CRONOLOGIA:
1663 a 1664 – A seca acabou com tudo, levou a população a fome extrema obrigando-os a comer qualquer coisa que matasse a fome.
1777 a 1778 – A seca acabou com a criação de gado, que ficou reduzida a 1/8 do total, comercio de charque reduziu significativamente, sendo praticamente extinto.
1790 a 1793 – Considerada a maior seca do século XVIII. As águas desapareceram completamente, morreram o gado, os vaqueiros, os fazendeiros, os animais domésticos e selvagens. As estradas estavam cheias de cadáveres, famílias inteiras mortas de fome e sede. A população fugia do interior para os povoados do litoral e ali, eram dizimados pela peste. Pobres e ricos, igualmente, foram reduzidos a miseráveis. Consumidos pela fome, as pessoas se alimentavam de animais que jamais foram alimento humano, como corvos, carcarás, cobras, ratos, couro de bois, xique-xique, mandacaru e mandioca brava.
Entre 1614 e 1692, se passam 78 anos sem que se tenha registros escritos sobre a seca, o que não quer dizer que não aconteceram.
Durante o século XVII, os fortins fundados próximo ao litoral eram os únicos pontos de referencia para o navegante. Os quarenta anos da conquista holandesa levou as famílias residentes no Maranhão a fugir para o litoral e o interior cearense e se fixaram na ribeira do rio Jaguaribe e do rio Acaraú. O rio do peixe em Aquiraz, foi ocupado pelos sertanistas da Paraíba. Começava aí, a saga do sertanejo cearense com a seca.
As fazendas que se formavam, serviam de pouso aos viajantes e as populações mestiças cresciam em torno das fazendas, de onde nasceram os povoados que se transformaram em vilas e cidades.
As últimas décadas do século XVII foram cheias de lutas pela posse de terras entre colonizadores e índios. Venceram os senhores coloniais, os índios perderam suas terras e os religiosos, o predomínio das aldeias.
Com o rigor das secas que causou a escassez de caça, os índios começaram a atacar o gado solto no campo, pois como não possuíam o senso de propriedade, entendiam que o gado solto era propriedade comum a todos os indivíduos da tribo.
Os relatos oficiais só se referem as secas depois que a população branca penetra nos sertões e os fazendeiros pedem ao rei o envio de novos escravos, pois os existentes haviam morrido de fome (1723 a 1729), os engenhos estavam em ruínas, pois o branco, proprietário português, não se dedicava ao trabalho braçal, por achar isso, um sinal de inferioridade.
Em 1766 o governo expediu ordem régia para que vadios e facínoras que viviam a vagabundar pela capitania e usavam a seca como desculpa para roubar e matar, se ajuntassem em povoações, repartindo entre eles, em justa proporção, as terras adjacentes, sob pena de serem considerados ladrões e inimigos da província, e como tais, punidos severamente. Em consequência dessa ordem, foram criadas as vilas de Sobral, São Bernardo de Russas, São João do Príncipe (Tauá) e Quixeramobim. Conclui-se que não era pequeno o número de vagabundos que viviam no interior. As vilas foram estrategicamente criadas à margem dos rios.
Em 1782, de acordo com informações do Cap. Gal. João Cesar de Menezes, então governador de Pernambuco, o Ceará tinha 61.408 pessoas afetadas pela seca, distribuídas em 972 fazendas e 87 engenhos. Na região do cariri, as fazendas se localizavam na ribeira do rio Icó, com 157 fazendas, e no Inhamuns, com 138 fazendas. Na cidade se Sobral até Acaraú, eram 105 fazendas.
1824 a 1825 – Houve uma tríplice calamidade: seca e fome, guerra civil (cisplatina) e a peste de varíola. Nesse ano observou-se um fenômeno botânico, o juazeiro destilava mel de suas folhas, em tal quantidade, que dava para alimentar a população faminta. A administração pública nada fez para diminuir a desgraça do povo. Bandos armados se apoderavam das propriedades alheias, como em pleno comunismo. Os corpos dos falecidos iam ficando pelas estradas, praças, campos e ruas, sem serem sepultados, o governo mandou abrir uma vala e lá iam jogando os corpos recolhidos das ruas. Alheio a todas as súplicas, Conrado Jacob de Niemeyer, recrutou milhares de sertanejos para a guerra da cisplatina. 2.150 pessoas embarcaram em navios, desses, 412 morreram de varíola ainda nos navios, 314 foram internados em hospitais e o restante, quase todo, morreu por causa dos ferimentos de guerra ou de frio.
1844 a 1846 – A população faminta comia vegetais agrestes e sem nutrientes, e muitas vezes nocivos. Os homicídios aumentaram consideravelmente, ocasionados quase sempre, por questões de alimentos. Não achando mais o que comer, os sertanejos retiraram-se para o Cariri, as terras mais úmidas da província. A caridade da população não supria as necessidades de todos os famintos. O governo, aguardando ordens do ministério, demova demais para atender a população, que morria cada vez mais de fome e sede. As mulheres famintas, de entregaram a prostituição para receberem algum meio de sobrevivência.
1877 a 1878 – Houve uma grande seca depois de 32 anos de inverno, o governo socorreu a população criando frentes de trabalhos, a fome e a varíola mataram muitas pessoas. Os alimentos atingiram o quádruplo do preço. As estradas encheram-se de retirantes que rumavam para o litoral. A província do ceará perdeu 1/3 da população, pelo êxodo ou pela morte. A agricultura desapareceu.
1888 a 1889 – Houve uma grande seca que causou a morte de quase todo o gado e de pessoas, muitos consideraram maior que a seca de 1877, o governo nada fez para ajudar a população.
1915 – A seca desse ano foi o cenário para o livro “O Quinze”, de Raquel de Queiroz, bem com para a implantação do primeiro campo de concentração no bairro Alagadiço, em Fortaleza.O declínio da pecuária aconteceu a partir de 1920 em consequência das grandes secas dos séculos XIX e XX.
1932 a 1933 – Durante essa seca, Lampião e seu bando centralizavam as atenções dos políticos. Padre Cícero tinha influência política e milagrosa para os sertanejos, a irmandade do Caldeirão de Santa Cruz do Deserto atraia centenas de flagelados para os arredores de Crato.
1958 – A grande seca de 1958 expôs a calamidade da região, o governo teve que atender com obras emergenciais a mais de 500 mil pessoas. Escândalos e a indústria da seca vieram à tona.
1979 a 1983 – A grande seca de 1979 a 1983 foi considerada a maior do século XX, cerca de 3 milhões de pessoas morreram de subnutrição. A lavoura e a pecuária foram quase extintas e os reservatórios de água secaram.
Jaqueline Aragão Cordeiro
É impressionante como nós negligenciamos essas informações, como isso está ao nosso redor e não sabemos ou sabemos, porém, dentro de uma dimensão infinitamente menor. Meus pais falam de secas onde haviam muitos corpos nas ruas, praças, calçadas e principalmente nos trilhos dos trens, onde uma grande quantidade de pessoas seguiam tentando ir para outra localidade, a pé, porém, acabavam morrendo pelo caminho. Segundo eles, era uma imagem inacreditável!! “Olha ali o filho do fulano” (o corpo), olha ali o Seu Zé, olha aquela família do sítio do fulano… todos mortos nas proximidades dos trilhos.
Era assim mesmo João. Felizmente, hoje as coisas são melhores, mas ainda são muito tristes. Para nós que vivemos aqui e temos família no interior, vemos claramente a sofrimento por causa da seca.
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