Senador do Império e Bacharel em Direito, Thomaz Pompeu de Souza Brasil, nasceu em Santa Quitéria, a 6 de junho de 1818 e faleceu em Fortaleza a 2 de setembro de 1877, na sua casa de residência à rua da Amélia, rua que em 1878 recebeu seu nome. Pela primeira vez, no dia da sua morte, foi visto em vestes de clérigo.
Filho do Capitão de Milícias Tomaz de Aquino e Sousa (riograndense do norte) e de Jeracina Isabel de Souza, de Santa Quitéria. Da mesma família de que descende o Padre Mororó e o Padre Miguelinho, dois patriotas republicanos que pagaram com a vida o ideal de liberdade e democracia.
Iniciou os estudos com o seu tio Gregório Francisco de Torres Vasconcelos. Embarcou em 1834 para Recife a fim de cursar o Seminário e a Academia de Direito. Ordenou-se a 18 de setembro 1841, bacharelando-se em Direito a 24 de outubro de 1843. Aprovado em concurso para a cadeira de Teologia do Seminário, daí provindo os recursos para manter os estudos superiores. De regresso ao Ceará, tratou de dotar a Província de um estabelecimento de ensino secundário oficial, no que resultou a fundação do Liceu em 1845, tendo sido seu primeiro Diretor e primeiro catedrático de Geografia. Aposentou-se do Liceu a 17 de janeiro de 1865. Voltou mais uma vez à diretoria do Liceu em de 24 de outubro de 1853.
Eleito suplente de deputado geral, tomou posse na Câmara Baixa do País de 1845, na vaga oriunda do deputado padre José da Costa Barros, que falecera antes de tomar posse. Voltou à deputação em 1848, para afinal ser efetivamente eleito e nomeado Senador a 9 de janeiro de 1864, na vaga do Dr. Miguel Fernandes Vieira. No Senado conquistou posição de evidência, tornando-se uma das suas figuras de maior projeção na Câmara Alta.
Jornalista emérito, escrevendo artigos na imprensa que honraram a sua pena. Professor de Estatística, a ele deve-se o primeiro tratado de Geografia editado no Brasil. Seus trabalhos nesse gênero são fundamentais ao estudo dessa matéria. Membro da Sociedade Literária 11 de Agosto, do Recife; Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro; Societé de Geographie, de Paris; Sociedade Auxiliares da Indústria Nacional; Instituto Histórico da Bahia e do Maranhão; Instituto dos Advogados do Recife; Sociedade Filomática (amantes da ciência) do Rio de Janeiro; Harmonia Maranhense e Ateneu Maranhense.
Sobre o Pe. Pompeu assim diz o Barão de Studart: “Cearense notável, foi presbítero, bacharel em direito, professor, autor de vários obras e político talentoso”. Cruz Filho cita-o, classificando-o como “professor, jornalista, orador parlamentar e cientista”. Dr. Paulino Nogueira assim se refere ao Senador Pompeu: “Com a morte de tão ilustrado cidadão, não perde o Ceará um dos mais distintos dos seus filhos, mas também o país um Brasileiro que, por seu espírito culto, era umas das belas glórias da pátria”.
Publicou: Princípios Elementares de Cronologia para uso do Liceu do Ceará – 1850; Elementar de Geografia geral e especial do Brasil, 1859; Memória sobre Colégio Pedro II, nos Liceus e Seminários do Império; Memórias sobre a estatística da população e industrial da província do Ceará, 1856; Eleição do quarto distrito, 1857; Memória Estatística da Província do Ceará – 1858; Compêndio Elementar de Geografia geral e especial do Brasil, 1859; Memória sobre a conservação das matas e arboricultura – 1859; População da Província do Ceará, 1859; Ensaio Estatístico da Província do Ceará, 2 tomos, de 1863 e 1864; Discurso, 1866; Sistema ou configuração orográfica do Ceará, 1877; Memória sobre o clima e secas do Ceará, 1877. Em 1868, como Sexto Vice-presidente da Província, rejeitou em 1868 a assumir o Governo. Convidado pelo Conselheiro Furtado, a ocupar a pasta ministerial do Império, do Gabinete de 31 de agosto de 1865, declinou do convite, indicando o Dr. José Liberato Barroso. Senador Pompeu deixou ilustre e numerosa família.
Fonte: Alece
Jaqueline Aragão Cordeiro