O primeiro automóvel do Ceará

Foto: Arquivo Nirez

O primeiro automóvel de Fortaleza, veio dos Estados Unidos no vapor “Cearense” e desembarcou no cais do porto no dia 26 de março de 1909. Era um veículo de segunda mão, da marca Rambler, comprado pela Auto Transporte, de propriedade do Dr. Meton de Alencar e de Julio Pinto, também proprietários do Cassino Cearense (Cinema Julio Pinto). Não houve quem não parasse para ver, no trajeto da Alfândega até o edifício do Cinema Julio Pinto, aquele automóvel sendo puxado por um pobre jumento, pois ninguém sabia como ligar o motor.

Pela empresa compradora, John Peter Bernard acompanhava o carro. Depois, Roberto Muratori e Dr. Meireles passaram a estudar o motor, procurando exaustivamente, fazê-lo funcionar, o que conseguiram dois dias depois.

Julio Pinto

No dia 28, por volta das 22h, Fortaleza assistiu, atônita, na calada da noite, a primeira experiência, do primeiro veículo a motor, que rodou pelas ruas. O carro moveu-se vagarosamente alguns metros, guiado por Rafael Dias Marques, caixeiro da Casa Bordalo e que passou a ser o motorista oficial do Rambler. Mais adiante estacou, e não houve quem o fizesse funcionar novamente. Assistindo ao “espetáculo”, estavam presentes Clóvis Meton, Meton de Alencar, Dr. Gadelha e Julio Pinto.

Depois disso, voltou rebocado para o Cassino Cearense. A partir daí, Roberto Muratori e Dr. Meireles tentaram botar o “bicho” para funcionar, mas com tantas divergências sobre seu funcionamento, não tiveram sucesso.

Meton de Alencar – Acervo: Vanius Meton

Então, Clóvis Meton e Alfredo Euterpino Borges, assumiram a missão de desvendar os mistérios daquela máquina e fazê-la funcionar. Dias e dias ficaram envolvidos nessa tarefa até que certo dia, conseguiram dirigi-lo na rua, constantemente cercados pela curiosa população. Mas os problemas não pararam, e sempre que o carro “dava o prego”, era necessário desmontá-lo no meio da rua para tentar consertar.

Apesar de todas essas intempéries, o carro conseguiu ir várias vezes a Messejana e chegou inclusive, a ir até a cidade de Canindé, durante as festas do Padroeiro São Francisco. Certa vez, ao passar na esquina da Rua do Imperador, pera desviar de um pedestre, bateu em um muro, derrubando-o. Esse foi seu primeiro acidente, mas felizmente, apenas com prejuízos materiais.

De tanto rodar, os pneus se desgastaram e aí surgiu um problema maior, onde comprar pneus novos? Diante do dilema, improvisaram umas rodas de madeira com aros de ferro, mas devido a barulheira infernal nas pedras do calçamento, tiveram pouco tempo de uso.

Meton de Alencar e Julio Pinto – Foto: Arquivo Nirez

Depois, outros carros apareceram, mas o “mal assombrado”, apelido esse recebido do povo por causa de seus grandes faróis e da sua enorme barulheira, o “vovô” dos automóveis de Fortaleza, terá sempre seu lugar na história.

Fonte: Coisas que o tempo levou (Raimundo de Menezes)
Jaqueline Aragão Cordeiro

COISA DE CEARENSE

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