A barragem do Açude Mundaú está localizada no município de Uruburetama, distante 108 km da capital, Fortaleza.
Os estudos básicos para a implantação da barragem se iniciaram no segundo semestre do ano de 1953, quando uma equipe de topografia do Primeiro Distrito foi designada para pesquisar, ao longo do rio Mundaú, um local apropriado para a construção de uma barragem. Foram examinados 15 locais, desenvolvendo-se para cada um, levantamento topográfico do boqueirão e reconhecimento da bacia hidráulica. O boqueirão a ser selecionado deveria preencher não só os requisitos físicos mas, e principalmente, a preservação da bacia de irrigação, que se expande logo a jusante da cidade de Uruburetama. Observou-se, ainda, o traçado das rodovias e ferrovias então existentes, para que nenhum leito de estrada fosse inundado.
O rio Mundaú nasce na parte meridional da serra de Uruburetama, tem um curso de 160 km e desemboca no oceano, formando um pequeno estuário (braço de mar que se forma pela desembocadura de um rio). Descendo a serra, percorre um trecho de forte inclinação, quase sempre encachoeirado e com encostas próximas, onde existem bons boqueirões, porém, com bacias de acumulação bem reduzidas. É considerado perene até a altura da cidade de Uruburetama e, a partir daí, começa a área irrigável, ampla, de terras planas e férteis, onde é predominante a produção de banana.
O local que melhor se apresentou para construção da barragem, que não inundaria a área de aluvião, foi o boqueirão Cachoeira, 2 km da sede do município, o que permitiu, além do aproveitamento em irrigação, o abastecimento d’água da cidade.
Selecionado o sítio, foram iniciados o levantamento topográfico da bacia hidráulica e as pesquisas de materiais para construção. Foram colhidas amostras do solo para exame de laboratório, realizado pelo Instituto Tecnológico do Estado do Rio Grande do Sul.
O Projeto Executivo foi iniciado pelo DNOCS em 1963, através da Divisão de Estudos e Projetos (DEP) de Recife. A bacia hidrográfica no local da barragem é de 36,25 km². O lago formado cobre uma área de 125 ha, acumulando um volume de 21.308.000m³ d’água e regularizando uma vazão de 0,96 m³.
A licitação para a implantação das obras do Açude Mundaú ocorreu no final do ano de 1984, sendo vencedora a firma EMPA S.A. Serviços de Engenharia. Porém, os trabalhos não puderam ser iniciados devido a problemas relacionados à desapropriação das terras na área da barragem.
Nesse ínterim, por determinação da Diretoria Geral do DNOCS, o projeto foi enviado para a Sala Técnica da Diretoria de Estudos e Projetos (DIPRO), que fora recentemente criada, para fins de análise. A partir desta análise, verificou-se o subdimensionamento da drenagem interna do maciço e do diâmetro da tomada d’água, a necessidade de deslocamento do vertedouro para evitar erosões no talude de jusante e de revisão nos cálculos de estabilidade do maciço. Providências neste sentido foram então tomadas, com base nos estudos topográficos e geotécnicos fornecidos pela 2ª Diretoria Regional, em Fortaleza.
Nessa época, a EMPA transferiu para a Construtora Queiroz Galvão S.A. a responsabilidade de implantação das obras, através de um termo de cessão, com a aquiescência do DNOCS. Numa primeira visita ao local das obras, realizada por técnicos do Departamento, foi levantada a hipótese de mudança do eixo de projeto, a fim de se reduzir o volume do aterro compactado. No projeto original a barragem se desenvolvia num eixo curvo e, depois de avaliada a nova hipótese com eixo reto, constatou-se que a mesma apresentava uma significativa redução no volume do maciço. Após apreciações de implicações de ordem técnica, que adviriam com a mudança de eixo, decidiu-se pela adoção do eixo reto.
Finalmente, em novembro de 1986, deu-se o início das obras, que prosseguiram sem quaisquer anomalias até sua conclusão, em março de 1988.
Fonte: DNOCS
Jaqueline Aragão Cordeiro