Relatos da seca – Prof. Manoel Ximenes de Aragão

SÃO JOSÉ DO MOCÓS/SANTA QUITÉRIA-CE. – ARQUIVO PESSOAL
Depois da terrível seca de 1825, 1826 e 1827 que quase assolou o Ceará, em 1828 o inverno foi abundante, mas infelizmente, o povo desnutrido não tinha forças para o trabalho nas roças, além da falta de sementes para plantar, pois tudo que havia foi usado como alimento. Mesmo assim, houve abundancia de legumes, além de uma imensidade de preás e mel de abelha, que saciava a fome do povo. Não era raro se ver, em poucas horas, um homem matar centenas de preás e tirar tanto mel que não podia carregar.
Essa fartura considerada um milagre, durou mais de um ano, depois disso, desapareceu a abundancia dessas coisas, havendo daí por diante, a quantidade costumeira dos outros anos.
Em 1825, durante o flagelo, via-se mel nas folhas dos juazeiros e das pitombeiras, essas folhas, após lavadas com água e essa água sendo levada ao fogo e apurada, transformava-se num excelente mel. Conta-se ainda, que estendendo-se lençóis debaixo das ditas árvores nas quais podia se ver o mel, sacudindo-se seus ramos, caia sobre o lençol, açúcar apurado.
O autor reconhece não haver presenciado tal maravilha, mas presenciou, que ao caminhar por entre os ramos de pitombeira, ficava a roupa que encostava nas folhas, suja de mel.
Fonte: Memórias do Professor Manoel Ximenes de Aragão

2 Replies to “Relatos da seca – Prof. Manoel Ximenes de Aragão”

  1. Meu pai, é dos Ximenes de Aragão, meu avó era de Sobral e foi pra Amazonas no tempo da seca que fez muitos nordestinos fugirem. Eu gostaria de saber mais mas não sei onde procurar, poderia mim dar uma dica como descobrir mais sobre meus parentes.

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