Povos indígenas sobreviventes

O Estado do Ceará tem origem fortemente vinculada aos povos indígenas. O próprio nome do Estado provém de “ciará” ou “siará”, que significa “canto da jandaia”, que na linguagem em tupi é um tipo de papagaio.Um decreto da Assembléia Provincial do Ceará, em 1863, declarou que não haviam mais índios na província. Então eles passaram a ser desacreditados, perseguidos e tiveram suas terras invadidas. Somente na década de 1980, os índios cearenses começaram a revindicar seus direitos de posse de terra e o reconhecimento de suas etnias.

De acordo com dados da FUNASA, o Estado  do Ceará tem 15 etnias indígenas reconhecidas com uma população de 22.579 indígenas que se encontram  principalmente nos Municípios de Poranga, Aquiráz, Crateús, Trairi, Itarema, Maracanaú, Pacatuba, Viçosa do Ceará e Caucaia.

POVOS INDÍGENAS E MUNICÍPIOS ONDE HABITAM

Kalabassa – Ficaram conhecidos como jandaíras, pois quando os brancos chegaram na região, os kalabaça coletavam o mel da jandaíra. Antigamente moravam em casas de palha e seus utensílios eram feitos de barro e cuia. Os Kalabaças, em Poranga, estão organizados na luta por suas terras junto aos Tabajara. É comum encontrar famílias mistas, formadas por Kalabaças e Tabajaras. De acordo com a FUNASA, existem 229 índios pertencentes a esse povo no estado.

Jenipapo-Kanindé – O nome  Payaku designa uma etnia numerosa que, no século XVI, habitava toda  a faixa sublitorânea dos atuais estados do Rio Grande do Norte e Ceará.
Hoje, o grupo que ficou mais conhecido como Jenipapo-Kanindé são descendentes dos Payaku que viviam na mesma região. Habitam a Lagoa da Encantada, no município cearense de Aquiráz. Possuem títulos individuais dos terrenos onde vivem, mas a terra é compartilhada coletivamente. Em 1997 a FUNAI começou o processo de demarcação da terra indígena Lagoa Encantada. Sua população, que em 1982 era de 96 pessoas, em dezembro de 1997 chegava a 180. Atualmente chega a 303 pessoas(Funasa).

Pitaguary – O grupo habita a serra Pitaguari, no município de Maracanaú. Os Pitaguari foram visitados pela FUNAI em 1997 e em 2000 a Terra Indígena Pitaguari foi aprovada pelo órgão com uma área de 1.735,60 hectares. A população chega a 3.857 pessoas(Funasa).

Potiguara – As aldeias constituiam três Terras Indígenas (TI) contíguas: Potiguara, Jacaré de São Domingos e Potiguara Monte-Mor na Paraiba. Em 2005, iniciou-se o processo de identificação de uma outra terra denominada Mundo Novo/Viração em Crateús no Ceará. A população chega a  3.531 pessoas(Funasa).

Tremembé – Os Tremembés existem no Ceará muito antes de sua colonização.  Na passagem para o século XVIII, os Tremembés foram aldeados em missões, na região da foz do rio Aracati-Mirim. É a partir dessa época que se encontra o maior volume de documentos referentes a esse povo. Atualmente vivem nos municípios de Itarema, Acaraú e Itapipoca. Em Itarema, vivem tanto perto da costa, sobretudo no distrito de Almofala, como no interior, em área já regularizada pela Funai, conhecida por Córrego do João Pereira, que compreende o Capim-açu, São José e Telhas. A região da “Grande Almofala” (Chaves, 1973) compreende a vila hom­ônima e um grande número de localidades onde vivem tanto os Tremembé como regionais e proprietários de terra. A população chega a 3.024 pessoas(Funasa).

Tabajara – Os Tabajara possuem uma história de sucessivas migrações, devido a constantes conflitos de terras. Os Tabajara que vivem em Crateús são provenientes das serras vizinhas, principalmente a serra da Ibiapaba, e tiveram que migrar para a periferia da cidade, foragidos da opressão exercida pelos fazendeiros que invadiram suas terras. Dividem-se em sete comunidades. Recentemente, um grupo de 15 (quinze) famílias dos Lira, migrou para a cidade de Quiterianópolis, onde encontraram melhores condições para viver, de acordo com seus costumes indígenas. Ficaram conhecidos como os Tabajara de Fidélis. Nesta mesma cidade encontram-se mais 3 (três) comunidades Tabajara: Vila Nova, Croatá e Vila Alegre, todas na área rural. São reconhecidas comunidades nos municípios de Crateús, Quiterianópolis, Ipueiras e Poranga, segundo a FUNASA, somam 2.982 indígenas.

