Colonização portuguesa no Ceará

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O Ceará era habitado ancestralmente por indígenas dos troncos Tupi (Tabajara, Potiguara, Tapeba, entre outros) e Jê (Kariri, Inhamum, Jucá, Kanindé, Tremembé, entre outros), cujas tribos ainda hoje denominam vários topônimos no Ceará. Estes povos já negociavam Tatajuba, ambar, algodão bravo e outros produtos com os estrangeiros que aportavam nas costas cearenses, antes que os colonizadores portugueses chegaram em 1603 através do litoral. O povoamento pelos protugueses foi bastante dificultado nas primeiras décadas de colonização, devido à intensa resistência dos nativos e à interveniência de secas.

Os navegadores espanhóis Vicente Yáñez Pinzón e Diego de Lepe desembarcaram na costa cearense antes da viagem de Pedro Álvares Cabral ao Brasil. Pinzón chegou a um cabo identificado como “Porto Formoso”, que se acredita ser o Mucuripe, e Lepe, à barra do rio Ceará, em Fortaleza. Essas descobertas não puderam ser oficializadas devido ao Tratado de Tordesilhas (1494).

Ficaram assim entregues à ação de corsários, notadamente franceses, que em 1590 estabeleceram a Feitoria da Ibiapaba, para explorar o âmbar-gris, as madeiras de lei, a pimenta e o algodão nativo. Os esforços de povoamento pelos portugueses visavam principalmente a vencer a resistência indígena e garantir o domínio luso contra estrangeiros.

Com o estabelecimento, pela Coroa Portuguesa do sistema de capitanias hereditárias para a colonização do Brasil (1534), o território do atual estado do Ceará estava compreendido em três lotes:
* da baía da Traição à foz do rio Jaguaribe, no lote doado a João de Barros e Aires da Cunha (Capitania do Rio Grande);
* da foz do rio Jaguaribe à do rio Mundaú, constituindo o lote doado a Antônio Cardoso de Barros (Capitania do Ceará); e
* da foz do rio Mundaú ao Piauí, no lote doado a Fernão Álvares de Andrade (2a. Capitania do Maranhão).

A Capitania do Ceará foi doada em 20 de novembro de 1535 ao provedor-mor da Fazenda Real, Antônio Cardoso de Barros, subalterno de Fernão Álvares de Andrade e de D. Antônio de Ataíde. O seu foral foi-lhe passado em 26 de janeiro de 1536. Como os seus vizinhos por diversos motivos, este donatário também não chegou a ocupar o seu lote.

A partir de 1590 corsários franceses estabeleceram uma feitoria fortificada em seu litoral, aliando-se aos Tabajaras da Ibiapaba, explorando pau-brasil. Em 1597/98 um ramo da etnia Potyguara que habiatava a região ao redor do Forte dos Reis Magos, migrou e estabeleceu-se na região entre as margens dp rio Cocó, rio Ceará e ao fundo as serras de Pacatuba e Maranguape.

Pero Coelho de Sousa foi um explorador português, primeiro representante da Coroa a desbravar os territórios da capitania do Ceará no início do século XVII. Em 1603, requereu e obteve da Corte Portuguesa por intermédio de Diogo Botelho, oitavo Governador-geral do Brasil, o título de Capitão-mor para desbravar e colonizar a capitania do “Siará Grande”.

Após uma série de lutas, conquistou a região da Ibiapaba vencendo os inimigos (franceses e indígenas). Retorna à barra do rio Ceará onde ergueu o Fortim de São Tiago da Nova Lisboa (1604) abandonado no ano seguinte (1605). Segundo o Sargento-Mor Diogo de Campos Moreno, em 1614, Pero Coelho de Souza foi o primeiro a ter seu nome ligado a escravidão das populações indigenas do Brasil, escravizando primeiro os indios da Ibiapaba e do rio Jaguaribe.

O relato do Sargento-Mor Diogo mostra que Pero Coelho de Souza, homem nobre do Estado do Brasil, arregimentou soldados e indios para ir conquistar o Maranhão num trajeto passando por mar até o Ceará e, dali, indo por terra passando pela serra da Ibiapaba, não indo além tendo em vista os confrontos violentos com os indios Tabajara da serra, liderados pelo morubixaba Mel Redondo. Nesse confronto armados saíram vencidos os Tabajara, sendo rateados como escravos e vendidos nos engenhos do litoral.

