Segundo fontes documentais dos anos de 1762 e 1817, eram obtidos dois tipos de bebidas destilada: uma provinha do caldo de cana fermentado e se chama aguardente de cana; a outra era obtida a partir do que restava nas caldeiras dos engenhos e se chamava aguardente de mel ou cachaça.
Auguste de Saint-Hilaire, em viagens pelas províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais, registrou o gosto geral pela aguardente, incluindo brancos, mulheres, índios e negros. É evidente em seus registros, o vício dos dois últimos pela bebida.
Diante da predileção popular pela bebida, os engenhos passaram a produzi-la mais que o açúcar, diante disso, em 13 de setembro de 1649, uma carta real proibiu a fabricação da bebida, que passou a ser produzida na clandestinidade, até a revogação da lei em 1661. Em 1756 foram criados os impostos sobre a bebida. Em 1808, a cachaça já era considerada um dos principais produtos da economia do Brasil. No século XIX, houve um período marcado por sérios problemas sociais e intensificou-se a discriminação com relação a cachaça.
A cachaça é a bebida destilada mais consumida no Brasil, pura ou misturada com frutas, tal como a caipirinha, como é preferida no exterior.
Estima-se que existem atualmente no Brasil mais de um milhão e meio de trabalhadores ao redor da bebida, cerca de 40 mil produtores e cinco mil marcas diferentes no mercado. A cachaça é hoje, objeto de pesquisa científica, inovação tecnológica e faz parte de programas de exportação do Governo Federal. Trata-se de um patrimônio cultural do povo brasileiro.
A CACHAÇA NO CEARÁ
O Grupo Ypioca, em Maranguape, está em funcionamento desde 1846, é a marca mais antiga ainda em funcionamento no Brasil. Em 1968, a ypioca foi a primeira empresa a exportar cachaça para a Alemanha. O “Museu da cachaça”, dentro do complexo ypark, de propriedade do grupo, tem o maior tonel do mundo, e entrou para o Guiness. Em 2012, depois de quatro gerações na família, a ypioca foi comprada pelo grupo britânico Diageo, produtor do wisky Johnnie Walker e da vodka Smirnoff.
O Grupo Colonial, em Aquiraz, iniciou sua história de sucesso em 1923, graças ao pioneirismo de Tibúrcio Targino. A cachaça colonial é exportada para mais de 60 países. O “Museu Colonial”, dentro do “Parque Engenhoca”, de propriedade do grupo, expõe todo o maquinário utilizado na fabricação da cachaça desde sua fundação.
CURIOSIDADES
– Após cozido, o caldo de cana transformava-se em um melado, quando esse caldo passava do ponto e ficava muito grosso, chamava-se “cagaça”, era inutilizado e servido junto com as sobras de cana para os animais. Acredita-se que o nome “cachaça” é uma alusão de “cagaça”.
– Quando a cagaça fermentava, produzia um líquido de alto teor alcoólico, assim, nascia no coxo dos animais, a cachaça.
– Outra hipótese conta que os escravos misturaram um melaço velho e fermentado com o melaço novo, essa mistura fez com que o álcool presente no melaço velho evaporasse e formasse gotículas no teto do engenho. Na medida que pingavam em suas cabeças e escorriam até a boca, os escravos experimentavam a bebida e deram o nome de “pinga”.
– Nessa mesma situação, as gotas que caiam do teto nas costas dos escravos, feridas por causa dos castigos físicos que sofriam, causava ardor, daí deram o nome de “aguardente”
– Inicialmente a cachaça era um vinho de cana, consumido somente pelos escravos e nativos.
Fonte: QNEsc / IPECE / Site oficial da Colonial e Ypioca / Brasilescola.com / Wikipédia
Fotos: Arquivo pessoal
Jaqueline Aragão Cordeiro