O Abrigo Central de Fortaleza

O Abrigo Central, localizado na Praça do Ferreira, teve pouco tempo de duração permanecendo apenas por 18 (dezoito) anos de serventia quando se transformou num reduto para abrigar pessoas desocupadas, que ali faziam seu ponto de permanência. Foi demolido para dar maior espaço e beleza à Praça, na administração do General Murilo Borges em 1963/67, merecendo essa iniciativa muitos aplausos por parte dos fortalezenses. Por falta de cuidados higiênicos para melhor conservação do espaço, que se desgastou pelo próprio uso e descuido de manutenção não tardou a deterioração daquele prédio mal cuidado, teve pouco tempo para marcar, assim, história na nossa Cidade.

O Abrigo Central, serviu ainda de palco para memoráveis acontecimentos, outros tipos de manifestação cívica ou popular, quando ali tinha começo e término. Trouxe também duradouras lembranças ao tempo em que a rapaziada saía das festas dos Clubes Náutico, Maguari, Massapeense, Comercial, ou das casas noturnas quando das visitas às “horizontais” e ou “damas da noite”, moradoras nas pensões altas ou alegres, Bar da Alegria, Boate Guarani, Monte Carlo, se dirigiam ao Abrigo Central, onde somente o “Pedão da Bananada” permanecia com boxe aberto atendendo aos que ali se dirigiam para um lanche que invariavelmente consistia de um pequeno pão, recheado com folhas de alface, carne moída e uma fatia de tomate, o que era realmente confortante para quem passara noite a perambular além dos clubes, percorrendo as casas das “borboletas noturnas”, “damas da noite”, “grinfa”, “mulher de vida fácil” ou mesmo “mundana”, “chamego”, “rapariga” ou ainda “mulher fatal”, que ficavam a espera da clientela.

Era nesses fins de noite, que grupo de rapazes se reuniam e passavam a discutir suas aventuras e peripécias escolhendo os recantos do Abrigo, por esperar o sinal de partida do ultimo ônibus que saía da Praça do Ferreira à meia- noite para os diversos locais da nossa cidade.

Outros saíam das casas noturnas, como o Bar da Alegria, Pensão Império, Pensão Ubirajara, “Zé Tatá”, Pensão da Zeca, Pensão Estrela, Pensão da Cristalina, Pensão da Graça, onde se perpetrou hediondo crime do “Idalino”, jogador e amante da Graça, gravando na lembrança de todos e para sempre, tão horripilante acontecimento.

Leia sobre o Zé Tatá aqui
Fonte: Jornal Diário do Nordeste
Foto: Arquivo Nirez
Jaqueline Aragão Cordeiro

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