Diante do fracasso de Pero Coelho de conquistar as nações índigenas, em 1607 foram enviados os padres Jesuítas Francisco Pinto e Pereira Figueira com o intuíto de evangelizar-los. Estes avançaram até a Chapada da Ibiapaba, onde ficaram até a morte do padre Francisco Pinto em outubro do mesmo ano. O padre Pereira Figueira, retorna a Pernambuco em 1608, sem grandes sucessos.

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Fortin de São Sebastião

Pouco mais tarde, face à ameaça francesa na Capitania do Maranhão, o governador da Repartição do Brasil, D. Diogo de Meneses (1608-1613), incumbiu o Capitão-mor Martim Soares Moreno (considerado posteriormente o “fundador” do Ceará) de, na costa da capitania do Siará, fundar uma feitoria, guarnecer pontos estratégicos, fomentar o progresso econômico e a catequese dos gentios. Acompanhado de apenas seis soldados e de um religioso com o domínio do idioma, para não hostilizar os indígenas, Moreno retornou à foz do rio Ceará. Com o auxílio do morubixaba Jacaúna, ergueu, no mesmo lugar do antigo Fortim de São Tiago, uma nova povoação, e uma ermida dedicada a Nossa Senhora do Amparo, a 20 de janeiro de 1612. Construiu, às margens do Rio Ceará, o Forte de São Sebastião (1612), local conhecido atualmente como Barra do Ceará (divisa entre os Municípios de Fortaleza e Caucaia).

A colonização da região, iniciada no século XVII, foi dificultada pela forte oposição das tribos indígenas e as invasões de piratas europeus. Só tomou impulso com a construção, na embocadura do riacho Marajaitiba, do forte holandês Schoonenborch, que em 1654, foi tomado pelos portugueses e passou a ser chamado Fortaleza de Nossa Senhora de Assunção. Em volta dessa Fortaleza formou-se a segunda vila do Ceará, a vila do Forte, ou Fortaleza. Depois de muita disputa política entre Aquiraz e Fortaleza, a última passou a ser a capital do Ceará, oficialmente a partir de 13 de abril de 1726.

Outras cidades nasceram a partir de aldeamentos indígenas, onde os nativos eram confinados sob o controle de jesuítas, responsáveis por sua catequização e aculturação. Este foi o caso de cidades importantes como Caucaia (inicialmente Soure), Crato, Pacajus, Messejana e Parangaba (as duas últimas atuais bairros de Fortaleza). Os indígenas cearenses foram, em sua maior parte, massacrados, embora tenham resistido até o início do século XIX. Um dos maiores exemplos de sua resistência foi a Guerra dos Bárbaros, na qual indígenas de diversas tribos (Kariri,Janduim, Baiacu, Icó, Anacé, Quixelô, Jaguaribara, Kanindé, Tremembé, Acriú, etc.) se uniram para lutar contra os conquistadores, resistindo bravamente durante quase 50 anos.

Quando da criação do Estado do Maranhão, em 1621, nele se inscrevia a Capitania Real do Siará. Esta, durante a segunda das Invasões holandesas do Brasil (1630-1654), permaneceu ocupada pelos invasores de 1637 a 1654. A partir de 1680, o Siará passou à condição de capitania subalterna da de Pernambuco, desligada do Estado do Maranhão. A capitania do Ceará veio a alcançar a autonomia apenas no fim do século XVIII, pela Carta-régia de 17 de janeiro de 1799.

Às vésperas da Independência do Brasil, a 28 de fevereiro de 1821, tornou-se uma província e assim permaneceu durante todo o período imperial. Com a Proclamação da República Brasileira (1889), tornou-se o atual estado do Ceará.

Fonte: Wikipédia
Jaqueline Aragão Cordeiro

6 Replies to “Colonização portuguesa no Ceará”

  1. Muito bacana nossa história !!! Muita luta e, certamente, muitos pereceram…
    O Ceará é terra de gente inteligente, trabalhadora e muito inventiva. Terra de muitas riquezas e de cultura peculiar. Temos nosso jeito de falar, gesticular, zombar, “frescar”..
    Terra boa, nosso Ceará !!

  2. Jaqueline Aragão Cordeiro, gostei do seu blog. Como gosto da História,amei. Olhe, continue trazendo ao público material de qualidade como este. Parabéns e obrigado

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