Joaquim Pinto Madeira era filho de Ponciano Madeira e, nasceu na fazenda Silvério, na povoação da Barbalha. Homem de caráter rijo e lutador, foi um dos realistas que mais se salientaram em 1817 e 1824, e ao lado do Padre Antônio Manoel assumiu a chefia dos movimentos que em 1831 e 32 tantas perturbações trouxeram á ordem publica na Província. A sociedade secreta Coluna do Trono, a que Pinto Madeira se filiara, fora estabelecida em Pernambuco em 1829, a ela pertenceu também o Padre Francisco Ferreira Barreto.
Leal aos interesses da monarquia e pronto a se sacrificar por eles, conseguiu reunir uma milícia de quase dois mil homens, que invadiu o Crato saqueando comércios e residências, cometendo assassinatos e queimando arquivos públicos, daí partiu para Buriti, Coité, Barbalha, Missão Velha e Icó. Em 05 de junho de 1831 a Câmara de Crato decretou a prisão de Pinto Madeira. Acuado e sem chance de vitória, entregou-se ao general Labatut, em 12 de Outubro de 1832, com a promessa de ser enviado para o Rio de Janeiro, afim de ali se justificar.
Depois de andar de prisão em prisão, no Ceará e Pernambuco, foi remetido para o Maranhão, donde sendo requisitado pelo presidente Ignacio Correa, chegou ao Ceará em 15 de Outubro de 1834. Já estava então no governo José Martiniano de Alencar. Recolhido ao quartel de 1ª linha, então cadeia do crime, seguiu no dia 22 do mesmo mês para o Crato, escoltado por 60 praças sob o comando do ajudante de ordens Tenente João da Rocha Moreira e do Tenente Manoel Franklim do Amaral, e ali chegou em 23 de Novembro.
No dia 26 foi levado perante o júri, que tinha sido convocado extraordinariamente e formado apenas pelos inimigos de Madeira, e acusado não como rebelde, mas como autor do homicídio de Joaquim Pinto Cidade, parente de um dos jurados. Presidiu o júri o juiz de direito interino Tenente-Coronel José Victoriano Maciel, também inimigo do acusado.
Deferindo seu ódio contra os simpatizantes da abdicação de Dom Pedro I, muitas foram as violências praticadas, inclusive, o desenfreado recrutamento em Jardim e outros pontos da Província. Entre os recrutados por ordem de Pinto Madeira estava Antônio Duarte Pinheiro, que foi sem demora conduzido para Fortaleza e atirado no porão de um navio que seguia para o Rio de Janeiro, com inúmeros outros companheiros. Para piorar a situação de Antônio Duarte, apareceu a bordo a varíola que a muitos matou e a outros reduziu a um estado lastimável. Entre estes se encontrava Antônio Duarte a quem o comandante do navio, mandou jogar nas praias do Rio Grande do Norte sem nenhuma ajuda, e agonizante, milagrosamente escapou por ter sido socorrido e tratado por pescadores que se sensibilizaram com seu completo abandono em tão miserável estado. Anos depois Pinto Madeira se via condenado á morte, e o escrivão do crime que o condenava era, senão, o mesmo Antônio Duarte Pinheiro, o recrutado, perseguido e maltratado de outrora.
Pinto Madeira foi condenado a morte por unanimidade de votos e fuzilado pela manhã do dia 28. Fora condenado à forca, mas pelos seus apelos em ser um coronel, seus inimigos aceitaram que não fosse enforcado, mas fuzilado com um tiro de honra. Os últimos momentos de Pinto Madeira impressionaram tanto ao povo, que muitos o idolatraram como santo.
Apesar da ordem do Governo Geral para se apurar a responsabilidade de todos aqueles que concorreram para a morte de Madeira sem que se tivesse preenchido o determinado na Lei de 11 de Setembro de 1826, ficou impune esse assassinato jurídico.
Pinto Madeira não deixou filhos. Sua mulher, que ainda sobreviveu alguns anos, morreu na miséria.
Fonte: Portal da História do Ceará
Jaqueline Aragão Cordeiro