Mestra Maria Cândido

Foto: reciclarcompapiermache.blogspot.com

Nome: Maria de Lourdes Cândido Monteiro (Mestra Maria Cândido)
Data de nascimento: 11/02/1939
Atividade: Artesanato em barro
Cidade: Juazeiro do Norte (CE)
Ano da nomeação: 2004

É uma das maiores artesãs do Brasil e aclamada por desenvolver peças de barro com os mais variados temas, como sagrado, profano, festas populares e histórias de aventura. Suas obras já percorreram a Alemanha, a França, a Holanda e os Estados Unidos.

Maria de Lourdes Cândido Monteiro, natural de Juazeiro do Norte, foi titulada mestre da cultura em 2004 em reconhecimento a seu trabalho artístico com o barro cozido. É casada com João Cândido e com ele teve onze filhos. A família inteira, incluindo noras e genros, aprendeu a molhar as mãos e modelar. As peças com a marca ‘Cândido’ são reconhecidas em circuitos artísticos e culturais. Maria tem 80 anos e quer trabalhar até o fim de seus dias.

O ano era 1968, Maria de Lourdes e o marido João trabalhavam em um sitio, a vida era difícil e a sorte é que o patrão doava dois litros de leite por dia para alimentar as crianças, Maria rogava a Deus que lhe mostrasse uma forma de ajudar o marido a conseguir vestir, alimentar e educar as quatro crianças que já tinham e a que estava para nascer.

Em uma das idas ao comércio da cidade, passando por um armazém, as meninas se encantaram com um conjunto de panelas de barro, mas a mãe não tinha condições financeiras para comprar. Moravam perto de um barreiro onde o gado bebia água, então, teve a ideia de pegar barro daquele local, e como havia visto as coisinhas feitas no armazém, decidiu criar, e assim, fez os brinquedinhos para os filhos: panelinha, pote, pratinhos, cadeira, fogão. Fez várias coisinhas para eles brincarem pois assim tinha mais liberdade para cuidar da roça e da luta de casa.

As crianças gostaram, o marido gostou e o povo das redondezas também aprovou as artes. Maria saiu de comércio em comércio oferecendo os pequenos objetos. Vendeu uma dúzia para um, meia dúzia para outro e voltou para o sítio saltitando de alegria. Em 1970, dois anos após a primeira vez que sujou as mãos no barro, Maria já tinha encomendas de toda a Região do Cariri.

Suas peças ficaram conhecidas pela qualidade e esmero. Para ficar mais perto dos comerciantes e dos atravessadores de artesanato, a família saiu do sítio. João Cândido, o marido, não trabalharia mais com o gado. Transformou-se em braço direito e apoiador da esposa. Eram dele as funções de comprar o barro, bater com pedaços de madeira até conseguir a consistência correta, ajudar nas negociações, no manejo e no transporte.

Pensando em complementar a renda familiar, Maria criou uma dinastia a partir do barro. Para conseguir uma peça com a marca ‘Cândido’ é preciso fazer encomenda. Há um forno para assar até trinta peças e um moedor para o barro, que não é mais batido a pauladas, mas processado. Além das filhas, o conhecimento foi repassado a noras, genros, netos e netas.

Fonte: Jornal O Povo / Anuário do Ceará
Jaqueline Aragão Cordeiro

COISA DE CEARENSE

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