Tapeba – As áreas em que os Tapeba residem constituem grupos locais de tamanho, padrão de assentamento, densidade e localização distintos, dentro da geografia multifacetada no município. de Caucaia. Ocupando nichos diferentes, os Tapeba atualizam formas diferenciadas de apropriação dos recursos naturais, basicamente extrativistas e sazonais. Assim, os grupos locais apresentam caracteres contrastantes. Há desde áreas habitadas majoritariamente por tapebanos, como a paisagem rural do Tapeba (lagoa do Tapeba, Cutia, lagoa dos Porcos e Pedreira Sta Terezinha), em que trabalham na palha, na agricultura (como diaristas e arrendatários) e no “negócio com frutas”; até áreas onde a presença deles é residual, como é o caso dos bairros do perímetro urbano da sede do município (Capoeira/bairro Pe. Júlio Maria, Açude, Cigana, Itambé, Grilo, Vila São José, Vila Nova/bairro Sta. Rita), em que predominam o comércio ambulante, os pequenos serviços e o trabalho assalariado. A população chega a 6.439 pessoas(Funasa).

Kariri – Ou Cariri é a designação da principal família de línguas indígenas do sertão do Nordeste e vários grupos locais ou etnias foram ou são referidos como pertencentes ou relacionados a ela. Vários grupos indígenas contemporâneos no Nordeste reivindicam ascendência dos cariris históricos. Entre eles, podemos citar: os kiriri, kaimbé, tumbalalá e pataxó-hã-hã-hãe, da Bahia; os kariri-xokó, karapotó, tingui-botó, aconã, wassu-cocal e xukuru-kariri, de Alagoas; os truká, pankará e atikum, de Pernambuco; e os kariri, do Ceará e Piauí. Atualmente, a comunidade indígena kariri no Ceará somam 116 pessoas.

Kanindé – O nome dos canindés está ligado a seu chefe histórico Canindé, mais importante na tribo dos janduís, que comandou a resistência deste povo no século XVII, o que forçou o rei de Portugal à assinatura de um tratado de paz em 1692, tratado este que foi posteriormente descumprido pelos portugueses. Seus descendentes ficaram desde então conhecidos como canindés em referência ao histórico líder e à ancestralidade. A história dos canindés é marcada desde tempos remotos por uma série de deslocamentos forçados. Entretanto, conseguiram os canindés manter laços de parentesco entre as duas comunidades que compõem o grupo entre o sertão central e a serra de Baturité. Esse povo habita na cidade de Canindé e Aratuba, segundo a FUNASA, somam 713 indígenas.

Anacé – Antiga comunidade “Anacetaba”, habitam os municípios de Caucaia (Matões, Japuara e Santa Rosa) e São Gonçalo. Atualmente o povo Anacé vive um período de incerteza, medo e insegurança, devido a ameaça de desapropriação de suas terras tradicionais, iniciada em 1996 para o processo de construção do Complexo Industrial e Portuário do Pecém(CIPP). Segundo a FUNASA, somam 1.282 indígenas. 

Tupinambá – O termo tupinambá provavelmente significa “o mais antigo” ou “o primeiro”, e se refere tanto a uma grande nação de índios, da qual faziam parte, dentre outros, os tamoios, os temiminós, os tupiniquins, os potiguara, os tabajaras, os caetés, os amoipiras, os tupinás (tupinaê), os aricobés e um grupo também chamado de tupinambá. Habitam na cidade de Novo Oriente e segundo a FUNASA, somam 40 indígenas.

Tubiba-Tapuia – Segundo tradição oral, descendem de índios rebeldes (segundo contam, “tapuias”) que situavam-se entre a beira do riacho Tubiba e o lugar denominado Serrinha, serrote acima da aldeia Pau-Ferro, onde iam buscar água e alimentação. Até hoje, a comunidade retira água pura e cristalina deste riacho. Na serra, existem espécies de locas, pequenas cavernas que trazem vestígios da presença humana no local, através de pinturas rupestres e artefatos arqueológicos, que são encontrados constantemente. Na descida da serra existem círculos de pedras, onde, segundo os mais antigos, possivelmente estão enterradas ossadas, artefatos, ou mesmo são algum tipo de código deixado pelos seus antepassados, quando migraram em fuga do lugar, possivelmente para o Maranhão ou para a Serra-Grande (Ibiapaba). Habitam na cidade de Monsenhor Tabosa e segundo a FUNASA, somam 105 indígenas.

Gavião – É a denominação dada em português a vários grupos indígenas do Brasil. Estes grupos não possuem necessariamente quaisquer relações culturais e linguísticas entre si. O grupo gavião-Boa Vista, atualmente fala o português e vive junto à outros grupos indígenas no complexo étnico da Serra das Matas, no estado do Ceará. Segundo a tradição oral, os mais antigos chegaram a Monsenhor Tabosa  vindos da localidade de Bom Jesus, em Crateús. Cinco irmãos, filhos de Alzira, mulher solteira e parteira, muito conhecida na região, forma o núcleo inicial do povoamento na região. Segundo a FUNAI, somam 190 indígenas.

