moro em um Distrito Chamado Angico, segundo alguns moradores mais velhos, eles contam que Maria Bonita,Azulão… passaram aqui procurando onde ficava o rio mais próximo( Rio Jacuípé)por volta de 1932. Contam que o grupo estava preocupados, mas não tanto agressivos, pediram alojamento, água e comida. Aqui dois senhores (in-memória) foram atacados pelo grupo. Segundo um deles, hoje falecido o Sr. Júlio Bispo, ele foi atacado (um coronhada na cabeça) por não querer obedecer ao grupo e depois foram libertados por Maria Bonita. Esse Angico, fica localizada próximo a Feira de Santana. Temos uma foto de um relógio de parede que segundo antigos moradores, foi encontrado abondonado na mata. Acreditamos ter sido dixados na mata em um momento de confronto com a polícia local, que na época foram avisadas da suposta passagem do bando. E-mail Keu.cerqueria@hotmail.com
Lampião, era um Caba Homem!!
Há erros de legenda, com identificação incorreta dos cangaceiros.
João Marcos, favor apontar a informação incorreta que terei prazer em corrigi-la.
Na foto em que está identificado Maria Bonita e Candeeiro na verdade quem segura a revista é Lampeão.
O cangaceiro sabonete e meu biza avo pai do meu avo e avo do meu pai .dis q ele fujiu do bando quando lampiao fez um cangaceiro do bando comer um prato de sal pra boi!,ele falo que o capitao feis com o fulano mais que com ele nao faria.
E fugiu junto com outros ele para o goias e feis familha morreu bem velhinho .minha tia que e nora dele conta a estoria
Que história bacana João, obrigada por compartilhar conosco.
Abraço