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Jaqueline Aragão Cordeiro
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Martiniano de Alencar e a revolução de 1817

Jaqueline Aragão Cordeiro, 17 de abril de 20114 de agosto de 2017

O rápido progresso da revolução no Brasil contagiou os patriotas pernambucanos, pensavam que as províncias do norte (NE) mais distantes da corte, seriam mais solícitas com o movimento, a base do plano era apressar a revolução na Bahia e no Ceará, dois pontos da maior importância.

Dois sacerdotes foram enviados como agentes secretos a essas duas províncias; para o Ceará ofereceu-se o jovem subdiácono José Martiniano de Alencar. A sua oferta foi aceita por ser ele natural da Vila do Crato e pessoa muito querida pelo pároco dessa Vila, os párocos do Sertão tinham grande influência. O Capitão-Mor da mesma vila era um certo Filgueiras, pessoa cruel a quem os sertanejos temiam e chamavam de bruxo, devido a impunidade com que vivia, sua casa era um covil de criminosos que cometiam todo tipo de atrocidade ao mais simples aceno de Filgueiras.

Os ingênuos patriotas de Pernambuco acreditaram que se conquistando tal indivíduo, ganhava-se a província inteira do Ceará, e que para ganhá-lo bastaria a vontade do pároco, o qual não podia deixar de ceder ao pedido do seu predileto. Para ajudar Martiniano nessa missão, acompanhou-lhe um certo Miguel Joaquim Cézar, pessoa que parecia prudente e dia ter relações nos sertões daquela província.

Durante a viagem, iam os mensageiros com cautela, mas se encontrassem alguém disposto a aderir a causa, poderiam incitar seu patriotismo, mostrando as vantagens de não serem mais governados por estrangeiros que sugavam as riquezas do Brasil e tratavam a todos com tirania. Deveriam ir até Pombal ter com o vigário, onde teriam notícia da comarca do Ceará e do padre Luiz José, caso o vigário de Pombal estivesse solidário à causa, deveria José Martiniano ficar com ele e dali escrever cartas aos amigos de Icó, essas cartas deveriam ser persuasivas, mas sem comprometer o destinatário. Caso o padre Luiz José não estivesse favorável à revolução, seguiriam até o Crato, mas se pudessem contar com o padre, fariam a revolução no Crato e Icó. Depois, pedindo apoio a Pernambuco, poderiam seguir para Aracati e Sobral, e com o apoio dessas quatro vilas, mesmo sem a ajuda de Pernambuco, poderiam atacar a vila de Fortaleza.

Chegando ao Crato, Martiniano se separou de seu companheiro, que ficou na fazenda do Padre Luiz José, e seguiu ao encontro do padre, onde contou-lhe os acontecimentos das províncias revoltadas, valendo-se da amizade entre os dois para convencê-lo a conquistar o temível Capitão-Mor. Porém, foi em vão essa tentativa e o padre tentou dissuadi-lo do contrário, temendo pela vida do amigo, suplicou-lhe que desistisse da revolução, mas, em vão.

Por acaso, encontrou Martiniano um carmelita, frei Francisco de Santa Mariana Pessoa, a quem vinha recomendado. Tentou convencer então, reforçado pelo frei, ao poderoso Capitão-Mor Filgueiras, que de nada adiantou, nada convencia aquele velho mandão. Depois de longo silencio originado pelo desprezo e não pela meditação, dignou-se a responder que a tentativa de revolução era pouco segura e que não a apoiaria. Pediu então Martiniano, que ao menos não se opusesse a vontade do povo, a velha raposa concordou, mas era tudo artifício para engana-los, que crédulos, de nada desconfiaram. Logo Martiniano comunicou aos companheiros e começaram a planejar a revolução na vila.

O próximo dia santo, em que ele devia celebrar, foi o dia marcado para o inicio da revolução. Congregaram-se na igreja os fiéis, ao final de celebração, Martiniano vestido com sua batina, sobe ao púlpito e conta ao povo as ideias de independência , todos gritaram vivas e aplaudiram, retiraram-se para o terreno em frente a igreja e hastearam um bandeira branca, em sinal de alegria, dispararam a espingarda que traziam. Continuavam a festejar quando viram Filgueiras ao longe, isso fez com que cabisbaixos todos fossem para suas casas. E vão tentou Martiniano convencê-los de que a presença do homem era para testemunhar a alegria, pois seria tolerante com a manifestação. Poucos creram nisso e com simplicidade entoaram vivas à Pátria. Aproximou-se então o Capitão-Mor e com um simples gesto, impôs silencio, fez arrancarem a bandeira branca e com que gritassem “Viva El-Rei”, todos humildemente obedeceram. Ainda não satisfeito, mandou agarrarem Alencar e três dos seus principais companheiros e leva-los para a cadeia, onde com pesadas correntes no pescoço, foram arrastados de prisão em prisão até a capital, sofrendo todo tipo de tormentos e torturas, por toda a viagem. Não escaparam da fúria do monstro nem mesmo o padre Luiz José e D. Bárbara de Alencar, bem como outros revolucionários, alguns dias depois. Assim finalizou a revolução do Crato, as demais vilas não deram sinal de vida.

Era governador do Ceará, Manoel Inácio de Sampaio, e sua vigilância redobrou depois isso. Não tendo forças suficientes para atacar as províncias insurgidas, contentou-se em assegurar a que governava, dando ordens severas a todos os Capitães-Mores e agindo com toda a violência contra qualquer cidadão do qual desconfiasse, como fez com o ouvidor da comarca João Antônio Rodrigues de Carvalho, que por ter tido relações de amizade com Domingos José Martins, a ambos mandou prender e transferir para as prisões de Lisboa.

Fonte: Revista do Instituto do Ceará – A história da revolução de 17, por Muniz Tavares na parte relativa ao Ceará.
Jaqueline Aragão Cordeiro

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