Paiacú – Também conhecidos como Tapuia, Jaracu, habitavam a região compreendida entre o rio Açu, Chapada do Apodi no Rio Grande do Norte e baixo Jaguaribe no Ceará. Os portugueses tentaram tantos intervenções militares como religiosas para vencê-los. O Forte Real de São Francisco Xavier da Ribeira do Jaguaribe (hoje a cidade de Russas, no Ceará), foi um exemplo de intervenção militar, e que não teve êxito. O agrupamento e aldeamento destes se deu com as missões dos jesuítas. Em 1707 eles foram aldeados e removidos de suas terras de origens com a ajuda dos jesuítas, para a Missão dos Paiacu (hoje Pacajus, no Ceará). Em 1761/1762 foram transferidos e aldeados em Portalegre no Rio Grande do Norte. Com a expulsão dos jesuítas pelo Marquês de Pombal, estes se dispersaram e fugiram para suas terras de origens e em 1765, foram mais uma vez agrupados e aldeados na vila de Monte-o-Novo(hoje Baturité). Atualmente os Paiacús reivindicam suas terras no município de Beberibe.

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A história de Fortaleza se confunde largamente com a história do Ceará, terra de índios dos troncos tupi (tabajaras, parangabas, parnamirins, paupinas, caucaias, potiguaras, paiacus, tapebas) e jê (tremembés, guanacés, jaguaruanas, canindés, genipapos, baturités, icós, chocós, quiripaus, cariris, jucás, quixelôs, inhamuns), os quais, embora dizimados em grande parte, fazem sua cultura estar presente até a atualidade, em hábitos, comida, medicina e arte populares, nomes, vocabulário e etnia.

O DIA DO ÍNDIO É COMEMORADO NO DIA 19 DE ABRIL

Fonte: Povos indígenas no Brasil
Fonte: Wikipédia
Fonte: Ipece

Fundação Nacional do Índio no Ceará (Funai)
Paulo Fernando Barbosa – Chefe
Endereço: Rua Abílio Martins, 805 – Parquelândia – Fortaleza
Fone: (85) 3223. 3788

Jaqueline Aragão Cordeiro

11 Replies to “Povos indígenas sobreviventes”

  1. MARCIANITA MENEZES
    TENHO MUITO ORGULHO DO INDIO ,POIS SE NÃO FOSSEM ESSES GUERREIROS NOSSA HISTÓRIA NÃO TERIA SENTIDO E NÃO SERIA TÃO BONITA PARA SE ESTUDADA E ANALISADA COM MUITO ENTUSIASMO,POIS TENHO ORGULHO DA HISTÓRIA DO MEU CEARÁ E A GRANDE BELEZA DE TUDO É O INDIO!

  2. É com alegria que tomo conhecimento da posse das terras da Lagoa Encantada pela etnia Genipapo Kanindé, morei nessas quando era criança e me orgulho de ter sangue Genipapo Kanindé.

    • É preciso saber o lugar onde ela nasceu e buscar nos documentos históricos, de tribos residiam e onde elas foram aldeadas. Por exemplo sou natural da região da serra de pereiro minha bisavó é índia.A tribo Cariri Cariús residiam nesta serra e boa parte parte deles foram aldeados na Aldeia Miranda ( Atual Crato). Por tanto segundo as informações historiográfica tenho sangue Cariús.

  3. Recentemente conversei um senhor de Tejuçuoca que tem o orgulho de ser remanescente da Etnia Guanacê. O qual vem se esforçando para reunir o seu povo e reiniciara sua luta histórica. E também no meus estudos dos povos indígenas encontrei a etnia de ancestral indígena era da tribo Cariús a maior nação dos kariris, que habitavam entre os rio Cariús e rio Bastiões e também na Serra de Pereiro. E foram aldeados na missão Miranda atual Crato. agora eu e meu irmão sabemos a nossa etnia não somas mais pardos somos índios Cariús.

    • Olá Valdivino Neto! Sou Jacinta Moreira acreana, minha Bisavó Antonia Jorge de Paiva indigena pura desse povo, nasceu em 1831 ela com seus pais sairam do ceara para cortar seringa na ilha de marajó depois em 1904 foram para o Acre ela contava historia desse povo é que todos da sua família veio desse povo Cariús. hoje são muitos cariús espalhados no Acre.Aqui eles confundem o termo Cariu com indio cariús hoje lutamos na justiça para dizer que essa etnia existe minha família paterno eram dessa etnia. Gostaria de muito de saber se ainda existe, ele contava que foram levadis para viver em aldeias a vida não era facil e fugiram. mais todos o resta da familia ficou para trás e nunca mais poderam voltar ao Ceara. saõ mais 15 anos tentando desfasse a confusão.

  4. estou em busca de um pouco da historia de descendência de minha família.
    Sou filha de José Antonio de Norões, nascido em São Paulo, filhos de Jose Tavares de Norões nascido em 23/11/1923 em Cuncas – Ceará, por sua vez,filho de Amancio Tavares Martins e Josefina M de Norões e Ivonete Ramos de Norões nascida em Nasc 18/11/1931 em Pesqueira-Pernambuco, por sua vez, filha de ANTONIO RAMOS que foi criado por índios e Maria da Silva, filha de escravos.
    Se puderem de alguma forma me ajudarem, fico muito grata.

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