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O cangaço no Ceará – Ulisses Liberado de alencar

Jaqueline Aragão Cordeiro, 17 de dezembro de 20113 de agosto de 2017

Ulisses Liberato de Alencar nasceu em 1894, na fazenda “Estrelo”, município de Pombal na Paraíba. Filho do rico fazendeiro Francisco Liberato de Alencar, parente do Cearense José de Alencar, e de Anna Maria Sacramento, filha de um descendente de criptojudeus (Judeus obrigados a praticarem a sua fé em segredo, por receio de perseguições religiosas, ao mesmo tempo em que publicamente praticam outra religião) chamado João Inácio Cardoso D’Arão, que para escapar da inquisição, fugiu para o Cariri e depois para Pombal, onde se instalou definitivamente.

Todas as economias da família se acabaram durante a seca de 1915, foi quando despontou o espírito guerreiro de Ulisses. Associado a calamidade da seca, aconteceu também o falecimento de seu pai, fazendo com que Ulisses se aproximasse das famílias abastadas. Sob o domínio das oligarquias, o povo vivia subordinado aos “coronéis” devido os favores concedidos. Essa submissão, ocasionada pela falta de posses, levou Ulisses a marginalidade.

Favores exigidos por “protetores” nos momentos de infortúnios, comprometeram Ulisses e sua família. Já não era mais considerado o filho respeitado do rico fazendeiro da fazenda “Estrelo”, transformou-se rapidamente num bandido que matava e roubava sem nenhum  escrúpulo. O prestígio dos Alencares precisava ser resgatado e para isso, Ulisses foi mandado pela família, para São Paulo a fim de se regenerar, mas de nada adiantou, logo retornou ao sertão e recomeçou a praticar seus crimes, tornou-se então, a grande preocupação dos seus antigos protetores que o consideravam um arquivo vivo.

Violento e impulsivo, invadiu a fazenda Bom Jesus, em Pombal, surrando impiedosamente sua proprietária que o estaria difamando, comentando seus crimes nas redondezas. A partir disso se tornou mais perigoso, representando uma ameaça real aos seus antigos protetores. A partir daí, empunhou o rifle, amolou a faca que um dia seu pai abriu caminho na caatinga, cercou-se de bandidos famosos do nordeste e formou seu bando de cangaceiros. Suas ações rápidas e precisas o deixaram famoso e respeitado por outros bandos, sua fama logo se espalhou em boa parte da Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Pernambuco.

O Major José Inácio de Sousa era um famoso coiteiro da cidade de Barro, amigo dos Alencares e de Sinhô Pereira, fez a aproximação de Ulisses com o antecessor de Lampião. Em 1918 conheceu uma sertaneja de nome Santina, com quem se casou. Perseguido pela polícia, que usava de tortura, inclusive com a família de Santina, para descobrir o paradeiro de Ulisses, passou a viver no meio da caatinga.

No município de Barro, Ulisses firmou sólida amizade com Sinhô Pereira, passando de bando independente, para subgrupo deste. A polícia fez uma verdadeira devassa no território controlado pelo Major José Inácio, que encurralado, fugiu para Goiás, onde foi assassinado em São José do Suro, hoje Tocantins.

Em 1919 Ulisses, que unira forças com Sinhô Pereira, destroçaram volantes aquarteladas na Vila de São Francisco de Vila Bela, hoje Serra Talhada, em Pernambuco. Nessa época, teve como companheiro o maior de todos os cangaceiros, Lampião. O ataque a Vila de São Francisco repercutiu negativamente e a perseguição a estes, aumentou de forma impressionante. Antigos aliados do Major Inácio ainda lhe davam proteção no Ceará.

Na Paraíba, fronteira com o Ceará, Ulisses contou com a proteção forçada de um parente abastado e firmou uma base estratégica na localidade chamada Cantinho do Feijão, hoje Santa Helena-PB. Usando a propriedade do parente como base avançada, Ulisses desferia ataques violentos às fazendas vizinhas bem como no Ceará, exigindo tributos dos fazendeiros, e aqueles que negassem, enfrentariam sua vingança terrível.

No dia 11 de setembro de 1922, encontrava-se em missão de observação em Lavras da Mangabeira-CE, quando foi preso. Estava sem o bando, pois para não chamar a atenção, havia preferido agir sozinho. Transferido para a cadeia do Crato, foi minuciosamente interrogado. Sua transferência para a cidade de Pombal foi requisitada a fim de que ele respondesse a inúmeros processos naquela cidade.

Na verdade, o real sentido da transferência era dar prosseguimento a queima de arquivo que havia sido planejada pelos poderosos que o haviam envolvido na vida de crimes. Em setembro de 1923 foi executado, juntamente com dois comparsas: Chá Preto e Polvrinha, pois quem comandava a escolta policial era um soldado-jagunço de quem o queria morto. Assim, chegou ao fim o bando do filho do rico fazendeiro, que a miséria causada pela seca transformou em cangaceiro.

Fonte: Jornal Diário do Nordeste
Jaqueline Aragão Cordeiro

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