As minas de prata do Siará Grande

Os neerlandeses já tinham perdido muitos dos seus assentamentos em batalhas com os portugueses, desde agosto de 1645. A situação piorou com o passar dos anos e com as derrotas nas batalhas dos Guararapes, em 1648 e 1649, mas apesar das derrotas, a Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais estava decidida a levar adiante o plano para descoberta de minério no interior do Brasil, já cartografado pelo ex-governador da Paraíba, Herckmans, e outros exploradores como Astetten e Schout Hoeck.

Em 1º de março de 1649, Matias Beck foi escolhido para a expedição ao Ceará, com a desistência do chefe do Conselho de Justiça no Brasil Neerlandês.

Saindo do Recife em 20 de março de 1649, com uma frota de cinco embarcações, Matias Beck atracou no Mucuripe em 3 de abril do mesmo ano. Em 1º de abril, estes passaram o rio Jaguaribe e no dia seguinte a frota alcançou a ponta do Iguape, onde ancoraram. Três das embarcações seguiram para reconhecimento do local. Na manhã do dia 3 de abril, a frota partiu para o Mucuripe, lá chegando ao meio-dia do mesmo.

A frota da expedição era composta das seguintes embarcações: Geele Sonne, Synegael, Vlissinge, Capodello e uma chalupa. No Geele Sonne, embarcou Matias Beck e na Vlissinge embarcaram os índios cearenses.

Depois de contatos e negociações, através dos índios vindo do Recife, com os índigenas locais, Matias Beck marchou com sua tropa para o monte Marajaitiba em 6 de abril. No dia 7, foi construída uma ponte sobre o riacho Marajaitiba, para assim alcançar a margem esquerda do mesmo. Em 10 de abril, foram iniciadas as obras de construção do quartel para abrigar a tropa, munições e mantimentos e o Forte Schoonenborch.

Aqui, agilizaram-se a busca e a exploração das minas de prata sugeridas por Martim Soares Moreno. Depois de expedições organizadas por Mathias Beck, tendo a frente o índio “Francisco Caraya”, as minas foram encontradas mas nunca deram o lucro esperado, dessa forma, frustraram-se as expectativas de encontrar prata em Itarema.

Em 1739 Antonio Gonçalves de Araújo conseguiu autorização para prosseguir com a busca de prata na serra dos côcos e Ibiapaba(Ubajara). Em 1742, mandou vir da Europa cinco peritos para os procedimentos de extração, iniciados em 1744, sob direção de  João Cristóvão Sporgel, no sitio Frecheiras. Os testes feitos não revelaram nenhuma presença de prata, mas de outros metais sem importância e em quantidades ínfimas.

Chegou ao conhecimento do governador de Pernambuco, por intermédio de José Honório Valadares Aboim, que no Cariri havia ouro, e enviou amostras para Pernambuco pelo Cel. da Ribeira dos Cariris, Domingos Alvares de Matos. Remetendo notícias e amostras a Portugal, nem esperou o governador, a licença do rei e mandou imediatamente ao Cariri uma expedição em 1752, chefiada por Jerônimo Mendes da Paz a fim de descobrir ouro nos “Cariris”. O governador do Ceará, Luis Quaresma Dourado, não gostou da interferência do governador de Pernambuco na província, fazendo ostensiva resistência à nova empreitada.

Diante dos insignificantes resultados obtidos por Jerônimo Mendes de Matos, resolveu este, formar a “Companhia do ouro das minas de São José dos Carirís”, com a duração de um ano e vinte sócios que eram obrigados a contribuir com dinheiro e escravos. As cláusulas foram redigidas em 03 de agosto de 1756 e a companhia teve como administrador o Cap. Antonio Jacó Viçoso, que no dia 19 saiu do Recife com 73 escravos, dos quais chegaram apenas 69.

Pouco mais de um ano depois, Jacó Viçoso abandonou o cargo. Por não mostrar o negócio nenhuma renda, compreenderam todos, a inutilidade da mineração. Em 1754 foi sugerido cavas minas de prata em Uruburetama e Maranguape, mas essa proposta também não foi adiante. Em 1844 o Cel. Diogo Lopes de Araújo Sales tentou extrair ouro no riacho Juré, em Ipú, também sem êxito. Sem encontrar o minério desejado, expandiram-se as plantações de mandioca e milho entre as terras da serra da Aratanha e da serra de Maranguape, as quais tinham sido citadas pelo Guerreiro Branco.

Fonte: Wikipédia / Diário da expedição de Mathias Beck ao Ceará em 1649 – Revista do Instituto do Ceará / Evolução histórica cearense, Raimundo Girão, 1986
Jaqueline Aragão Cordeiro

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